Elafium: A guerra oculta

VINTE E SETE

Há centenas de anos Amina servia o Ehden como yasan na Terra. Sempre se orgulhara de sua experiência em cuidar dos famosos e poderosos guerreiros Sareden, responsáveis por manter a ordem em território zamon. Sempre fizera isto com muito orgulho e dedicação cumprindo as regras à risca e acolhendo os guillen como se fossem filhos. Conseguia contar nos dedos os protegidos que havia perdido em batalhas durante todo este tempo, somente em épocas mais escuras onde a balburdia e a desordem tomavam conta da sociedade e as crias do Ascor andavam livremente acolhidas pelos próprios zamon era que existiam casos de guillen caírem em emboscadas e serem executados a sangue frio até mesmo em praças públicas. As trevas tomavam conta e as batalhas eram realmente mais árduas. Nos dias atuais tudo estava aparentemente mais controlado, debaixo do pano. Os beriarti ainda caminhavam tranqüilamente porém se adaptaram as novas regras, aprenderam a agir sorrateiramente sem causar barulho principalmente depois que os kiput do Tratado de Sofer começaram a ser aplicados com maior rigor.

Porém, analisando agora todos os fatos ocorridos recentemente, percebia que algo incomum estava começando a despontar, como se a extinta era regida pelas trevas estivesse prestes a ressurgir a qualquer momento. Guillen sendo torturados e mortos em série. Objetos banidos a séculos voltando às mãos de perigosas criaturas. Demônios recrutando Sareden como súditos.

Realmente o fim dos tempos estava próximo.

Amina sabia que tudo estava ligado à ele. Il Sabar, o jovem beriascum sedento por poder que despertou a atenção de todo o principado Ascarti e do conselho Sareden com seus atos transgressores e que em pouco tempo se transformou em um dos mais perigosos seres do sub-mundo.

Ninguém ainda poderia afirmar qual era o seu grande plano, mas ele já o estava executando e com furor, passando por cima de quem ousasse atravessar seu caminho. Dotado de uma ganância digna de imperadores romanos, o beriascum estava disposto a conquistar muito mais do que o Ascor.

Seu pai provavelmente se arrependera por tê-lo criado momentos antes de ser assassinado por ele.

Amina por sua vez poderia até vislumbrar um futuro caótico se aproximando, porém era o presente que de fato a estava incomodando. Naquele momento, desacreditada e humilhada, a velha Sareden permanecia sentada em seu velho sofá esperando as conseqüências de suas escolhas lhe apunhalarem às costas enquanto o olhar de ódio do seu guillen mais leal caía em silêncio sobre si.

- Pare de me olhar assim Zuriel. – Ordenou ao pupilo que permanecia em pé à sua frente. – Você não sabe como reagiria em uma situação como a minha. Eu aceito ouvir tudo que tem para me dizer nesse momento mas não esse seu olhar de julgamento mudo.

O rapaz apenas desviou o olhar sem nada responder.

Neste momento, a escada que levava aos quartos se iluminou e alguém se dirigiu até a sala. Tratava-se de uma mulher bastante jovem, com a pele morena e cabelos negros e enrolados. Caminhava como se flutuasse pelo espaço vestindo um vestido rosa e esvoaçante. Tinha uma feição austera, mas que transmitia paz a quem a fitasse principalmente devido a suave luz que emanava dela.

- Hanu sarialam! – Saudou Amina se pondo de pé ao avistá-la.

- Hanu! – Respondeu a sarialam. – Suki alisi shatinin i nuvazaf bar-razu. (Seu pedido foi julgado e considerado justo!)

- Hesilian! Can-hevin mah guillen? (Obrigada! Como estão meus guillen?)

- Laia hevin shaterun. (Eles estão descansando.)