Todos se reuniram formando um círculo aberto, onde três casais se centraram.
Uma música distante começou a tocar e os casais se apresentaram. O homem se curvou para a mulher e ela estendeu a mão. O homem a tomou e andou ao redor da mulher a fazendo girar no final. Ao final do giro as três mulheres se encontraram no meio, formando uma roda, rodopiaram e cumprimentaram umas as outras enquanto os homens caminhavam ao redor delas em círculos segurando as paletas dos paletós.
A dança continuou, era diferente e bela, como a mistura de uma encenação com uma dança. Que história estaria contando? Quando terminou as pessoas se dispersaram, a música continuou e eu vi poucos casais dançarem.
O jardim estava iluminado com algumas velas em candelabros espalhadas por toda parte, mas a luz que se sobrepunha era a da lua e seu sangue. Quando olhei ao redor vi todos com tons diferentes de vermelho nos olhos, cabelo e até a pele com a coloração, como se estivessem todos em extrema vergonha.
Adam se mantinha perto de mim, as vezes trocava um olhar comigo, mas Andrew estava muito empolgado em ver o amigo e não só ele, em algum momento outro rapaz se juntou à conversa e pelo que entendi eles realmente não se viam com frequência, cidades diferentes os afastavam, mas festas assim aconteciam em duas cidades apenas. Na Cidade da Lua e na Cidade de Magia. Andrew deixou de me lançar perguntas quando o outro rapaz se juntou a eles, deviam ser amigos há muito separados. Eu suspirava e olhava ao redor, observava as pessoas, os comportamentos. Grace tinha se juntado ao sr. Furler, ela ficava elegantemente ao lado dele enquanto bebia uma taça do líquido vermelho, ele as vezes envolvia sua cintura durante a conversa com dois senhores que pareciam muito com os rapazes que conversavam com Adam, me perguntei se eles eram amigos de infância devido ao trabalho conjunto de seus pais. Um deles também estava com a esposa, suponho, já que ele também envolvia a mulher em seus braços frequentemente. Já o outro permanecia sozinho, prestando atenção à conversa e se incluindo por vezes. Em um momento vi os olhos do sr. Furler observarem os arredores e parar em Adam e sua companhia, logo em seguida os outros dois olharam em nossa direção e eu me senti muito desconfortável.
Quando passaram perto de mim e me ofereceram o tal líquido vermelho eu aceitei e logo provei. Era uma delícia, como uma mistura de morangos, uvas, framboesas e algo que eu não sabia. Tomei um grande gole, me deliciando. Agora sabia porque Grace não deixa as mãos vazias nem a taça.
O mundo ficou mais colorido e divertido, claro e escuro. Eu piscava lentamente. Olhei para a taça pela metade, tinha sido aquilo? Por um breve momento me senti tonta, mas passou. Minha vista voltou ao normal e meu humor também. Adam olhou para mim e logo depois para a taça.
- Maika! Não beba isso!
Ele tomou a taça de minhas mãos e tocou meu rosto. Sua mão em minha face estava fria.
- Está muito quente. Ainda bem que não bebeu tudo. Isso é muito forte!
Eu voltei a piscar devagar. Os olhos dele estavam inteiramente vermelhos e o cabelo também. Ele parecia quente, mas seu toque era frio. Ele estava... lindo. Perfeito.
- Maika, não beba mais nada. Vou pegar algo para diminuir o efeito.
- Não vá!
Segurei sua manga, ele parou e olhou para mim.
- Fique aqui, eu volto logo. - olhou para os amigos. - Cuidem dela.
E saiu. Me virei para Andrew e o novo rapaz exibinfo um sorriso que logo se transformou em careta.
- Vocês são feios!
Eles riram.
- Tudo bem, sabemos. E Adam é perfeito, certo?
Sorri para eles, feliz por saberem.
- Sim! É lindo. - Pisquei lentamente. - O que eu estou dizendo?
Eles gargalharam. Eu percebi que aquela bebida tinha feito algo, talvez fosse muito alcoólica, eu nunca tinha bebido álcool, axceto pela vez quando era criança que tentei imitar minha mãe bebendo um vinho. Lembro que virei o copo e tudo tremulou, minha cabeça ardeu muito e então apenas escuro. Lembro da bronca que levei e de como tinha ficado arrependida.
Mas aquela bebida não tinha causado nada daquilo, não tinha cheiro de álcool e eu só tinha bebido a metade.
Minha cabeça ia e voltava em momentos que eu queria abraçar a primeira pessoa que visse, e eu tentei abraçar Andrew, e que eu percebia o que estava fazendo e quase morria de vergonha. Quando Adam voltou eu não estava no melhor momento. Assim que o vi corri até ele e o abracei quase o fazendo derrubar o que trazia consigo e depois...
- Eu estava morrendo de saudades!
Ele riu.
- Sim, Maika. Desculpe a demora. Beba isso.
Ele me eu uma taça com um líquido transparente, parecia água, mas não era muito cheirosa. Fiz uma careta.
- Não vou beber isso! Parece um... remédio.
Ele sorriu.
- E é. Vamos, beba, vai fazer bem. Tive muito trabalho para conseguir isso com a cozinheira, ela teimava que era culpa minha você ter bebido algo que não devia, mas eu consegui convencê-la.
Fechei meus olhos e sorri para ele.
- Obrigada. Mas não vou beber isso.
Ele gargalhou.
- Teimosa até a alma.
Neguei.
- Não sou teimosa.
- Até nisso teima. Vamos, Maika. Preciso que beba, ou vou ser amaldiçoado por uma Nithal.
Pisquei fazendo charme.
- Não.
Ele suspirou.
- Maika...
Fiz uma careta.
- Não me chame assim.
Ele ficou confuso. E eu voltei a sorrir.
- Não gosto desse nome.
- Por que?
- É frustante. Queria que me chamasse pelo meu nome. Sabe, eu te amo, por isso quero escutar meu nome sair de sua boca.
Me aproximei dele.
- É muito difícil ser chamada assim só porque minha mãe acha que tenho que me esconder de não sei o que. Eu já disse isso? Eu tenho que fugir de alguma coisa e eu não sei o que. Nunca fiz nada de errado, mas eu tenho que me esconder.
Ele contraiu o rosto e eu o imitei.
- Não gosto dessa sua cara. Eu prefiro a outra.
O abracei, mas não fui retribuída.
- Eu te amo, viu? De verdade.
Fechei meus olhos encostada em seu peito. Ele me envolveu depois de muito tempo.Quando voltei a mim, já era tarde. Eu provavelmente tinha destruído tudo ali. Só esperava que ele pudesse me perdoar.
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasyTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...