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Kelly

-Você já pode voltar quando quiser, Kell. -Rick falava cortando algumas verduras.
-Eu não vou mais voltar! -Afirmei sentada em uma cadeira.  -Hunter está cuidando bem da nova filial junto com Carol.
-Já fazem quinze dias que estou longe do meu mozão.
-Sinto muito. Mas eu não posso voltar!
-Mas você vai para a inauguração, né? 
-Não sei!
-Kelly Sykes, eu exijo sua presença!
-Okay!  Vou pensar. Você me empresta seu carro?
-Vai aonde, doninha? 
-Precisando dá uma volta.
-Okay! Pode pegar. -Ele se esticou para beijá-lo e eu dei um selinho. -Mas volte para o jantar!
-Em uma hora no máximo!
-Espero!

Estava a alguns minutos na direção quando comecei a estranhar um carro que vinha um pouco atrás do meu. Forcei meus olhos para conseguir identificar o motorista e nada. O vidro era fumê. -VIDRO FUMÊ! Desgraçada. -Acelerei um pouco mais. O carro de Rick sem dúvidas era mais potente que o dela, mas não consegui acelerar por muito tempo, já que o sinal estava para fechar. Vi o sorriso diabólico de Beatriz  quando baixou o vidro no sinal fechado. As pessoas terminavam de ultrapassar a facha de pedestre e eu acelerei antes do sinal abrir.
Estava perdida, sem dúvidas. Diminui a velocidade para tentar ver onde estava, se via uma placa identificativa. Mas nada.
-Para o carro! -Dois homens de moto encostaram. O garupa veio em minha direção com arma em punho.
-Está tudo bem!  -Mantinha as mãos levantadas. -Vou usar a mão esquerda para tirar o cinto.
-Tu fica quietinha faz tudo que eu mandar. -Ele abriu a porta de trás e entrou. A arma estava apontada para minha cabeça. -Tu não vai tirar a mão desse volante, tá ligado? Segue reto. SEGUE RETO!  -Ele empurra minha cabeça com a arma.
-Eu não tenho cartão aqui, moço!  Mas você pode ficar com o carro.
-Tu fica calada! -Senti o impacto do revólver em minha cabeça. -Vira a esquerda! Para ali naquele poste. -Fiz o que ele mandou.
-Você! -Beatriz entrou no carro.
-Saudades, meu amor? -Ela pegou em minhas bochechas e me puxou para um beijo, mas eu me afastei e fui atingida novamente. -Você é minha e tem que fazer tudo que eu quero ou se preferir o rato te apaga agora mesmo.
-Você quer o que de mim?
-O monstro já chegou! -Ela olhava pelo retrovisor uma moto se aproximar. -Vai, rato! Coloca a gasolina no porta malas. Abre o porta malas para ele, amor.
-O que vocês vão fazer?
-Abre o porta-mala, meu bem! -Ouvi o barulho da arma ser destravada e eu apertei o botão. -Boa garota! 
-O que você quer? -Perguntei vendo os homens colocarem vários galões de gasolina no porta-malas.
-Vamos passear, meu amor. -Ela passa uma mão em minha perna, enquanto a outra segurava a arma. -Te amo tanto! Vamos ficar juntas para sempre.
-Onde vamos? -Eu estava com muito medo.
-Bem longe! Quero gastar quarenta horas de viagem, meu amor!
-Você é louca!
-Para você ver o que o amor é capaz de fazer. 
-Pronto, patroa. -Um homem se aproximou da janela.
-Bom meu amor, agora você vai dormir um pouquinho! -Ela colocava um líquido em um pano que eu achava funcionar só em novelas. -Nesses três dias eu te acordo para nossa lua de mel longe daqui!
-Por favor Beatriz, não faz isso.
-A gente vai ser feliz! -Ela se aproximou com o pano e eu tentei reagir. Mas os homens apontaram uma arma cada um. -Te amo!
...

Laura

Já fazia quinze dias que eu não via mais Kelly. Ela havia viajado! Todos as tardes eu ficava online esperando ela mandar um oi se quer e nada.
-Oi, mona! -Hunter apareceu na janela onde eu estava sentada.  -Pensando nos amores?
-Digamos que sim! Cadê Carol? 
-Sei lá daquela sapatão! Achei que você soubesse! Vamos rangar lá na casa de Kelly?
-Estou sem fome! Não estou me sentindo bem! -Desci da janela para meu quarto. -Você quer entrar?
-Está sentindo o que?
-Você tem falado com Kelly esses dias?
-Sim! Quando não, Ricardo me dá notícias.
-Ela está bem?
-Está sim!  Só que Rick falou que ela não quer vir mais para cá.
-Ah!
-Então, muna amur. Liga pra ela. -Ele tira o celular do bolso e me entrega.
-Não! Melhor não!
-Bom! -Ele devolve o celular para o bolso. -Estou indo. Quando Carol aparecer, se ela aparecer pede para ela ir lá na casa.
-Pode deixar!
-Se quer um conselho de amiga. Liga para ela! Amiga não. Amigo!  -Ele rir e eu sorrio de volta.

-Alô! -Uma mulher com a voz diferente atendeu.
-Kelly? 
-Não! Ela está aqui comigo, mas ela cansou... Você sabe! E está dormindo.
-Ah!  Desculpa então!
-Sem problemas! Quer que ela te retorne quando acorda?
-Não! Não precisa! Se poder apagar a chamada e não falar nada que eu liguei seria bom.
-Claro! Tchau. 

Senti um arrepio quando desliguei a chamada. Mas quando eu lembrei do "Você sabe" me deu um nojo de mim e de Kelly e acabei chorando com a raiva.

A Breve História De Kelly e LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora