Quarenta e dois degraus depois - e já quase sem conseguir respirar - Alexandre Maia finalmente conseguiu atingir o terceiro andar do Edifício Ectohum no centro de Anga-Guaçú.
- Já não era sem tempo! – Reclamou Anabella impaciente.
- Você poderia ter me avisado antes que este prédio não tinha elevador. – Respondeu Maia se sentando no chão para descansar.
- Pare de chorar, detetive. Se pretende realmente entrar para a C.H.As.E. saiba que passará por coisas muito piores do que três andares de escada. – Retrucou a agente.
- Diga isso depois de tentar subir três andares de escada com apenas uma perna. Nem deveria ter vindo junto com vocês.
- Até onde eu sei você não veio amarrado, e outra coisa, eu mesma já tive que nadar quase um quilometro em alto mar com uma bala alojada na coxa em uma determinada missão, então pare de agir feito um garotinho mimado e foca na missão – Concluiu Anabella.
Maia arqueou as sobrancelhas impressionado, e resolveu se levantar então.
- Depois dessa fiquei até me sentindo como um garoto mimado realmente. Ok, mensagem recebida – Concordou. – E quanto ao Sulivan? Você também não vai falar nada?
Em um dos cantos do corredor próximo a uma janela, o agente Axel Sulivan exalando um atípico mau, falava ao telefone.
- Mãe, eu estou em uma missão agora. – Repetia irritado. – Não posso mais falar.
- Axel, precisamos entrar no apartamento. Avise sua mãe que daqui a pouco você liga novamente. – Solicitou Anabella.
- Ai mãe, quando eu saí de casa hoje não sabia que ia ter missão na rua... Que saco mãe, eu sou um agente secreto, secreto entendeu.
- Axel, desliga este celular! – Ordenou Anabella. – Você está falando muito alto, pode acabar nos comprometendo.
- Eu vou desligar mãe... Vou sim... Para mãe!
A impaciência - característica da personalidade impulsiva da agente Anabella Ricoletti - parecia pulsar em suas têmporas e quando menos esperava já havia tomado o celular de Axel de suas mãos.
- Olá dona Bernadete, aqui quem fala é a Anabella, tudo bem com a senhora?... Comigo está tudo bem também... Comi, estava uma delicia!... A senhora acertou sim, adoro bolo de laranja, mas...Sim dona Bernadete, mas infelizmente nós precisamos desligar agora... Claro, eu tomo conta dele... Mando, mando sim! Pode deixar!... Sim...Sim... Está bem dona Bernadete, assim que chegarmos à base ele te liga... Obrigado, beijo... Beijo dona Bernadete, tchau.
Fechando os olhos e respirando fundo para retomar a concentração, Anabella desligou o aparelho e o entregou novamente ao seu dono.
- Obrigado Ana. – Agradeceu Axel emburrado, recolhendo o celular e o guardando novamente no bolso.
- Certo, então voltemos para o que realmente interessa. – Retomou Anabella. – Viemos interrogar o senhor Emerson Ricardo de Almeida do apartamento 305. Pelo que sabemos, ele pode ser suspeito ou mesmo cúmplice dos crimes que vêem ocorrendo, porém não temos nenhuma prova que o ligue a nada, somente sabemos que tinha algum tipo de relação com os outros dois suspeitos mortos. Vamos com calma então, entendeu Axel?
- Entendi, entendi!
- E você novato, está aqui apenas para um test drive. – Comunicou, apontando para o outro homem. – Portanto só observe e não se intrometa em nada.
- OK chefe, você quem manda. – Respondeu Maia.
Os três se dirigiram então até a porta amarela do apartamento 305 e Anabella tocou a campainha, mas ninguém atendeu. Esperaram mais alguns segundos antes de tentar outra vez, mas novamente ninguém respondeu.

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Elafium: A guerra oculta
Mystery / ThrillerCom o intuito de fugir dos fantasmas de seu passado, a enfermeira Sofia Guerra resolve começar uma vida nova longe de sua família, em Anga-Guaçú - cidade do interior paulista que começa a sofrer com o repentino crescimento desordenado trazido por g...