Cálido o Fauno

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Lúcia acordou disposta naquele dia, era o último dia da viagem pelo vale

Não descansaram o almoço e continuaram a viagem em seguida, todos queriam chegar a Elcandor antes de ficar escuro para encontrarem um bom abrigo.

O vento castigava e a floresta continuava a mesma sem nenhum atrativo, sempre úmida e fria. Lúcia usava a capa e se protegia do vento enquanto andava, o grupo andava na maior parte do tempo em silêncio e o sol não ajudava a aquecer.

Quando o sol começou a se por, a floresta começou a ceder lugar à beleza, já não era tão escura e já começavam a aparecer algumas cores, gramas começavam a substituir algumas árvores, algumas flores silvestres já davam o ar de sua graça.

Aos poucos a floresta tinha virado um bosque e em seguida um grande campo gramado com pequenas manchas de arvores baixas.

Logo a frente um enorme campo de milho os saudava alegremente dançando com uma brisa mais forte.

Já não ventava tão forte e um caminho cortava a plantação, quando entraram pelo campo de milho Lúcia viu espigas enormes e muito atrativas pensou em colher algumas, mas não quis arriscar, se tinha ali uma roça tão bem cuidada era sinal que o dono morava perto, não queria atiçar a raiva dele surrupiando algumas espigas.

Se sentia vigiada, mas não sabia se era só sensação. Luthiron se aproximou e disse baixo:

— Não se assuste, é pacifico e não nos fará mal.

— O que são Luthiron?

— Faunos, ele gostam de fazer amizades, mas primeiro eles tem que ter certeza que estão em segurança.

— E se eles se sentirem ameaçados?

— Eles se protegem da maneira como sabem fazer, se escondendo.

Lúcia ficou desapontada, Luthiron percebendo o tipo de Lúcia foi logo dizendo:
— Não os considere medrosos nem fracos, mas sim pacíficos alguns raros ainda optam pela aventura, mas no geral eles são calmos e tranquilos se dedicando a agricultura somente.

Lúcia assentiu curiosa, olhando atenta por entre os pés de milho procurando ver algum movimento. Caminharam por meia hora aguardando em silêncio os faunos se manifestar nenhum deles deu sinal de existência e Jiron resolveu que estava na hora de pararem ali, tinham que descansar com ou sem a permissão dos Faunos.

— Se não querem conversa com nós pelo menos não nos atacarão. — Jahil dizia com certo desprezo como se fossem covardes.

Apesar de não gostar do tom de Jahil, ela não disse nada, pois no fundo Lúcia sentia o mesmo, Ádino fez uma fogueira e Linade trouxe várias espigas de milho olhando para Lúcia divertida.

— Não é um roubo propriamente escandaloso, peguei o necessário só para o nosso alimento.

Lúcia assentiu sorrindo e Ádino fez o mesmo, Balmac não saiu naquela noite e Jiron fez às vezes de um caçador trazendo apenas dois coelhos, que todos sabiam que seria apenas de um do grupo.

Mesmo as espigas estando saborosas, todos foram deitar com a sensação de falta no estômago.

Lúcia estava deitada observando Ádino assar os coelhos, o cheiro invadia suas narinas e era saboroso, ela estava feliz por saber que Luthiron teriam uma boa alimentação, afinal era mais que justo porque ele se alimentava só de vez em quando.

Ela se lembrou das palavras de Caluto.

"Você foi muito corajosa ao ajudar Luthiron, Você gosta muito dele. Sabia que ele tem dezenove anos, sua maioridade se fez há um ano".

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora