ONZE

73 13 8
                                        

- Bom Sofia, parece que finalmente conseguiu se acalmar. Sendo assim pedirei para Baruc te soltar, desde que concorde em cessar de vez com esse ataque de histerismo. – Sugeriu ameaçadoramente Amina. – Estamos de acordo?

Ainda inquieta Sofia apenas confirmou balançando a cabeça, e assim seus braços - até então imobilizados - foram finalmente soltos. Amina ainda ordenou que se sentasse e mesmo contrariada obedeceu em silêncio.

Apesar de aparentemente ser a mesma mulher que conhecia há meses, nos últimos minutos Dona Amina parecia ter sido dominada pelos antigos espíritos do mal. Todo aquele carisma e simpatia que sustentava passeando pelas ruas do bairro haviam se escondido atrás daquela nova faceta. Não havia mais sorriso e tampouco o olhar parecia com o da doce velhinha que a visitara no dia anterior com tamanha preocupação. Restava apenas aquela pequena e mal-humorada senhora corcunda aparentemente chefe de uma quadrilha de extermínio.

Quadrilha esta que contava com três membros, que posicionados à frente de Sofia a encaravam como se tivessem acabado de encontrar o Bowser em pessoa. 

Os dois que já estavam antes na cozinha de dona Amina eram Micaela, uma garota alta e atlética com cabelos ruivos na altura da cintura e uma pele mais clara que o comum, e Asher, um rapaz baixo e de estatura mediana, com  olhos puxados e cabelos negros que se encontrava naquele momento apoiado em um canto do cômodo com os braços cruzados exibindo uma honesta cara de preocupação.

O outro, que encontrara Sofia no corredor e a mantinha imobilizada até então, era Baruc, um homem truculento de pele escura e que estranhamente mantinha uma vasta barba contradizendo a cabeça completamente pelada.

- Eu disse que não podíamos confiar nessa mulher. – Disse Micaela. – Pra mim ela é um beriarti disfarçado tentando se infiltrar entre nós.

- Ela pode muito bem estar ligada aos extermínios, yasan. – Complementou Baruc.

- Eu já disse centenas de vezes à vocês que ela não é um beriarti. – Enfatizou Amina irritada.

- Como a senhora pode ter tanta certeza assim? – Insistiu Micaela. – Ela estava nos espionando yasan. Baruc a pegou no flagra.

- Que espionando o que, garota. Deixa de ser neurótica. – Intrometeu-se Sofia. – Eu não sou maluca que nem vocês não.

- Então explica o que estava fazendo escondida aqui dentro. – Ordenou Baruc com a voz grave e ameaçadora.

- Já disse! Eu vi uma pessoa pulando aqui dentro do quintal da dona Amina e vim correndo para avisá-la. Foi só isso.

- Sofia, você tem que convir que esta história está bastante estranha. – Interferiu Amina. – Digamos que seja verdade, porque não chamou a policia ou tentou me avisar por telefone como qualquer pessoa normal faria?

- Eu sei lá! Acho que entrei em pânico e esta foi minha reação. Achei que a senhora estivesse em perigo e precisava te tirar daqui a qualquer custo.

- Mas Baruc te encontrou escondida, ouvindo nossa conversa. - Retrucou Asher até então em silêncio.

- Eu estava apenas tentando identificar quem estava na cozinha. Imaginei que fosse um ladrão.

- Eu não sei não yasan. Não confio nesta mulher. – Afirmou Micaela.

- Pois esse é um problema seu, minha filha! Eu não devo satisfação a nenhum de vocês, afinal quem está em cativeiro nesse momento sou eu. – Respondeu Sofia irritada.

- Calma Sofia! – Solicitou Amina. – Deixe-me ver se entendi direito. Você disse que viu alguém pulando no meu quintal, certo?

Sofia como se estivesse deveras entediada, apenas confirmou com a cabeça.

Elafium: A guerra ocultaOnde histórias criam vida. Descubra agora