Sapato ao ar

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- O que estão fazendo aí paradas? Porque não banham?
Me movi pela água até chegar perto de Lan, nós procurávamos a fonte da voz.
- Parecem espantadas. Viram um kappa por acaso?
- Quem está aí?
Eu perguntei. Lan sussurrou para mim.
- Nós não conhecemos uma alma aqui.
- É mesmo.
Respondi, ela foi a próxima a falar, elevando sua voz.
- Se mostre!
- Ah! Por favor, vocês ainda não me viram? Estou bem aqui. Na pedra logo atrás de vocês.
Nos viramos em sincronia, me espantei com o que vi e quando dei um passo para trás caí dentro da água, um desespero momentâneo me tomou até que conseguisse emergir e respirar novamente.
- O que foi isso? Viu um fantasma?
Troquei um olhar com Lan e ambas percebemos a confusão uma da outra.
- O gato comeu a língua de vocês?
Aquilo não teve graça. Um gato tentando fazer piada de gato não combinava, mas ele claramente discordava, exibindo os dentes em um sorriso animal.
- Eu aprecio boas conversas, mas as duas parecem terem ficado mudas. Talvez um monólogo?!
Ele ergueu uma pata e começou a lambê-la.
- O que é isso?
Lan era mais ousada que eu, sua voz era firme. O gato parou de lamber a pata e se deitou sobre a pedra grande que se erguia sobre as águas calmas do rio.
- Você deve ser mais específica. Isso seria o que especificamente? A conversa? Eu estar aqui? Eu? Bom, como deve ver eu sou um gato... - ele deu uma breve pausa e Lan entendeu que ele tinha terminado, mas quando ela tomou ar para falar ele falou novamente - ... em vários sentidos.
- Como... Você está... falando?
Ele rolou na pedra deixando as patas para cima.
- Nunca tinha visto um animal falar? Existem diversas maneiras de isso ser possível e muitas criaturas especiais que têm forma de animal, vocês não tem espécies assim?
- Licantropos, metamorfos, raposas, guaxinins... nenhum deles fala em forma animal.
Ele se virou mais uma vez.
- Ah! Mas eu falo. Não sou nenhum deles.
Ver um gato falando é realmente estranho, a boca dele se movendo... simplesmente não parece certo. Eu fiquei encarando os olhos dele brilhando no escuro, eram de um azul escuro, os pelos escuros quase sumindo sob a luz do luar, como se negassem as serem visíveis. Me lembrei de um gato, uma gato que tinha visto ainda naquele dia.
- Aaron?
O gato com nome humano.
- Sim?
Ele respondeu preguiçosamente.
- O que é você?
- Sou o que sou, não vê?
A cauda se movia de um lado para o outro.
- O que faz aqui, seu gato idiota?
Ele se levantou rapidamente. Eu e Lan nos viramos, eu virei novamente assim que vi o contorno alto.
- Fray, meu meio anjo. Estava apenas conversando com as recrutas.
- Saia daqui! Idiota.
Eu vi algo atingir a pedra com uma velocidade enorme e voltar, indo direto para... a minha cabeça. Quando me atingiu e bateu na água vi o sapato mergulhar e parte da água escurecer. Levei a mão à testa e quando ela voltou estava um pouco viscosa, sangue. Minha mão tremeluziu e então não vi mais nada.

×××
Pessoal, estarei viajando depois de amanhã e não vai dar para publicar. Vou ver se recompenso logo vocês. Temos que terminar esse volume logo!
Ah! A cena da Tirya desmaiando foi engraçada. Pobrezinha dela, desmaiar não é algo que seja comum para ela, mas foi Knock Out! A Fray é muito forte.
Ah! Só para vcs imaginarem junto. Assim que a Tirya caiu na água Aaron estava correndo dali, e sim, Fray estava... do jeito que veio ao mundo. Lan ficou sem entender por um tempo, até puxar a Tirya da água. Afinal, a Lan também sentiu a dor. A diferença é que ela é menos... sensível a isso, pq ela é uma vampira, né? !

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