DEZESSETE

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- Mãe, eu estou bem. – Repetia Axel gesticulando exageradamente. – Foi só um susto.

- Como assim só um susto. Preste atenção Axel Natanael Sulivan, você poderia estar morto neste momento.

- Mas eu não morri. Pare de gritar mãe, você está me envergonhando na frente dos meus colegas. – Suplicou tapando o rosto com as duas pequenas mãos.

- Que tipo de colegas são esses que te levam para uma armadilha?

Bernadete Sulivan era uma senhora bastante baixa e magra com cabelos completamente grisalhos que se encontravam sempre, impecavelmente presos em um coque. Normalmente era uma pessoa deveras doce e simpática, mas quando algo ameaçava seu único filho, o espírito de uma leoa selvagem parecia lhe tomar. A idéia de seu pequerrucho correr algum tipo de perigo parecia lhe enlouquecer, e por este motivo sempre fora contra Axel trabalhar naquele lugar, mas aparentemente aquilo tudo fazia muito bem para seu garoto, então - apesar das constantes crises de hipertensão - resolvera aceitar o emprego do filho. Pelo menos até aquele momento.

- O senhor é um irresponsável por deixar meu Tatá participar de uma missão tão perigosa como esta. Eu devia lhe denunciar.

- Mãe!

- Dona Bernadete, foi um acidente. – Defendeu-se o agente Wilson. - A senhora sabe muito bem que apesar de tomarmos todo o cuidado do mundo com o Axel, sempre podemos correr algum risco dependendo da missão.

- Mas não foi o que me prometeu. Eu confiei no senhor e em sua palavra, portanto não aceito que ele corra risco nenhum.

- Eu entendo a sua preocupação, mas analise comigo, fora este incidente nada de realmente perigoso havia acontecido com Axel até hoje.

- É verdade mãe. – Concordou o agente.

- Eu não estou falando com você ainda, rapazinho. Não nos interrompa! – Repreendeu Bernadete. – E quanto ao senhor, não me interessa se aconteceu ou não alguma coisa com ele antes, o senhor me garantiu que ele não iria participar de nenhuma missão perigosa.

- Mas esta missão não era perigosa. Era só uma investigação comum com um possível interrogatório. Infelizmente não estávamos contando com o que acabamos por encontrar naquele apartamento.

- Como isto é possível? Uma organização tão grande feito a C.H.As.E. enfiando seus agentes em algo sem ter certeza dos perigos que enfrentarão.

- Bom, isso não ocorre com freqüência, mas são os riscos da nossa profissão. Infelizmente existem coisas que não podemos prever, dona Bernadete.

- Sendo assim Wander, eu não vejo outra saída senão retirar meu filho deste emprego.

- O que? – Espantou-se Axel. – Não, não, não.

- É isto mesmo meu filho. Eu não suporto mais viver com o coração na mão por sua causa. Não tenho mais idade para isso, portanto você pode tratar de reunir suas coisas, se despedir de seus coleguinhas porque nunca mais você pisa aqui neste lugar.

- Não mãe, não faz isso por favor.

- Bom dona Bernadete! – Continuou o agente Wilson. – Se a senhora decidir que é melhor seu filho não trabalhar mais conosco, eu não posso fazer nada para impedir. Seria uma pena, porque o Axel é um excelente agente.

- Tá vendo mãe, eu sou um excelente agente. Por favor.

- Infelizmente isso não é o suficiente para mudar minha opinião, filho.

- Mãe, para de ser chata! Deixa eu ser agente secreto. – Implorou Axel de joelhos. - É o meu sonho.

- De pé Tatá! Agora! – Ordenou a senhora impaciente. - Cada hora você tem um sonho diferente.

Elafium: A guerra ocultaOnde histórias criam vida. Descubra agora