Conti um bocejo e tentei manter os olhos abertos. Não era sono, apenas tédio, era aula de História Vazia e apenas eu achava que aquela aula realmente era um vazio. Já sabia de tudo aquilo que o professor ensinava tão empolgadamente. Minha cabeça se mantinha erguida graças ao apoio de minha mão, meus olhos piscavam demoradamente e eu não via nada além do vulto do professor, sua voz estava distante e era quase como uma canção de ninar. Talvez só um pouquinho...
Levei um susto quando minha cabeça quase caía na mesa. Pisquei várias vezes e percebi que todos estavam se levantando. Olhei ao redor sem entender coisa alguma.
- Maika!
Era Cameron, exibi um sorriso para ele.
- Olá!
- Qual a sua próxima aula?
Olhei para a grade.
- Plan... - duvidei do que estava escrito - ...tologia?
- É a mesma que Drake. Quer ir com ele?
Ele apontou para trás, o fae de cabelos loiros e rosa descia em nossa direção.
- Se não for incomodar...
Drake esbarrou em Cameron.
- Hey! Acorda, cara!
Drake piscou algumas vezes e finalmente nos olhou.
- Ah! Oi.
Ele falava calmamente.
- Oi.
Respondi tentando ser carismática.
- Eu vou para Armas agora. Drake, pode acompanhar a Maika?
- Claro.
Cameron sorriu e acenou.
- Vou indo então. Até o treino.
- Até.
- Vamos?
Drake já estava indo à porta. Me apressei e segui atrás dele.◇•°•◇
Me aproximei mais, aquilo era muito estranho.
- Todos direito! E sem pegar nas plantas.
Aquilo era mesmo uma planta? Tinha razões mais que suficientes para acreditar que não. Além de não ser nem um pouco verde, tinha uma cor branca fantasmagórica, as folhas, se é que podiam ser chamadas assim, estavam voltadas para baixo, eram redondas e não pareciam muito com folhas, no extremo havia uma espécie de brotamento sinistro, parecia uma boca aberta, era como a flor copo-de-leite mas com expansões interiores que lembravam dentes.
- Hoje vamos trabalhar com nossas adoradas dracidas, as plantas com propriedades medicinais muito potentes. Como todos devem saber, dos anos anteriores de seus estudos, se removidas do substrato de forma inadequada se tornam venenosas, mortais.
Engoli em seco.
- Os que conseguirem remover mais delas corretamente poderão levá-las para casa.
Os alunos começaram a falar entre si, como a planta era rara. A professora bateu palmas e todos se calaram.
- Quem não conseguir ter sucesso em nenhuma vai me ajudar a plantar as novas mudas - ela sorriu - e cuidar até estarem boas para colher.
Vi uma sombra cobrir o rosto de todos, deveria ser muito trabalhoso.
- Podem começar.
Olhei para Drake, ele já tinha tirado três dos jarros.
- Que rápido! Já tem prática?
Ele parou por alguns segundos, ficou olhando para a frente.
- Drake?
Ele se virou para mim.
- Falou comigo?
Pela forma como reagiu soube que não tinha sido intencional.
- Eu perguntei se já tem prática com essas plantas.
- Oh! Sim. Ano passado eu não consegui tirar nenhuma direito. Tive que passar o resto do ano cuidando das novas mudas. Acabei aprendendo.
- Nossa!
Olhei para o jarro a minha frente. Estiquei a mão e puxei a planta. Escutei alguma coisa, tenho certeza. Olhei para aquela coisa horrorizada enquanto via a boca estranha se fechar e então começar a ficar cinza. Soltei querendo me afastar ao máximo daquilo. Olhei para Drake desesperda, como ia fazer aquilo?
Ele estava me encarando. Esperei ele dizer alguma coisa, mas ele continuou calado.
- Drake?
Ele piscou.
- Sim?
Suspirei, ele devia ser avoado, ou muito distraído.
- Será que pode me ajudar?
- Sim! Claro.
Ele me mostrou como tirar a planta do jeito certo. Tem que ser aos poucos e evitar pegar nas folhas, e girar enquanto remove. Depois de ele ensinar consegui tirar uma com sucesso, mas ainda sentia aversão a aqueles vegetais brancos.◇•°•◇
- Srta Sellivard!
Me levantei. A professora de plantologia tinha me chamado enquanto voltava para a estufa.
- Está liberada. Pode ir.
- Ammm... Como?
Ela apontou para a porta.
- Vá!
- Sim!
Me reprimi diante do tom autoritário dela. Andei a passos curtos e apressados para fora, onde me deparei com uma fae de cabelos rosa e óculos, Srife.
- Vieram lhe buscar.
- Quem?
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasíaTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...