A velha mina (parte 2)

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Lúcia acordou suando e respirando fundo, logo Luthiron que ainda estava acordado estava ao seu lado, ela não o via, mas pela sua respiração sentia sua preocupação.

Linade apareceu com uma tocha e ela viu que Luthiron não estava sozinho, Jahil estava ao seu lado.

— O que houve Lúcia? Você estava falando coisas estranhas sobre tentar saber e logo começou a se debater.

— Não posso falar agora Linade preciso que todos estejamos reunidos, acho que é importante.

Jahil saiu dizendo que ia acordar a todos, pois estavam em corredores mais distantes e já voltava.

Luthiron olhava fixo e preocupado. — É a primeira vez que vejo você se bater tanto quando sonha Lúcia.

— Pela primeira vez Luthiron eu sabia o que estava fazendo, sabia que era uma visão e precisava ter atenção aos detalhes, mas lá eu não falei nada apenas ouvi a conversa.

— Não havia necessidade de você falar lá, mas aqui você falou varias vezes e se debateu bastante. — Disse Linade. — Realmente é primeira vez que vemos isso, mas acho que esse sonho foi diferente dos outros realmente, se você diz que pela primeira vez sabia que era uma visão, talvez seu inconsciente a dissesse para ficar quieta, mas as informações mexeram com você a deixando inquieta.

Lúcia ficou pensativa, ainda não entendia o porquê de se mexer, mas sabia que tinha feito o mesmo no lago quando sonhou com seu avô, porque Luthiron estava com o mesmo ar preocupado de agora.

Agora que via todos acordados e alertas começou a se sentir idiota por acordar a todos, não queria que fosse menos importante do que parecia e depois todos saírem reclamando do exagero.

Luthiron ficou quieto ao seu lado, sempre que ela sonhava, ele ficava ansioso e preocupado ela já havia reparado nisso. Demonstrou isso no lago e agora também.

Lúcia ouviu os passos de Jahil e dos outros que vinham apressados, Balmac foi o primeiro a chegar, preocupado e olhando atento em sua direção enquanto achava um lugar para poder ouvir.

O pequeno corredor da mina ficou apertado depois que todos se espremeram para poder ouvir.

Ádino estava sentado, não poderia ficar abaixado escutando, afinal era o que mais sofria naqueles corredores estreitos e baixos.

Caluto estava no cimo da cabeça de Ádino, Jiron estava na garoupa de Jahil encolhido. Balmac deitado embaixo de Jahil e Linade sentada embaixo de Luthiron.

Se não fosse pela urgência do sonho, seria cômico ver todos amontoados ali pensava Lúcia. Balmac quebrou o silêncio falando com ansiedade mal contida. — O que foi Lúcia, com o que sonhou?
Lúcia olhou para Balmac, mesmo com a pouca luz queria olhar para ele, pois era mais do interesse dele o que tinha para contar, não queria se arriscar e quis se certificar primeiro.

— Balmac já ouviu esses nomes Zepron e Kandra?
Ele ficou surpreso, respondeu falando rápido e aos tropeços.

— Kandra é líder de meu povo e Zepron seu companheiro, foi com esses nomes que você sonhou? Em que lugar ouviu esses nomes? Estão sendo caçados? Ou estão em minha terra?

— Fique calmo Balmac, vou te contar desde o inicio. Me deixe contar tudo o que vi para depois falar, senão posso esquecer algo que pode ser importante.

Balmac anuiu e Lúcia contou tudo em detalhes, tudo o que lembrava e por vezes acrescentava alguma coisa que ia lembrando.

Quando terminou

e mesmo tentando disfarçar Lúcia via esperança nos olhos de Balmac. Um olhar sonhador deixando todos compadecidos com sua euforia e preocupação.

Jiron ainda que tivesse atento ao seu amigo, sempre pensava no grupo e seus deveres. — Com todo respeito ao Balmac por ser seu povo, mas não podemos nos distrair ao nosso objetivo, vamos torcer para que eles realmente façam o que pretendem e obtenham sucesso sendo uma força maior contra o espectro.

Balmac começou a falar sonhador. — Poderão nos ajudar mesmo sem saber dando a esse miserável muito trabalho e distraindo ele, e assim dando a nós mais chances de conseguir cumprir nossa primeira missão.

— Agora nos resta ficar esperando. — dizia Linade tão emocionada quanto Balmac.

— Tomara que vejamos isso acontecer. — dizia Caluto até então quieta e pensando sobre o sonho de Lúcia. — Se eles realmente nos deixaram seguir sem nos atacar, já pode ser um sinal de que estavam balançados sobre desistir de seguir o espectro, mas se ainda assim não foi aqui, poderemos ficar na torcida.

— Seria bom termos ajuda em Niedra. — dizia Jahil.

Lúcia falou ainda pensativa e com muitas coisas na cabeça. — Exatamente, Jahil, nos segurar por três dias para conseguirmos vai ser muito difícil e toda ajuda é bem vinda.

Luthiron não foi discreto dessa vez, sempre deixava para depois para fazer perguntas aos comentários estranhos de Lúcia, mas não se conteve.

— O que quer dizer com três dias? Já sabe o que terá que fazer?

Lúcia nem tinha se dado conta que sabia disso, imaginava o que tinha que fazer, sabia aonde ir o que procurar quando chegasse a hora, não fazia a menor ideia do que encontrar ou mesmo o que teria que fazer depois disso. Esses fragmentos de informação que apareciam a deixava com raiva.

O oráculo havia dito que ela saberia o que fazer na hora certo, mas tudo seria mais fácil se ela pudesse saber e se preparar para isso.

— Não sei Luthiron parece que acabei de saber isso, é tão estranho quando isso acontece.

Jahil não escondia sua decepção e preocupação. — Três dias para fazer o que precisa? Isso deixa as coisas mais complicadas, acho que teremos que pensar em uma saída, seria suicídio, somente nosso grupo não iria conseguir segurar os inimigos por três dias.

— Não vamos pensar nisso por hora. — disse Linade. — Confiem no oráculo que até agora deu tudo certo o que ela disse. As coisas vão acontecer conforme a sua hora.

Vamos conseguir fazer o que quer que for. Tenho certeza que ela não nos mandaria para um local se não tivéssemos uma chance que fosse. Muita coisa está em risco, agora vamos dormir que pensar em todo esse tempo que nos resta ainda nessa mina me deixa nervosa e quero sair logo daqui.

Todos concordaram, pois não era apenas ela que ficava nervosa de ter que ficar quase dois dias naqueles corredores estreitos, úmidos e baixos.

E para Ádino era ainda pior, andar quase dois dias abaixado ainda lhe faziam as costas doerem por antecipação.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora