Invadir a memória das pessoas sempre causou certa confusão para Sofia Guerra e demorou para conseguir aprender a filtrar o que era realidade do que era apenas pensamentos aleatórios ou imaginação, mas apesar de não praticar suas habilidades com grande frequência, sempre que se fez necessário conseguiu manter o controle da situação e descobrir tudo o que precisava da vítima. Porém ao invadir a mente do até então desaparecido guillen Gael, percebeu que suas experiências anteriores como viajante psíquica não iriam lhe ajudar em nada.
Ainda presa no corredor psiquico projetado pelo guillen, estava se sentindo em meio ao mais puro caos. As imagens que surgiam a todo instante eram completamente sem sentido e fora de contexto, pareciam estar criptografadas para que ninguém pudesse acessar. Para piorar, ao entrar na mente de Gael acabou permitindo que ele tivesse acesso a sua, criando uma conexão entre os dois bastante peculiar onde algumas de suas próprias memórias acabavam se misturando com as deles.
Sua cabeça parecia que ia explodir a qualquer instante.
- Se eu fosse você desistiria de tentar fuçar em minhas memórias. – Aconselhou Gael.
Sofia acabou aceitando o conselho e contra sua vontade, resolveu permitir que o guillen a guiasse para onde ele quisesse, sem se opor.
- O que afinal você está tentando me mostrar? – Perguntou ela.
- Quero lhe provar que eu sou completamente inocente em toda esta história de assassinato.
- E não dá para acelerar logo com isso? Essa anarquia de imagens e sons está começando a me dar náuseas.
- Só mais um segundo, estou localizando. Infelizmente nossas memórias não são organizadas linearmente o que acaba complicando um pouco a busca.
- Já percebi isso.
- Qualquer pessoa sem um guia pode acabar se perdendo para sempre aqui dentro.
Sofia apenas sorriu enfadonhamente.
- Achei finalmente. – Concluiu Gael. – Vou lhe mostrar essa história desde o inicio para que não haja dúvidas, assim se eu não conseguir sair vivo você ao menos poderá contar a verdade aos meus zarifon e honrar minha memória.
Uma repentina luz branca explodiu e de repente Sofia e Gael se viram na cozinha de dona Amina onde, através dos olhos do guillen, podiam vivenciar uma cena em que conversava com a yasan.
- Você mal conhece essa zamon, como pode ter se envolvido tanto? – Dizia a senhora aparentemente zangada.
- Eu não sei explicar yasan, mas estou começando a sentir algo completamente novo. – Se justificava Gael. – Laura é meiga e carinhosa. Sinto vontade de estar ao seu lado o tempo todo. O que eu faço?
- Se mata! – Resmungou Amina.
- O que disse?
- Eu disse que não sei o que quer de mim. Está querendo a benção para o seu namoro, quem sabe até mesmo me convidar como madrinha para um futuro casamento?
- Nahasham, não é nada disso. Eu não pedi para me apaixonar, mas acabou acontecendo e não sei como lidar com isso agora.
- Pois aprenda, mah dashinen! – Respondeu coçando a testa visivelmente irritada. - Você pode ter a aparência jovem, mas sabemos que está beirando a quase um século de vida, portanto já deveria saber que qualquer Sareden que venha à Terra não pode em hipótese nenhuma se relacionar com um zamon.
- Eu sei disso...
- Nós deveríamos ser invisíveis para eles. Não podem saber que existimos. – Continuou a senhora interrompendo o guillen. – Isso está previsto no Tratado de Sofer, você pode ir à shatineh por causa disso.
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Elafium: A guerra oculta
Mistério / SuspenseCom o intuito de fugir dos fantasmas de seu passado, a enfermeira Sofia Guerra resolve começar uma vida nova longe de sua família, em Anga-Guaçú - cidade do interior paulista que começa a sofrer com o repentino crescimento desordenado trazido por g...