Algo agarrou meu pulso, foi assim que acordei assim que virei o rosto vi os olhos brilhantes de Ryan. Me permiti relaxar.
- O que aconteceu?
- A bruxa o cortou com alguma coisa e você sangrou muito, eu achei que ia morrer, que estava morto, mas ainda respirava. Então eu cuidei de você...
- Ela foi embora?
- Sim.
- Como?
Eu ia falar sobre Sef? Eu só tinha falado dele para Adam, deveria contar?
Por que eu ainda me perguntava essas coisas? A verdade sempre é a melhor opção.
- Sef a encarou.
- Mas ela te atacou?
A lembrança do sufoco e do aperto no pescoço me atingiu. Sem perceber já levava a mão ao local, senti as correntes de metal.
- Sim.
- Se feriu?
- Estou bem. E você? Já está totalmente recuperado?
- Sou imortal. Existem poucas coisas que podem acabar com um imortal. Quem é Sef?
O encarei por alguns instantes.
- Um lobo. Ele apareceu e de algum jeito assustou a bruxa.
- É um licantropo?
- Acho que sim. Ele não virou hu- não se transformou.
- Então como sabe o nome dele?
- A... - parei de falar subitamente percebendo algo - ... A bruxa o chamou assim.
Preocupação invadiu o olhar dele.
- Então devem ser aliados. Deve ser o mesmo lobo que rondava o reino e o mesmo que eu vi no outro. Tirya... onde ele está agora?
- Eu não sei. Ele foi embora antes...
Baba, ela tinha pedido antes para não falar sobre ela. Ela era aterrorizante e as histórias com ela ainda mais. Não queria ser o novo prato dela.
- De você acordar.
Ele se sentou fazendo uma careta e logo apertava o estômago.
- Você está bem mesmo?
Tentei segurá-lo, mas ele se manteve firme e estendeu uma mão espalmada, ele não queria ajuda.
- Veneno. Ainda está no meu corpo, atrapalha a recuperação e ela usou ferro, a fraqueza dos portadores, - ele sorriu de lado - mas não a dos deuses, dos expulsos. Uma vantagem, ao menos.
Abaixei meus braços.
- Certo... O que faremos agora?
- Quanto tempo eu estive apagado?
- Um dia e duas noites.
- Os outros já devem ter chegado e se instalado em algum lugar por perto. Vamos procurar. E esperar que não tenham sido atacados, também.
Acenei e ele se forçou a levantar. Mesmo com a ajuda de Baba ele ainda não estava totalmente recuperado. Pensei na água que Lark tinha me dado, se eu ao menos a tivesse...
Suspirei, não era hora de lamentar o que já estava perdido. Eu tinha que agir. Ryan já tinha se levantado. Peguei sua mão e passei seu braço por cima de meus ombros.
- O que é isso? Eu posso comigo mesmo.
- Apenas por garantia.
Ele não se opôs mais então o ajudei a ir para o lado de fora, deixei ele em pé e peguei as espadas, ele olhou para trás quando eu estava voltando.
- O que aconteceu com a mochila?
Desviei o olhar.
- Eu tinha que ser rápida, para te ajudar, então...
- Então você só pegou as espadas e jogou minha mochila fora. Parece que sua vingança foi feita.
- Vingança?
- Por ter salvado só você.
- Ah! Não. Foi só a pressa.
- Enfrentou a bruxa? - Acenei - O que aconteceu?
- Eu quase morri, mas parece que cortei o rosto dela, foi aí que ela começou a me sufocar, então Sef apareceu e me salvou. Ele que achou esse lugar.
- Está mesmo convencida que é ELE, por que não seria ela? Afinal, Sef não me parece muito... masculino.
Dei de ombros e passei o braço dele por meu pescoço.
- Intuição feminina?
Ele revirou os olhos e começamos a andar. Ele conhecia aquele lugar tão bem que suspeitei que tivesse um mapa escondido. Bastou que eu apontasse a direção do reino e ele nos localizou, disse que o local de acampamento da guarda já era definido e que bastava seguirmos para lá. Mas aí, no meio da floresta tudo ficou escuro subitamente e nós vimos um cavalo branco e uma menina.
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Cidade de Magia - Contos de Espinhos
FantasyTirya está a caminho da Cidade dos Contos, onde nem todo conto tem um final feliz. Além de ter que suportar um superior de uma personalidade complicada e mais uma vez ficar sozinha ela vai ter que enfrentar os perigos e criaturas da Floresta sem f...