E o sonho acontece!

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Quando acordou estava com olheiras enormes, mas se sentia um pouco descansada, apesar de tudo.

A conversa com Luthiron tinha tirado um peso de seu coração, quando se preparava para partir ela já se sentia muito mais disposta, e as olheiras haviam diminuído um pouco.

Linade havia aconselhado Lúcia a vestir tudo que pudesse para se aquecer, e ela obedeceu de pronto colocando as duas calças, as três camisas, luva, capa e a bota de cano longo, por causa do sonho que teve, tinha decidido usar os dois punhas.

Linade percebeu que ela estava armada. — Só vi você usando os punhais no campo vermelho, algum motivo especial para estar usando ele hoje?

Lúcia respondeu rapidamente. — Melhor usá-los do que carregá-los na bolsa. Assim fica mais fácil, quase nem os percebo.

Saiu das vistas de Linade indo ajudar Ádino a terminar de guardar aos mantimentos dividindo em igual à carga para todos.

Ela percebeu que não pegou sua desculpa, Linade pareceu desconfiada, seu olhar estava gateado e não era um bom sinal, contudo nem Lúcia entendia o motivo de não ter contando sobre seu sonho a ela ou aos outros.

No fundo ela sabia o motivo, se contasse todos a colocaria no meio de um circulo e fariam de tudo para protegê-la.

Isso atrasaria a chegada a Heleno e ela não queria ser o motivo de mais um atraso, na verdade estava cansada de ser tratada igual criança.

Apesar do corpo ainda franzino e ela ainda ter medo de tudo quanto fosse perigo que imaginava que passaria.

Algo estava mudando dentro dela, ela sentia que estava amadurecendo com essa experiência, apesar de não saber lidar ainda com tudo, não queria ser mais ser pajeada, a única coisa que precisava era ter mais cautela e ficar muito mais alerta.

Na parte da manhã o tempo estava aberto e limpo, mesmo tendo muita neve conseguiram progredir bastante. Pararam para comer e quando retomaram a viagem Lúcia percebeu que o tempo estava se fechando rapidamente e sentiu um calafrio ao lembrar de seu sonho, nele estava nevando muito.

Segurou firme o cabo do seu punhal na cintura e começou a ter atenção aos lados, mas assim que percebeu que Linade a observava com o canto dos olhos retirou a mão rapidamente.

Tentou ser natural e disfarçar seu desconforto, mas Linade já a fitava com mais desconfiança e seus olhos continuavam gateados, baixou a cabeça e continuou andando, praguejando baixo.

A neve agora caía em abundância e o vento estava mais forte castigando os rostos pouco protegidos.

Linade deu passagem a Lúcia e ficou para trás para conversar com Balmac.

Alguns flocos de neve começaram a cair a fazendo esquecer de disfarçar seu receio, sentia um perigo tão potente se aproximando que não parava de olhar para os lados.

Logo Linade estava atrás dela e segurando seu braço fez Lúcia parar e a olhou nos olhos com firmeza, Balmac que vinha atrás, parou e também ficou esperando, e os que iam à frente ficaram no lugar vendo as duas conversarem e percebendo que algo estava errado.

— Se tem alguma coisa para dizer diga. Se acha estamos correndo algum perigo ou você, quero que fale agora.

Não tinha mais saída decidiu falar de uma vez o que a estava deixando apreensiva. — Acho que vamos ser atacados, ontem sonhei e...

Não pôde terminar, um uivo forte a fez ficar dura no lugar olhando assustada para Linade, apesar dela não ter tido tempo de contar, o grupo não parecia tão surpreso.

Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1Onde histórias criam vida. Descubra agora