Cidade de Magia - Contos de Espinhos

Feitiço com lavanda

Forcei um sorriso para Lan. O ambiente estava desconfortável. Ela não percebeu minha tentativa de expressividade. Haviam dez constrangedores minutos que estávamos nos sofás esperando alguma coisa. Quando entrei na casa, após me despedir devidamente de Akira, ela estava vazia. Lan se jogou no sofá pegando um dos biscoitos na mesa que certamente haviam sido feitos por Claren. Onde ela estava? Eu não tinha a menor idéia, muiti menos de Britta.
- Lan...?
Ela olhou para mim com um biscoito na boca no mesmo instante em que escutei a porta da cozinha ser aberta e fechada com força. Uma bruxinha baixinha de cabelos coloridos chegou à sala.
- Maika, ótimo. Vamos resolver isso agora.
- Resolver o que?
Olhei para Lan confusa, ela se sentou direito e terminou de comer o biscoito rápido. Britta se aproximou.
- Juntem as mãos!
- O que? Mas...
Lan estendeu as duas mãos para mim com as palmas voltadas para cima.
- Ande logo, Maika.
Britta me apressou.
- Tudo bem, mas o que estamos fazendo?
- Dando um jeito dessa garota ir com você.
- Essa garota se chama Lan e quer ajudar a Maika.
Ela respondeu com um sorriso no rosto. Levei minhas mãos às dela e ela agarrou meu pulso.
- Faça o mesmo.
Ela sussurrou para mim. Envolvi os pulsos dela com meus dedos.
- Ajudar depois de colocar ela na confusão é o mínimo que deveria fazer.
- Bom, estou arriscando minha vida por ela. Não acha isso um pouco mais que o mínimo?
- Nem um pouco. Para começo de conversa se não fosse por sua curiosidade de gato estaria tudo bem.
Lan revirou os olhos.
- Certo, eu sei. A curiosidade matou o gato. E aí? No fim a curiosidade mata de qualquer jeito.
Britta bufou.
- Andem logo com isso!
Claren entrou na casa sileciosa e só percebemos sua presença quando se pronunciou.
- Você trouxe a lavanda?
Claren estendeu um ramo de lavanda para Britta que a pegou e levou ao nariz.
- Está boa. Vai servir.
- Para que?
Perguntei. Ela colocou a lavanda entre as duas mãos e a amassou.
- Me ajuda a concentrar.
Ela soltou os restos da planta sobre a mesinha e esfregou as mãos depois inalou o cheiro que elas possuiam agora.
- Vou entrar na mente das duas. Apenas se concentrem em pensar uma na outra. Todas as lembranças que tem de si e afastem todo o resto. Isso é uma maldição e uma bênção, não podemos correr riscos de ligar os pontos errados.
- Espera, uma mald-
Eu não terminei a frase. Britta tocou o meu ombro e o de Lan ao mesmo tempo e me senti ser absorvida para algum lugar. Fechei meus olhos brevemente e quando os abri novamente estava na casa de Liang, mas tinha algo muito estranho. Eu via a mim mesma entrando na casa enquanto estava na sala.