Ataque eminente.

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Linade tocou seu ombro. — Seu pai a amou muito.

Lúcia enxugou o rosto com a manga. — Então ele sabia que eu era menina? Pelas roupas do baú imaginei...

Dessa vez foi Chilsto que sentou ao seu lado e a abraçou. — Não minha querida, ele passou pouco tempo a seu lado, mas teve tempo de a presentar com um nome. Também arrumou este baú momentos antes de partirmos, então tudo o que está ai foi especialmente preparado para você.

Jiron que estava calado emendou. — Tudo foi organizado de acordo com as ordens do oráculo, você terá de se vestir assim por vários motivos. O primeiro é se proteger na floresta, vestidos não seriam apropriados e segundo é o disfarce.

Antes de morrer seu pai gritou com todas as forças que a escravidão duraria dezessete anos solidamente.

Foi mais ou menos isso que ele disse, ou seja, depois disso o futuro do espectro é incerto e ele não vai querer arriscar. Então por agora os espiões não procuram uma menina elfa viajando, mas sim um esconderijo com uma menina elfa. E as ordens são severas, matá-la sem perguntar, essa é a única informação dele, o nascimento de uma menina.

Lúcia balançou a cabeça sem entender. — Mas então será daqui a dois anos ainda, pois agora completo quatorze.

Jiron respondeu tranquilo. — Agora será a sua apresentação ao oráculo, quando chegarmos você receberá sua missão e depois que ela for completada aí sim a escravidão começará a acabar ou será acabada, isso nem nós sabemos como será.

Agora compreendia que não seria tão fácil, mesmo se conseguissem chegar ao tal oráculo ela não estaria segura, ao contrário, ai sim é que ela estaria correndo mais perigos ainda, uma duvida ainda lhe afligia.

— Eu sei o que está pensando. — Linade a olhou como se adivinhasse seu medo. — Existem vários tipos de criaturas espalhados pela floresta, elfos são um deles e acreditamos que nenhum deles tenha escapado.

Alguns comentam que só foram escravizados os que estavam em batalha, soldados, guerreiros e todos que a visão do espectro alcançou, outros dizem que até os que estavam mais distantes foram atingidos pela maldição quando seu povo caiu. Não sabemos se é verdade, o que sabemos de certeza é que a nova condição desfez o equilíbrio e muitos perderam a maioria de seus poderes e alguns todos eles.

Desde então todas as raças passaram a servidão, os aliados do espectro chamados por todos de seguidores, recolhem quase tudo que as raças produzem para alimentar a grande quantidade de soldados, espiões e outras infinidades de aliados dele.

— E ele não come?

— Ele quem?

— Esse tal de espectro.

— Acreditamos que ele se alimenta, mas não como nós, seu alimento é a tristeza, dor, ódio, revolta, enfim... Isso você saberá no momento certo, quanto mais poderoso ele se torna e mais aumenta seus domínios, mais forte e saciado ele fica.

Lúcia não podia admitir que tanto esforço para protegê-la fossem em vão. Até desse tal oráculo e mesmo sua mãe que havia morrido para lhe dar vida, não! Esse esforço todo não seria em vão, ela sentia algo dentro dela lhe dizendo para começar a agir gora mesmo.

— Quero vestir essas roupas.

— Mas não é para agora Lúcia, irá vestir no dia que formos partir.

Lúcia balançou a cabeça determinada. — Tenho que começar a me acostumar, qualquer coisa que eu vá me habituando agora ajudará quando partimos e dentro do baú tem mais duas camisas e duas calças então terei trocas.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora