Coelho-cervo

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Me inclinei sobre a mesa colocando a cabeça de lado, levei o pincel com todo o cuidado para o papel tracei a pequena linha e me ergui orgulhosa. Meu coelho-cervo era perfeito. Desenhar ou pintar nunca tinha sido meu forte e eu nunca tinha sido tão habilidosa quanto minha mãe, na verdade eu era péssima, o que sempre fazia minha mãe rir, não sei porque. Mas aquele coelho-cervo era o auge de minhas obras.
- O que é isso?
Olhei para cima. O ar parou de fluir. Akira, com sua máscara perturbadora estavam atrás de mim. Ele se inclinou sobre mim e pegou o desenho.
- Você escreveu em que língua?
Ele levou a mão livre ao queixo enquanto olhava para meu desenho, que na verdade estava de cabeça para baixo, eu o tinha virado para fazer a galhada. Resolvi me aproveitar de seu engano, não iria dizer para ele que eu estava desenhando enquanto devia estar escrevendo.
- Bem... São simples rabiscos... sabe... aquela língua... Egípcio?
Ele virou a folha. Congelei. Me movi um pouco, de forma que pudesse correr dali antes que ele me desse um sermão ou fizesse qualquer coisa.
- Não sabia que ensinavam a língua dos antigos na Terra. - ele se agachou - O que tem escrito?
Ingênuo, ele era mais ingênuo que parecia, muito mais. Depois da surpresa um sorriso nervoso escapou por minha boca.
- Isso e aquilo. - olhei para os lados, buscando palavras aleatórias. - O... grande... - alguma coisa, por favor! - galho... é... a... verdade!?
Soou tanto como uma pergunta quanto uma exclamação de puro alívio. Akira pôs a folha na mesa mais uma vez e se voltou para mim.
- É o suficiente.
Se levantou.
- Se troque. A acompanho à sua casa.
Respirei com tranquilidade. Tinha conseguido.
Afinal, o que eu estava pensando ao iniciar uma sessão de desenhos? Devo agradecer muito a minha completa falta de habilidade por me tirar daquela. Quem diria que ele iria achar que era alguma língua estranha? Eu realmente devia ser péssima, terrível e desastrosa com um pincel.

◇•°•◇

Minha barriga clamava por ainda mais comida, mas estava na hora de parar ou iria explodir de tanto comer. Claren sorria satisfeita quando lhe entreguei meu prato.
- Estava muito bom.
Ela alargou mais o sorriso. Brittany já escorregava no sofá e nosso ilustre visitante a olhava assustado. Me sentei ao lado dele, seu olhar para mim se manteve com a expressão de espanto.
- Como vocês conseguem comer tanto?
Britta riu alto, se aproximou de Gui e colocou um braço em volta dos seus ombros estreitos.
- Isso se chama combo de fome e uma boa comida na frente.
Ela riu sozinha e o soltou, se levantou e subiu as escadas. Exibi um sorriso para o belo garotinho ao meu lado.
- O que aconteceu com sua cabeça?
Automaticamente levei uma mão às faixas.
- Eu caí no chão, de cara.
Ele exibiu um pequeno sorriso.
- Deve ter sido engraçado.
Eu ri e ele abriu mais o sorriso.
- Oh! Sim, deve mesmo.
Seu olhar ganhou brilho.
- Riram de você?
Pensei em Akira me perguntando se eu estava bem.
- Não. Mas com certeza essa pessoa perdeu uma boa chance de rir, já que estou bem.
Ele ficou sério.
- Se eu tivesse visto não teria rido até saber que estava bem.
- Ah! É mesmo? - ele confirmou sério. - Então tu és um belo cavalheiro.
Ele se curvou levemente eu eu caí em risos.
- Vamos preparar?
Claren entrou na sala secando as mãos. Gui olhou para o chão.
- Ainda é cedo.
- E que horas o senhor dorme?
Ele olhou para ela.
- Meia noite.
Claren se espantou e eu também.
- É muito tarde!
- Sou meio vampiro. Não dormiria à noite se não fosse pelo lado lobo.
Os ombros de Claren caíram.
- Mas é realmente muito tarde.
Olhei para Claren.
- Eu posso ficar com ele até que durma.
- Faria mesmo isso?
Observei o aspecto cansado de Claren.
- É claro! Pode ir dormir. Eu e Gui temos muito o que falar.
Ela sorriu fracamente.
- Está certo. Então... vou indo. Se precisarem de algo não hesitem em me acordar.
- Combinado!
Ela subiu as escadas. Gui e eu nos olhamos. Exibi um sorriso para ele que foi imediatamente retribuido.

×××
Também estou com sono......
Amanhã vai ter outro cap.
Acho que vai ser mais emocionante, espero.

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