- Vamos tentar outra coisa!
Eu sugeri pela centésima vez.
- Não. Melhor jeito é esse.
- Mas não está funcionando!
- Você não se concentra.
- Eu me concentro! Só que não funciona. Vamos fazer de outro jeito! Tem que ter outro jeito.
- Não. Vela!
Bufei irritada com ele. Akira estava ali sentado na borda da varanda com uma perna balançando e outra dobrada, uma mão apoiando o corpo atrás como se ele estivesse em uma praia, ele estava em uma folga total enquanto eu tinha que suar naquele sol encarando três malditas velas. Três tubos de cera que eu desejava do meu âmago que derretessem, que sumissem. Minha paciência estava por um fio de se esvair, na verdade a única coisa que ainda me mantinha sentada ali era o medo que sentia de Akira, a imagem dele impunha respeito, mas não naquele momento, não agora a imagem dele apenas me irritava mais. Ele se abanando com aquele leque enquanto eu estava para desidratar. Fiquei encarando o mascarado, cada movimento de seu pulso e de suas vestimentas, as penas agitando com a brisa que ele criava para si. A cada abano eu ia ficando mais irritada e mais suada. Até que...
- Que maldição Akira! Eu estou aqui há horas, mas essa por- essa coisa de inscius não funciona e você fica aí se abanando na sombra todo relaxado. E ainda diz que eu tenho que me concentrar mais, me esforçar mais. Eu cansei. Preciso descansar. Eu vivi minha vida toda sem esse negócio de poder e não é hoje que vou precisar dele muito menos amanhã.
Eu arfava quando terminei de falar e percebi que me levantei em algum momento. Ele tinha parado de sacudir o leque.
- Diga. Sabe usar arma? Qualquer uma.
Estranhei a pergunta, respondi ainda irritada.
- Não.
- Pode não precisar de inscius hoje nem amanhã, mas em uma semana vai precisar. As criaturas da floresta sem fim podem ser dóceis com princesas, mas os invasores são hostilizados, atacam sem remorso ou questionar.
Começei a me arrepender de ter me deixado explodir.
- Veja.
Ele apontou com o leque para baixo e quando acompanhei sua indicação vi não só as três velas, mas a grama ao meu redor em chamas vermelhas. Dei um pulo instintivo pasa trás. Em um segundo o fogo sumiu e as velas caíram no chão quase derretidas, um vento forte e estranho tinha vindo da frente, quando olhei para Akira ele voltava a se abanar.
- E eu sofro mais que você, Maika. Minhas roupas são pesadas e a máscara quente e desconfortável.
Ele levou a outra mão a ela e a ergueu um pouco, apenas um pouco de modo que não puxe ver nada, e concentrou o vento para o rosto.
- É difícil falar com ela. E ver também.
- Então por que usa?
- Obrigação.
- Se quiser... - comecei a sugerir mais tomada pela curiosidade que por bondade - ... pode tirar. Não conto para ninguém.
Ele riu, seu riso era alto e alegre e a voz sem a máscara abafando era mais suave e agradável.
- Obrigado. Talvez um dia.
- Por que não mostra seu rosto?
- Os tengu só devem mostrar seu rosto para seus irmãos.
Eu me aproximei dele e sentei ao seu lado.
- Só existem tengus homens?
- No geral, sim.
- E como... vocês nascem?
- De ovos.
- Não têm mãe.
- Alguns têm. Somos em.grande parte homens, o que nos diferencia é por nascermos de ovos e termos asas e poderes. Houveram vários que fugiram do monte e construíram família com outras espécies, mas quando fazem isso nunca mais podem voltar.
- E você? Está fora do monte, não está? Vai ser expulso?
- Não. Temos um acordo com os demais. Eles nos deixam em paz, vivemos aqui e treinamos algumas pessoas. Fui chamado para treina-la.
- E por que você?
Ele colocou a máscara no lugar e guardou o leque.
- Sou dispensável.
- Como assim?
Ele se levantou.
- Venha descansar.
Suspirei. Mais uma vez ele tinha bloqueado as informações, mas mais uma vez eu tinha conseguido mais coisas que qualquer um deveria ter tido acesso. Exibi um sorriso e segui Akira.×××
Hisashiburi minna.
Poise ando oculpadissima e preguiçosissima, desculpem. Kkkkkk
Tenho que me esforçar mais. Mas como estamos no quase lá de onde eu vou me empolgar acho que vou melhorar. Hehehehe
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasíaTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...