- Enquanto eu falo com o capitão.
Kane saiu da tenda deixando-me a sós com Lan. Ela olhou para o arsenal. Haviam diversos tipos de armas, lanças, arcos, espadas, adagas, punhais, machados, foices e todo tipo de coisa que podia cortar. Lan rodou pela tenda passando as mãos por algumas das armas, todas eram diferentes, tinham algum detalhe que as tornava única. Lan parpu e pegou uma espada larga, a lâmina tinha uma coloração diferente e algumas escrituras que se recusavam a tremer, ela a ergueu e eu senti como se aquela espada pertencesse a ela.
- Gujian, boa escolha.
Nos viramos e vimos uma garota entrar, ela era linda, os olhos dourados espertos, a pele dourada e os cabelos loiros curtos, ela tinha um porte como Alex, mas mais delicado.
- Eu sou Galia. Cuido dessas belezinhas. Vocês são as recrutas, certo? Vejo que ainda não cortaram o cabelo, vão sofrer. Faz tempo que não vejo uns cabelos tão grandes, estão querendo substituir a garota da torre?
Ela riu da própria piada, mas Lan não entendeu e eu não achei graça.
- Então, vão me dizer seus nomes ou só vão pegar as armas e sair?
Lan a olhou com desconfiança e manejou a espada a colocando em uma bainha que ela tinha pego sobre a mesa depois caminhou até Galia e parou apenas para dizer.
- Só espada.
E saiu da tenda. Eu pisquei surpresa, não podia imaginar que Lan fosse agir daquele jeito. Galia suspirou e olhou para mim sem parecer abalada.
- E você? Vai seguir a vampira ali?
- Maika.
Galia se inclinou em minha direção com uma mão ao lado da boca.
- Vampiros não gostam muito de banshees.
- Por que?
- Deixe isso para lá, Maika.
Lan gritou do lado de fora, Galia começou a rir, ela já devia esperar aquela reação.
- Vamos escolher sua arma.
Ela parou de rir e andou pela tenda.
- Sabe usar alguma?
- Não.
- Menina, onde você foi criada? Todo mundo sabe usar alguma coisa.
Eu dei de ombros e ela continuou.
- Geralmente, quem não sabe usar prefere armas de combate a distância, o que acha de um arco?
Eu olhei para a mesa onde vários arcos estavam organizados, eram lindos, mas eu sabia que não conseguiria usa-los.
- Minha mira é péssima.
- Bom, então que tal uma lança?
Assim que me voltei para ela uma lança foi jogada em meus braços, eu a peguei sem jeito. Ela era inteiramente vermelha, como se ela própria tivesse uma ferida profunda que não sarava. Ergui a lança com uma mão. Galia estalou a língua várias vezes.
- Está ao contrário. Acho que esse também não vai servir, não combina com você, parece uma criança entrando em uma batalha sem ter visto uma faca uma vez sequer na vida. Vamos para o combate direto, mesmo com esse seu corpinho, acho que com um pouco de treino vai conseguir. Todos conseguem.
Ela me estendeu uma espada simples, eu a segurei e a senti pesada, tão pesada que assim que Galia a soltou ela desceu ao chão.
- Faremos o seguinte, escolha uma das bonitinhas aqui.
Ela indicou a mesa coberta por espadas e pegou a que eu mantinha vertical com o chão. Me aproximei da mesa. Eram tantas. Passei meus olhos por todas até parar em uma com o cabo dourado, era trabalhado com os mais delicados desenhos e a lâmina era mais fina e parecia leve, diferente das outras. Ela estava mais distante das demais, isolada como se me chamasse. Estendi minha mão e...
- Ei, ei, ei! Essa daí não, eu disse para escolher entre essas outras.
- Por que não?
- Ela é...
- Amaldiçoada.
Nos viramos, quem estava ali era o capitão, Than. Ele andou em nossa direção, eu sentia um medo instintivo dele, seu tamanho e a cicatriz eram os grandes motivadores, mas o principal motivo era porque sentia que ele possuia algo sombrio dentro de si, algo que o consumia, algo haver com aquela cicatriz que deformava seu rosto, ele era sim um homem bonito, mas aquela marca em seu rosto se sobrepunha a tudo e o tornava assustador, escondendo uma beleza que reparei apenas muito tempo depois.
- Galia.
- Capitão.
Ele olhou para mim, mas não falou, meneei a cabeça para demonstrar respeito.
- Deixe ela ficar com a espada, se ela não tem treino vai ser mais fácil para coloca-la em combate.
- Mas, senhor! - ele desviou o olhar da espada - É justamente por não ter treino que é perigoso.
- Sendo assim a treine.
- Senhor, eu... eu não posso. Minhas funções...
- Certo, então a entregue para Ryan, diga a ele que a treine o mais rápido que puder, não temos tempo a perder. E se for preciso coloque a outra também. Precisamos de soldados, não alunos. E Galia, temos um errante, vamos precisar da mortiça, prepare ela, Torrance vai cuidar de tudo com Helden.
Ele virou as costas e saiu. Galia respirou fundo e eu percebi que ela esteve prendendo a respiração.
- Tyrfing, então. Agora vamos, vou pedir a Kane que as entregue ao Ryan depois que terminar com vocês, tenho que cuidar dessa coisa logo.
Eu peguei a espada e ela realmente era leve. Galia me entregou a bainha, mas me disse para não embaiar a espada, jamais e se a embaiar nunca tirar. Quando a perguntei por que ela tinha me dado a bainha então ela apenas disse que uma espada deve estar sempre perto de sua bainha.×××
Acabada depois do Enem. Triste, mas com esperança. Vou conseguir!
Eu estava em sérias duvidas quanto ao nome do Ryan, se era Ryan ou Rowan, são dois nomes muito bons e eu realmente gostei deles e eu queria dar um nome especial para esse personagem porque eu gostei muito dele, é cativante. Aí ficou Ryan. Vou usar Rowan em outro, algum dia.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasyTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...