Enorme

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Alex disse que devíamos caçar, mas não conhecíamos a floresta então ela disse que iríamos com um dos Guardas. Ela sumiu por um tempo, depois voltou acompanhada de um rapaz. Senti algo estranho.
- Esse é Kane, ele vai ajudá-las por hoje na caçada.
Ele acenou.
- Elas são as novatas, Maika e Lan, cuide delas e não arranje encrenca.
- Quem gosta de causar problemas é você.
- Tubo bem, só não me traga problemas.
Ela bateu forte no ombro dele, mas ele nem se moveu. Quando ela estava longe ele deixou de olhar para trás e finalmente nos dirigiu o olhar e palavra.
- Como ela disse sou Kane, vou ensiná-las por hoje.
- Maika.
Eu disse.
- Lan.
Senti a coisa estranha de novo, mas a ignorei.
- Vamos fazer o seguinte, eu mostro a floresta, os arredores, e ensino a caçar, mas vocês é que vão fazê-lo. Ok?
- Claro!
Lan respondeu empolgada. Me perguntei se ela comeria da caça ou iria contuar a apenas beber durante todo o tempo que fossemos ficar ali.
Kane andou em direção à floresta, nos dando dicas, dizendo para onde ir e o que fazer se nos perdêssemos. Depois ele apontou para uma planta rasteira enorme e disse que devíamos nos esconder ali. Ele sacou as facas que tinha presas às calças e entregou uma para mim e outra para Lan, a terceira ele manteve consigo. Vi que ainda tinha outra e evitei me perguntar o que o fazia carregar quatro facas a qualquer instante. Ele se agachou e fizemos o mesmo.
- Vamos caçar?
- Exatamente.
Ele sussurrou em resposta.
- Vem algo aí.
Lan afirmou e quando ela o fez também senti que algo devia estar se aproximando.
- Por onde?
Lan apontou nossas costas. Kane acenou para ela e se virou, Lan logo depois e então eu. Senti uma vibração no solo e olhei horrorizada para Kane.
- O que é isso?
Ele fez uma careta.
- Encrenca, vamos nos esconder.
Ele se encolheu e puxou Lan que me puxou, nos amontoando um sobre o outro, devíamos parecer um monte de terra graças aos uniformes marrons se não contasse as cabeças. As vibrações se tornaram mais fortes até que achei ser um romper da terra. Sob as folhas de uma planta estranha nos escondemos de uma criatura. Eu pude vê-la entre as folhas, era uma pessoa, podia ser como qualquer outra, exceto por seu tamanho. Um dos pés tocou o solo bem à nossa frente e eu prendi a respiração, era enorme. Quando olhei para cima vi uma mão enorme e uma cabeça muito distante, alcançando a copa das árvores que também não eram crianças. O gigante parou e fungou, aquela respirada era como um gigantesco aspirador. Mas graças aos céus que ele continuou. Kane só nos deixou sair quando as vibrações eram quase imperceptíveis. Eu senti como se respirasse após quase me afogar, já Lan não parecia nem um pouco incomodada.
- Um gigante! - Ela falou empolgada. - Eu nunca tinha visto um. Achei que nem existissem.
Kane limpava o uniforme o alisando.
- Ah! Os desgraçados existem e isso não é motivo para felicidade. Torça para não ver mais nenhum, essas coisas adoram comer qualquer um que tenha um coração bombeando e que cheire a humano. Eles causam muitos problemas para nós da Guarda, sempre tentam devorar reinos inteiros, por isso os prendemos no céu. Vou ter que informar que temos um errante.
- E a caça?
Ele suspirou.
- Tem isso... Bem, acho que o pessoal vai ter que se contentar com pássaros hoje. Venham, vamos pegar meu arco.
Voltamos para o acampamento, Kane entrou em uma das tendas e voltou com um arco no peito e várias flechas à mão. Ele sorriu para nós e eu senti uma leve felicidade. Fiz uma careta. Que porcaria era aquela?

Cidade de Magia - Contos de EspinhosOnde histórias criam vida. Descubra agora