Deixei o ar entrar e sair. Meus olhos estavam cerrados, me aprofundei em minha mente e me vi no campo cinza e enorme, não vi poço por perto, talvez minha mente fosse enorme e eu tivesse ido parar em um lugar mais distante do grande buraco escuro. Senti o peso de meu corpo, a quase imperceptível circulação do ar, escutei a respiração de Lark um pouco atrás de mim e Min mudar de posição causando um som e concreto sendo arranhado distante, eu estava quase pronta. Imaginei o fogo, eu unindo minhas mãos mais a frente e fogo se projetando a frente delas como se eu fosse um lança chamas. Sorri, estava pronta. Abri meus olhos e em uma respiração controlada uni minhas mãos, afastei os pés e as afastei de mim em um movimento rápido. Eu vi uma pequena luz acender e sumir rapidamente, era exatamente como acender uma vela e apagá-la logo depois, do mesmo tamanho e tudo. Fiquei parada na posição e tenho certeza de que era vergonhosa, mas eu estava pasma. Não podia acreditar que aquilo tinha acontecido. Senti uma mão no meu ombro e finalmente me movi, olhei para Lark ainda surpresa.
- Tudo bem...
Abri meus braços dramaticamente e abracei Lark, depois que o soltei comecei a dar pulinhos.
- Você viu aquilo? Eu fiz fogo! EU fiz, Lark. Céus achei que isso nunca ia acontecer, mas graças a você eu consegui. Agora posso acender as malditas velas e dormir. Você é meu herói. Nunca vou esquecer esse dia. Foi mágico!
Eu continuava falando totalmente emolgada, Lark apenas acenava. Eu estava tão feliz, mesmo que pequena eu tinha acendido uma chama que ardeu dentro de mim como um fogueira gigante de esperança, eu era capaz, bastou algumas palabras de Lark e eu consegui. Por que Akira não tinha feito aquilo? Era mesmo preciso me privar de sono e me forçar a meditar de mentirinha? Lark só precisou de uma demonstração. Talvez eu pudesse dizer a Akira que não precisava mais dele, assim ele poderia voltar para casa.
Saí da estufa e corri para Lan e Cameron que me esperavam em outra. Exibi meu grande sorriso para os dois.
- Eu consegui fazer fogo!
- Então era isso que estava fazendo. Sinceramente, Maika, sua pose foi um máximo!
Lan começou a rir, não me importei, Cameron sorriu para mim em parabens. Saí da estufa e procurei a de Adam. Bati no vidro até que ele parasse de lutar com Fred. Ele se virou para mim e sorriu. Entrei na estufa e dei um abraço nele, do mesmo jeito que tinha feito com Lark.
- Eu consegui! Eu fiz fogo!
Ele estava surpreso por meu abraço súbito e demorou um pouco para responder.
- Nossa, Maika, isso é um máximo.
Fiz uma careta. Ele ficou confuso, claro, só eu sabia o motivo de meu repentino desgosto, eu estava começando a não gostar de ser chamada de Maika, não que o nome fosse feio, Tirya não é lá essas coisas também, mas eu gostava de meu nome e escutar as pessoas que agora eram tão importantes na minha vida me chamarem por outro nome e nem mesmo saber o meu fazia aquilo soar como falso, me fez sentir como uma traidora. Talvez eu devesse contar a eles, Adam, Shun, Lark e até mesmo Lan, afinal era só um nome. Mas tive medo, medo de eles se afastarem de mim por me achar uma mentirosa, falsa e não serem mais capazes de acreditar em mim. Quantas mentiras eu tinha contado? Três? Mais? Nem mesmo sabiam que eu tinha mãe. Suspirei.
- O que foi?
Olhei para Adam, o tinha preocupado. Talvez aquela fosse a hora, talvez tivesse sido melhor acabar com tudo naquele instante, mas eu não o fiz. Eu sorri novamente e disse que estava tudo bem.
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasyTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...