Alonguei meus braços e tronco depois girei a cabeça olhando para cima e para baixo. Fechei a mão em punho e bati em minhas costas levemente. Estavam doendo e incomodava muito. Gemi de frustração, queria terminar logo com aquilo, já estava escurecendo, mas Akira continuava sentado ali como se ainda tivesse bastante tempo. Forcei outro gemido, depois um suspiro audível e então tossi propositadamente. Ele continuou quieto. Perdi a paciência e decidi ser direta.
- Quando vamos encerrar?
- Quando acender uma vela.
Não tive como conter a surpresa.
- O quê? Isso... isso é impossível!
- Acendeu as três mais cedo.
- Bom, foi de outro jeito... é diferente.
- Como?
- Eu... - ele realmente estava me perguntando aquilo? - Não sei! Tanto faz. Foi diferente. Eu estava, sei lá, irritada.
Ele mudou de posição.
- Exatamente.
- Sim! Espera - me toquei que ele tinha concordado comigo - O quê?
Ele se levantou e caminhou em minha direção.
- Emoções são o que controlam o inscius.
Contrai todos os músculos em meu rosto.
- Eu não entendi.
- Você sente e o inscius demonstra.
- Pode usar mais de uma frase, por favor?
Escutei o som de ar chocando com a máscara, ele não era tão paciente afinal, mas não podia me culpar por não entender com tão poucas palavras. Ele ergueu a mão como se fosse tocar o rosto, mas ela parou no meio do percurso e caiu ao lado do corpo dele.
- Todos têm inscius. As manifestações são sempre emotivas. Pessoas aprendem a controlar emoções, aprendem a controlar inscius.◇•°•◇
Minha cabeça pendia para a frente as vezes e meus olhos estavam quase cerrados, meus pés davam passos que não os distanciava nem dez centímetros. As vezes eu parava um pouco e deixava meus olhos se fecharem quando sentia que ia cair acordava em um susto. Akira era cruel, cruel de verdade. Quando ele começou a explicar como funcinava o negócio de controle das emoções e o inscius achei que poderia ir para casa depois, mas ele me fez virar a noite sentada naquele jardim desprovido de flores encarando três velas apagadas. Em algum momento eu dormi e quando acordei estava na sala sobre centenas de travesseiros com um hakata sobre mim. Já era manhã e eu não tinha acendido vela nem dormido nem ido para casa. Akira me ofereceu um café da manhã composto por chá e arroz o que foi muito estranho, comer arroz no desjejum era algo que nunca tinha imaginado fazer um dia. Depois me banhei e vesti o uniforme branco. Me perguntei se Claren e Britta estavam preocupadas, quando questionei Akira ele disse apenas:
- Elas sabem, esta comigo.
Uma pessoa normal incluiria mais palavras como um não se preocupe. Eu estava quase começando a me acostumar com as poucas palavras e quase podia entender as frases reduzidas, mas ainda era chato. Queria escutar mais a voz dele, a voz normal, acho que ele seria um bom cantor ou um daqueles locutores matinais que você escuta enquanto toma um café, uma voz agradável sem ser estrondosa, não era a tradicional voz dos locutores de rádio, mas tenho certeza que as senhoras gostariam de escutar. Também era péssimo falar com uma pessoa mascarada, ele não tinha rosto na minha mente e isso era estremamente desconfortável, queria que ele mostrasse logo a cara.
- Bom dia!
Meus pensamentos e quase sonhos foram interrompidos por uma voz conhecida, forcei meus olhos para abrirem mais para ver o sorriso amigável que Adam me exibia. Pisquei pesadamente enquanto tentava sorrir. Demorei para processar que também deveria cumprimentar.
- Bom dia, Adam~!
Falei o nome dele tão demoradamente que saiu quase cantado e quase sem o m.
- Não dormiu bem?
Mais uma vez meu metabolismo lento demorou para ligar as palavras que ele tinha dito.
- Não~!
Aproveitei que ele estava próximo e me inclinei sobre ele, agarrei seu braço e encostei a cabeça. Ah! Tão bom para dormir. Ele pareceu surpreso, mas não me afastou, o que foi muito bom, já que mesmo em pé me sentia mais a vontade para dormir, fechei meus olhos e deixei que ele guiasse o caminho.
- Estava fazendo o que?
- Quando?
- A noite toda.
Fiz uma careta.
- Akira me obrigou a ficar a noite inteira tentando acender três velas infernais.
Respirei fundo e me senti um pouco mais desperta.
- Conseguiu?
- Não.
Me lembrei da explicação que levou meia hora graças a dificuldade de Akira em falar.
- Adam?
- O que?
Me aninhei mais no braço dele. Ah! Como eu poderia dormir ali mesmo, esperava que se isso acontecesse de verdade não me espatifasse no chão.
- Como usa seu poder?
- Poder?
Acenei.
- O inscius.
Ele demorou um pouco para começar a responder. Acho que vi uma gazela saltitante passar mais a frente ou talvez meus olhos estivessem fechados e meu cérebro já estivesse em modo noturno.
- Não sei bem. Para mim sempre foi natural usar o inscius. Me transformar em lobo veio a mim como se eu sempre soubesse só não tivesse como antes. Já os sentidos sempre estiveram lá. Por que?
- Tenho que... - acho que demorei mais que trinta segundos para continuar a falar - aprender a controlar emoções.
- Por que não fala com Lark? Ele tem um inscius elemental também. Fiquei bastante surpreso quando o vi controlando água.
Concordei em silêncio. Sim, tinha que falar com Lark. Lark...×××
Já perceberam como a Tirya é dorminhoca? Isso é culpa do meu sono emquanto escrevo heehhehe.
O horário que escrevo criou um traço de personalidade dela, engraçado.
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasyTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...