- Bom, eu ainda acho toda essa história um pouco confusa, mas entendo que você deve estar se recuperando deste trauma. De qualquer forma voltaremos a conversar em breve agente Golias e espero que possa nos ajudar com mais informações sobre o que ocorreu no Hospital das Almas.
- Pode ser realmente que mais tarde meu cérebro esteja funcionando melhor, mas por ora eu te contei tudo que consegui me lembrar agente Wilson.
Com um sorriso desconfiado, Wilson ligou novamente a TV em um canal aleatório.
- Está certo, irei te deixar descansando agora. – Continuou. – Utilize este tempo apenas para isso e de maneira alguma deixe este local enquanto a poeira não baixar, se alguém te reconhecer pode comprometer toda nossa investigação. – Concluiu antes de sair.
Pedro Golias havia despertado faziam apenas duas horas e seu chefe não parara de questioná-lo sobre o ocorrido desde então. A cena do pobre enfermeiro despedaçando em pedaços como se fosse um vaso de barro colidindo com o chão o atormentava todas as vezes que fechava os olhos. Não via a hora de ficar sozinho e reorganizar seus pensamentos.
Sempre se considerou uma pessoa com raciocínio extremamente veloz, mas desta vez realmente estava com certa dificuldade para entender o que tinha acabado de acontecer. Como toda a cena havia se transformando tão rapidamente em um verdadeiro show de horrores?
O agente estava parcialmente deitado em uma cama muito mais confortável do que as disponíveis no hospital. Este foi o primeiro indício de que não estava mais internado lá. Provavelmente o agente Wilson deveria ter feito um de seus usais truques mágicos para retirá-lo sem alarde da UTI onde se encontrava inconsciente, e trazê-lo para o que parecia ser uma enfermaria, provavelmente dentro do próprio edifício da C.H.As.E.
O silêncio perturbador pairava sobre o ambiente. Estava ali sozinho e ao seu lado existiam diversos outros leitos vazios. O sol preparava-se para ir embora e seus raios enfraquecidos invadiam o local por uma pequena janela próxima ao teto. Uma bolsa de soro pendurada próximo a ele gotejava constantemente liberando um liquido incolor que invadia vagarosamente uma de suas veias.
Sentia uma tontura incomum e sua dor de cabeça noturna resolvera dar o ar da graça com antecedência.
A loucura da situação ainda lhe incomodava as retinas. Wilson havia lhe contado que todos que estavam na UTI haviam morrido. Oito técnicos de enfermagem, um enfermeiro, um médico, dois acompanhantes, dezoito pacientes e dois policiais. Além de Baruc, claro.
Trinta e três pessoas mortas congeladas. Menos ele.
Teria sido ele agraciado com um milagre divino?
Golias riu.
Apesar de lidar com assuntos pertinentes ao reino celeste e seus opostos todos os dias, ainda tinha uma ligeira dificuldade de acreditar em Eli-Adalar. Sem falar que ele sabia muito bem que o que lhe havia salvado naquela tarde com certeza não se tratava de uma benção. Estava mais para uma maldição mesmo.
A TV estava muda e as cenas aéreas do Hospital das Almas estavam praticamente fixadas na tela. Era possível ouvir o sensacionalismo na voz dos repórteres mesmo sem o som.
No letreiro passava escrito a todo o momento: "Chacina Fria. Massacre no hospital das Almas. Dezenas de mortes em um único dia."
Realmente não deveria existir uma melhor descrição do ocorrido.
O silêncio foi quebrado repentinamente com o ranger ardido da porta ao se abrir.
- Acordado? – Questionou Barbara aparentemente surpreso ao entrar no local. – Que ótimo.
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Elafium: A guerra oculta
Misteri / ThrillerCom o intuito de fugir dos fantasmas de seu passado, a enfermeira Sofia Guerra resolve começar uma vida nova longe de sua família, em Anga-Guaçú - cidade do interior paulista que começa a sofrer com o repentino crescimento desordenado trazido por g...