Conselhos de Avó

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Ola pessoal, mais um pouquinho das crônicas para vocês, espero que gostem, vamos lá? Ótima leitura :D

Nunca pôde dizer que era bonita, tinha olhos verdes escuros, era magra e de estatura média, cabelos castanho bem claro, eram longos e ondulados. Ou pelo menos ficavam assim quando era sua vó que os lavava.

Tinha sua avó. A única figura feminina que conhecia. Alta, cabelos grisalhos, lisos e sempre presos num coque, olhos tão negros como a noite sem lua e só ficavam castanhos esverdeados quando ela parecia uma felina vendo o que os outros não conseguiam ver. Não era uma comparação muito eficaz. Ainda assim aquele passarinho sem graça não tinha o direito de falar assim com ela.

Voltou cabisbaixa e sentou novamente, o clima tenso dominava a cozinha, quem quebrou a tensão foi quem Lúcia menos imaginava.

— Acho que estão fugindo do que realmente interessa.

O cavalo Luthiron falou com uma voz grave e limpa, ficou um pouco decepcionada, seria mais um para falar bobagens, ao menos esse devia ter se salvado pensou Lúcia. Ele continuou falando calmo.

— Não acham que está na hora de entenderem que a beleza ou feiura dela não é o que importa nesse momento. O que realmente interessa é deixá-la a par de todos os perigos para chegar a Heleno, e também precisamos saber se ela aguentará chegar lá e se está disposta a cumprir a missão dada a ela, se não for assim porque perderemos tempo com ela?

Lúcia o achou tão soberbo que poderia ter dito que não iria cumprir missão alguma, que não precisava que perdessem os seus preciosos tempo com ela, estava muito bem antes de eles aparecerem e continuaria assim depois que fossem embora.

Que saíssem logo de sua casa e fossem lutar contra esses tais de inimigos sozinhos e que fossem logo. Mas estava com tanta raiva deles naquele momento que para mostrar uma coragem que não tinha falou sem ao menos pensar em suas próprias palavras.

— Se pensa senhor Luthiron que tenho medo está enganado, se precisar vou a Heleno e cumpro a tal missão com ou sem a ajuda de vocês.

A situação ficou ainda pior, alguns tossiam para disfarçar, outros baixaram a cabeça.

Luthiron não riu nem esboçou qualquer reação, apenas a olhava com curiosidade. Possuía alhos azuis muito claros quase leitosos de longe e ela não conseguiu decifrar nada do que ele podia estar pensando.

Com o rumo das coisas Lúcia sentiu uma imensa tristeza a dominar, na verdade não era por rebeldia que falou aquilo. Sentia mais verdade do que mentira

A mentira era que tinha essa coragem toda, na verdade estava apavorada e mostrar coragem foi rebeldia e um meio de se defender daquela pressão. Apesar de nem saber onde ficava Heleno sentia que precisava ir conhecer seu verdadeiro lugar. Ansiava por ver mudanças já que desde que se lembrava nada acontecia de importante para mudar sua rotina... Pronto! Estava decidida iria de qualquer maneira, só de pensar em conhecer outros lugares sentia um frio no estômago de excitação. Olhou para sua avó pedindo socorro, ela entendendo o recado levantou olhando para todos.

— Bem... Essa conversa durou muito tempo, se ela diz que vai não tem por que duvidarem disso. Estamos todos cansados e creio que vocês estão famintos, irei preparar o jantar e tratem de arrumar o que fazer até ficar pronto. Depois chamarei a todos.

Balmac foi o primeiro a levantar e se dirigir a porta, antes de sair perguntou. — O que teremos para o jantar Linade?

— Sopa de legumes e ovos cozidos.

Com cara de nojo ele nem fez questão de esconder sua decepção. — Se amanhã eu trouxer algo, você prepara?

— Claro que sim, mas terá que se contentar com isso hoje.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora