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Laura

-Que tal aquele Milk Shake? -Kelly pergunta assim que entramos na casa da vó dela.
-Pode ser! Que filme vamos assistir?
-Escolhe um enquanto eu preparo o milk. -Ela some em direção a cozinha e eu fico na sala sozinha. Olhei para a escada que vi Eduarda cair no capítulo vinte e um, e subi cada degrau segurando o choro. Cheguei ao antigo quarto dela e várias e várias lembranças de Eduarda passavam em mente. Nossos beijos, nossas tardes de amor escondidas de dona Diná, as noites que eu dormi com ela... O cheiro de Eduarda estava misturado a poeira no lençol. 
-Esse livro... -Peguei  o livro que eu tinha emprestado a ela alguns dias antes dela ir. Estava um pouco empoeirado e tinha uma página marcada um pouco depois do meio com uma citação destacada com canetinha fluorescente.-Sabe o que quero agora? Te fazer cafuné, sussurra em teu ouvido palavras bonitas e também sacanagens, sentir o cheiro que exala da tua pela, provocar e sentir prazer. -Não consegui mais segurar as lágrimas, me debrucei por cima da cama dela e chorei.
Chorei até sentir a aproximação e o abraço de Kelly. Senti o corpo dela colar na minhas costas, os braços cruzarem na minha barriga, a força dela me levar até o colo, a respiração alterada perto do meu ouvido.
O abraço dela foi uma espécie de analgésico e toda dor que eu sentia por falta de Eduarda sumiu e eu acabei relaxando nos braços de Kelly.
Não sei quanto tempo nós duas estávamos ali, assim, abraçadas, quando senti a mão leve de Kelly passar pelo meu rosto e tirar uma mecha do meu cabelo.

Kelly

Cheguei na sala com os copos e procurei Laura, mas ela não estava. Depois de pensar alguns segundos, deduzi que ela estaria no quarto da namorada e eu não errei. Encontrei-lha chorando, sentada no chão, debruçada na cama de Eduarda. Fiquei de joelhos perto de Laura pensando se seria o certo confortá-la mesmo com todo o desejo que sinto, e minha resposta para mim mesma foi sim. Abracei Laura e mais desejos que eu desconhecia até então, surgiram. Passei a mão pelo rosto macio dela, afastei uma mecha do cabelo que escorreu e ela se virou lentamente me encarando.
Aproximei nossos rostos e a beijei.

Laura

Senti a boca de Kelly se encaixar perfeitamente na minha. As mãos dela percorrer meu corpo e cravarem no meu cabelo. A força, os movimentos, o gosto... Tudo milimetricamente pensado para me fazer a pessoa mais realizada do mundo em um beijo. E era assim que eu estava me sentindo.
O abraço, o beijo, Kelly me fez esquecer todo o resto lá fora.  Ali naquele quarto era só ela e eu. Não existia mais dor, pecado ou qualquer coisa que me levasse a infelicidade novamente. Exceto, a lembrança de Eduarda e o arrependimento minutos depois.

Não estava me sentindo legal. Afinal, eu trai Eduarda com a prima dela. Eduarda é o grande amor da minha vida e Kelly é de todas. Elas duas não tem comparação. Nem os beijos se comparam.

Kelly

Senti Laura afastando-se lentamente e saindo do meu colo para o chão.
Ela me encarou por um tempo em silêncio e levantou-se.
Eu continuei sentada vendo ela sair do quarto.
Eu não sabia o que eu deveria fazer. Se ir atrás dela seria um boa ideia ou se ficar ali sentada iria resolver alguma coisa.

-Desculpa! -Me levantei rapidamente e corri atrás dela a encontrando já no meio da escada. Ela parou, me olhou e voltou a andar em direção a saída.

Agora realmente não sabia o que fazer mais. Ela estava indo embora, acabará de passar pela porta de saída.  Acho que nós duas resolveria esse dilema se ela me batesse, gritasse, esperneasse, dissesse que aquilo era errado... Mas ela em silêncio me deixava frustada.

Acompanhei a garota e caminhamos até a casa dela. Mantive uma distância de cerca de um metro ou mais. Laura sempre olhando para frente e eu de cabeça baixa logo atrás.

A Breve História De Kelly e LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora