Paisagens estranhas e nuvens passavam rapidamente como flashes. Via montanhas imensas e majestosas. Estava atordoada com a velocidade das imagens e a velocidade com que mudavam, mais nuvens passavam tão rápido que ficavam desfocados.
Logo depois de um tempo já podia ver nitidamente uma imensa floresta com árvores altas e robustas.
Era uma floresta antiga e parecia impenetrável de tão intensa as copas. Sentiu seu corpo declinar na direção daquelas copas, não sentia medo nem tinha pressa, apenas se deixava levar pelo sonho.
Ao entrar na floresta a primeira coisa que viu foi um pequeno vilarejo que jamais poderia ver do alto, estava bem protegido.
Ao chegar ao chão ela se assustou, pois sentia o solo sob seus pés. Não era sonho, não era igual quando foi a Niedra, dessa vez estava ali em sua forma carnal.
Experimentou dar alguns passos e pôde escutar o barulho leve da pisada, deu um beliscão no braço, se sentia idiota ao fazer isso, mas a dor que sentiu lhe deu a certeza que estava ali realmente. Poderia se machucar e falar com certeza, mas com quem? Estava sozinha.
O vilarejo era bonito e com poucas casas de estilo estranho, o que deixou Lúcia ainda mais curiosa, nunca havia visto casas assim em sua viagem até Heleno.
Todas elas eram muito altas, construídas em cima de rochas gigantescas, nenhuma delas tinha janela. Nas rochas haviam escadas entalhadas diretamente na pedra que subiam até única porta. Todas tinham o mesmo padrão.
Havia muitas rochas espalhadas por todo lugar duelando com as grandes árvores por espaço, realmente era uma paisagem muito diferente para ela.
Uma porta de uma das casas se abriu e Lúcia deu um pulo, estava muito silencioso e ela não havia escutado nenhum barulho de passos ou algo que indicasse que era um vilarejo habitado.
Um rosto conhecido apareceu, o oraculo também estava ali, mas Lúcia estranhou sua nova forma.
Era agora uma humana que descia as escadas, seus cabelos ainda que muito compridos chegavam à curva da perna o que já pareciam muito curtos em vista do comprimento que tinha no lago.
Lúcia comparou a diferença. A dama do lago com toda aquela aparência ameaçadora e agora em forma humana era um ser muito belo e estranhamente delicado.
Usava um vestido longo de tom azul claro, sem nenhum adorno muito simples, bonito e leve.
Ela se aproximou caminhando com leveza.
Lúcia sorriu. — Olá senhora, sabe usar pernas muito bem e fica muito bonita nessa forma.
Um sorriso sincero e bondoso saiu de seus lábios. — Obrigado, deve estar com muitas perguntas, mas vou me adiantar as suas perguntas.
Sente-se comigo, vou te contar um resumo da minha história. — Ela segurou a mão de Lúcia e sentaram na relva, olhou a volta e abriu os braços. — Aqui é o meu vilarejo, a minha terra ainda intocada pelo espectro, a magia desse lugar é muito mais forte que a dele.
Apesar disso fiquei aprisionada naquele corpo, não fizeram meu povo de escravo porque não há ninguém da minha raça em Terras de Heleno, apenas eu restei e sobrevivi por pouco.
Fui transformada em uma criatura praticamente sem forma definida, tendo muitas misturas de seres que brigam dentro de mim para dominar meu corpo, nessa forma fiquei por um longo tempo, tendo apenas o lago como morada e sondando todas as criaturas que chegavam perto.
Com o tempo minha magia começou a se rebelar contra a prisão, ainda assim não foi forte o suficiente para me libertar de todo, mas consegui mudar minha forma, digamos que consegui recuperar a metade de meu corpo.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Crônicas Helenísticas- Niedra Livro 1
FantasiEla não imaginava que viajaria pelas terras de Heleno acompanhada de tantas criaturas, ela não imaginava que muitos povos dependiam dela, muito menos sabia que teria missões a cumprir e que a cada missão concluída com sucesso, um povo seria libertad...