Cidade de Magia - Contos de Espinhos

Hirmas caem do céu

Kane estava de volta, e a sensação também. Ele olhou para a arma de Lan e se surpreendeu e depois para a minha e abriu aunda mais os olhos.
- Vocês são o que?
- Vampira e mestiça.
Lan respondeu e Kane a olhou embabascado.
- Caramba, mandam cada um pra cá!
- Olha quem fala! O mestiço.
Ele olhou para Galia.
- Mas meu tipo de mestiçagem é o mais comum. Qual o seu?
Ele me olhou.
- Alf.
- Com o que?
- Humano.
- Isso é que é ser mestiço de verdade.
- Certo, certo. Não vou discutir isso de novo. Agora é o seguinte, vá com elas fazer o que tinha que fazer e depois as leve até o Ryan, ele tem que treinar as recrutas com as espadas, ordens do capitão.
Kane confirmou e Galia saiu. Ele olhou para nós.
- Vocês pegaram umas armas boas. Mas... essa sua, Maika, certo? - afirmei e ele continuou com uma careta - ela é ótima, mas também amaldiçoada, uma arma sanguinária. Já a da... Lan, é ótima, só difícil de usar.
Lan deu dois tapinhas na espada.
- Eu dou conta.
- Pois bem. Vamos logo. Hoje eu vou caçar, mas tenho que mostrar onde ficam os pássaros e os que podemos comer. Amanhã mostro como montar armadilhas para os maiores.
Seguimos Kane pela floresta mais uma vez. Ele nos levou até um local onde as folhas eram mais verdes, mais jovens e se escutava o canto incessante de aves. Lan estava irritada.
- O que foi? Parece irritada.
- Esses bichos estão me deando dor de cabeça.
Ela trincou os dentes e eu vi seus caninos, eles pareciam ainda maiores. Nessa hora eu resolvi finalmente perguntar a ela.
- Lan, o que você vai comer?
Ela olhou para mim confusa, mas ainda irritada.
- Sangue.
- Como vai conseguir?
Ela resmungou um pouco.
- Dos animais. Não é tão saboroso e nem tão nutritivo, mas estando longe de casa não há doadores.
- Doadores?
- É!  - ela respondeu alto - São os que nos dão sangue, não é de graça, mas melhor que depender de uma produção artificial ou controlada em animais. O sangue deles fede demais, seca muito rápido. Os elfos têm o melhor sangue...
Eu vi um reflexo de fome e desejo em seus olhos e decidi parar de perguntar. Lan podia ser assustadora.
Kane chamou nossa atenção, para que víssemos com ele faria. Ele estava com uma pedra na mão a jogou no ar algumas vezes antes de a lançar para o alto das copas. A batida de asas iniciou imediatamente. Kane tinha uma flecha às mãos, ele a mirou e esperou.
- Os mais gordos saem por último, mas só dos Hirma, são os maiores aqui. Esperem para tentar capturar e então...
Ele soltou a linha e a flecha, ela zumbiu no ar e algo caiu do céu. Não era um pássaro morto. Era a comida. Se pensasse de outro jeito não comeria, mas evitar o pensamento quando serviram pedaços de vários daqueles pássaros em pratos eu senti vontade de vomitar e não comi. Lan não se alimentava na mimha frente e eu agradecia por isso, jamais poderia vê-la como amiga se ela o fizesse, por mais que a aceitasse como era, ver ela com os dentes cravados em alguém ou algum animal, ver sua boca e dentes cobertos por sangue me fariam vê-la apenas como o monstro que eu sempre tive medo. Kane continuou disparando flechas, um após a outra e em todas disparadas um pássaro caia do céu com uma flecha atravessando seu peito.
Depois da refeição que eu não tinha realmente aproveitado, tinha comido apenas o grão que parecia muito com arroz, Kane nos chamou novamente, nos tirando da pequrna roda formada apenas por mulheres. Disse que tínhamos que falar logo com Ryan. Então fomos o conhecer e esperar que mais uma vez eu recebesse algum treino.