A Breve História De Kelly e Laura

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Kell

Logo depois que chegamos na empresa, Rick já deu as escapadinha dele me deixando sozinha com um monte de papéis para assinar. Rick e eu somos muitos amigos a cinco anos e ele me deu plenos poderes na empresa, com certeza para facilitar a vida dele é claro. Folgado!

Conheci Rick na boate LGBT que fui essa semana. Eu tinha apenas 15 anos. Se eu podia entrar? Claro que não. Mas eu sou bem parecida com minha tia, roubei a indentidade dela que é 4 anos mais velha que eu. Na entrada passei facilmente se passando por ela. Fiz isso várias vezes até o dia que conheci Rick. Já era quase duas da madrugada quando vi Ricardo bebado no balcão, ele se agarrou no meu pescoço como fossem melhores amigos e me entregou a chave do carro pedindo pra levar ele para casa. Tirei ele de lá e deixei encostado em um carro qualquer e sai apertando o botão de alarme da chave. Cada carro que via eu apontava e apertava. Depois de várias tentativas vi um acender. Fiquei incrédula, conferi várias vezes para ter certeza se era aquele carro mesmo. Aprendi a dirigir com doze anos no fusca do meu avô, depois dei umas voltas no carro do meu pai que nem se compara ao jaguar que eu estava entrando naquele momento. Dei alguns vacilos no volante até pegar jeito. Coloquei Ricardo no carro e ele me passou o endereço, chegamos em frente a uma mansão, dei um banho nele e coloquei ele na cama. Perguntou de que eu ia para casa e eu respondi que iria no ônibus e ele mandou eu ir no carro dele. Foi um sufoco para esconder o carro de meus pais e entrar em casa sem eles perceberem que eu tinha saido.

No outro dia só era os falatórios do carro parado na rua de baixo. Me vesti normalmente para ir a escola, observei se não tinha ninguém olhando e fui devolver o carro do rapaz que eu nem se quer sabia o nome.

Cheguei quase uma hora da tarde na casa dele e o rapaz ainda dormia. Fiquei olhando a cara amigável dele quando foi acordando aos poucos. Expliquei tudo o que tinha acontecido e viramos amigos desde então. Ele me empregou alguns dias depois, fora da lei é claro. Quando fiz 18 anos ele me deu metade do meu carro e  o cargo de confiança que tenho hoje. Doido ele né?

Eduarda

Cheguei em casa e expliquei a minha vó tudo que havia acontecido com a garota que teve aqui ontem. Ela me deu conselhos confortantes e quando eu tava bem mais calma ela me levou para o hospital. Tinha uma mulher de no máximo 38 anos, pela aparência imaginei ser a mãe de Laura. Me aproximei dela e perguntei: -Você é a mãe de Laura?

-Sim! Você é a garota que a encontrou desacordada?

-Sim! -Mal conseguia falar, tinha a impressão de ter uma pedra na minha garganta. -Vim pra saber como ela está!

-Ta bem melhor... Já acordou e está fazendo alguns exames... Queria te agradecer por ter ajudado minha filha e se preocupar ao ponto de vir aqui. -Só consegui sorrir meio sem vontade. Deixei minha vó conversando com ela e fui tomar um pouco d'água.

Quase duas da tarde, os exames já tinham acabado e tinha diagnosticado um transtorno alimentar. O médico deu alta a Laura, nós tinha vindo no carro de vó e ela deu uma carona até a casa delas.

Laura

Não lembro de muita coisa depois que  cheguei ao banheiro. Só lembro de ter acordado dentro de um carro estranho cheio de aparelhos,  seu Mário e mais dois homens que eu não conhecia a meu lado. Apaguei de novo e acordei horas depois com minha mãe chorando perto de mim. Tinha a impressão de tá em um pesadelo, mas eu não conseguia sair dele. Quando tudo começou a se esclarecer, eu estava em um hospital e umas enfermeiras me levando para fazer exames. Depois recebi alta e Eduarda tava me esperando com a vó dela, fiquei com um pouco de vergonha, não queria ter dado tanto trabalho. Elas levaram eu e minha mãe até em casa, mas não quiseram entrar. Meu pai não apareceu. Dormi o resto da tarde e a noite inteira. Quando acordasse não iria para escola.