O dia estava completamente limpo, não existia nenhuma nuvem no céu e o sol fritava os seres viventes na terra. O Parque dos Tarumãs era uma dos locais mais visitados pelos turistas de Anga-Guaçú e por aqueles que queriam passear e fazer piqueniques em meio à natureza. Tratava-se de uma reserva florestal próxima da divisa da cidade que, além de um morro coberto pelas árvores que davam o nome ao parque, era composta também pelo lago do Testrálio que ficava bem no topo do morro, pela nascente do rio Dilátex que circundava quase todo o parque e pelo complexo de cavernas e grutas do Barrete Vermelho que ficavam localizadas em um local de difícil acesso em um vale aos pés do morro onde nem mesmo o sol conseguia entrar.
Como na maioria dos locais da cidade, uma lenda corria sobre as cavernas, o que servia para afugentar os visitantes da região. Diziam que um casal de jovens namorados, após se aventurar por entre as cavernas à procura de um local reservado, sumiram durante meses. Os corpos dos dois foram encontrados a vários quilômetros de distância da cidade levados pelo Rio Dilátex totalmente desfigurados como se tivessem sido atacados por algum tipo de animal.
Naquela manhã de quarta-feira, apesar das histórias, os agentes Dani Barbara e Pedro Golias se encontravam desafiando os caminhos cheios de pedras e musgos para entrar nas cavernas escuras.
- Nem parece que está fazendo tanto calor lá fora. Lugarzinho feio. - Reclamou Golias apontando uma lanterna para o teto da caverna. Os olhos de diversos morcegos que se encontravam dormindo brilharam com a luz forte. – Detesto lugares apertados.
Barbara deu risada.
- Qual é a graça? – Irritou-se o anão. – Você acha que só porque sou desse tamanho tenho a obrigação de gostar de lugares claustrofóbicos? Fique sabendo que eu detesto e tenho esse direito sim. Adoro espaços abertos e grandiosos.
- Menos Golias. – Disse Barbara caminhando caverna adentro.
- Pois eu já estou de saco cheio do seu menosprezo em relação ao meu tamanho. O dia que eu me irritar de verdade vou encher esse seu nariz arrebitado de pancada, ai vamos ver se esse seu sorrisinho perfeito não desaparece de uma vez por todas.
- Nossa, mas você acordou de TpM hoje, heim querida!
- Olha Barbara...
- Está bem Pedro eu já entendi. – Interrompeu Barbara irritado. – Agora vê se cala essa boca e pare com estas reclamações porque os guillen já estão ali na frente verificando o corpo.
Há alguns passos de onde estavam, se encontravam em pé Micaela abraçada a Zuriel, e Baruc de cócoras em torno do corpo de sua amiga. Jamile estava ajoelhada, ainda amarrada pelos braços e pés. Todo seu corpo estava carbonizado com exceção do rosto que parecia praticamente intacto, apenas com leves queimaduras e alguns hematomas.
- Puxa, pelo jeito alguém tá realmente magoado com vocês, não é mesmo? – Comentou Golias se aproximando do trio.
- Tenha mais respeito zamon! – Bradou Baruc se levantando. – Acabamos de perder mais uma de nossas irmãs.
- Me desculpe, não sabia que eram parentes. – Ironizou Golias ignorando a petição.
Baruc era quase três vezes maior que o anão, e - em um impulso de raiva - com um único golpe agarrou o pequeno homem pelo colarinho da camisa o erguendo do chão para poder lhe encarar nos olhos.
- Alaskinih koriarve! – Bramiu Baruc com a fúria saltando pelos olhos. – Eu poderia esmagá-lo agora mesmo com meus pés inseto prepotente.
- Poder você até poderia. – Respondeu Golias. – Mas sejamos honestos, caro Baruc. Todos aqui sabem que vocês não podem relar um dedo sequer sobre nós os zamon certo? Portanto, eu tenho certeza que este seu orgulho ferido não é o suficiente para arriscar sua tão esperada vida eterna ou estaria eu enganado?
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Elafium: A guerra oculta
Misterio / SuspensoCom o intuito de fugir dos fantasmas de seu passado, a enfermeira Sofia Guerra resolve começar uma vida nova longe de sua família, em Anga-Guaçú - cidade do interior paulista que começa a sofrer com o repentino crescimento desordenado trazido por g...