Eduarda
Estava muito tedioso o dia sem poder me movimentar ou sair de casa. Minha vó tentava animar meu dia conversando, mas o que eu queria mesmo era ver Laura. Não podia ligar para o americano falsificado. Não tinha nada pra fazer além de ver vídeos bobos na internet. Então eu fiquei gastando meu tempo assim mesmo. Cada coisa que o povo posta!
Laura
A escola tava um tédio só. A aula acabou e eu liguei para mãe avisando que ia demorar, pois ia passar na casa de Eduarda para deixar o caderno com ela.
-Oi, minha filha! -Dona Diná abre a porta depois que toquei a campainha. -Entra, querida! Eduarda está lá em cima. Pode subir.
-Obrigada, dona Diná! -Entrei na casa e subi as escadas. Bati na porta do quarto de Eduarda.
-Entra! -Ouvi a voz dela e abri a porta. Ela estava deitada na cama com o notebook sobre ela. -Tudo bem?
-Sim! Vim ver como você está e trazer a matéria.
-Só isso ou tem mais? -Ela senta e começa a folhear o caderno que eu havia entregado.
-Tem prova de química sexta-feira. A matéria tá ai!
-Eu estou falando se você veio só trazer a matéria ou tem outro motivo.. . Tipo, saudade!- Ela me olhou com um sorriso e eu corei.
-Então! É só isso mesmo... Amanhã eu passo bem cedo... Para pegar o caderno de volta. -Falei tropeçando nas palavras. Fiquei visivelmente nervosa. Que vergonha!
Eduarda
Quando alguém bateu na porta eu me toquei na hora que era Laura. Como? Ela bateu cinco vezes: tó-doc tóc tóc. Quando é minha vó é só duas: Tóc tóc .
Ela veio trazer a matéria que eu perdi por faltar. Ela tinha falado que nos dias que eu não fosse para escola, ela trazia para mim e eu tinha esquecido disso.
-Vai aonde? -Perguntei quando ela ia saindo do quarto. -Senta aqui?
-Melhor eu ir! Tenho que ir! Tchau!
-Que palavra é essa aqui? -Apontei para uma palavra qualquer e ela voltou.
-Essa? Circunferência. Tá legível.
-Ah, é! Preciso conversar com você e é sério. Senta, por favor!
-Não quero falar sobre o acidente.-Ela me olhava triste. - Ainda me sinto tão culpada.
-Não é sobre o acidente. Não lembro o que acontece, mas a culpa não é sua. Eu tenho pouco tempo e tenho que te falar antes de ir.
-De ir para onde? Você vai embora?
-Deixa isso pra lá. -Peguei as mãos dela e segurei. -Eu estava conversando com minha prima esses dias e acho melhor não perder tempo.
-Fala logo! Tá me deixando preocupada. -Ela puxa as mãos das minhas.
-Bom! É que eu estou gostando de você.
-Eu... Eu... Você... É uma boa amiga. -Os lábios dela tremiam.
-Não tou te falando de amizade! -Eu me aproximei mais... E fui me aproximando.
Laura
Fiquei nervosa com o que Eduarda havia acabado de falar. Eu como sempre travei. Ela ia se aproximando... E se aproximando. Quando me dei conta já estava com a boca dela colada na minha. Me afastei rapidamente.
-Somos duas garotas, Eduarda!
-Garotas também namoram garotas. -Ela fala. -Laura, me dá uma chance? Uma única chance?
-Eu não pos... Não levanta! Senta. -Tentei ajudar ela a sentar novamente e ela me puxa e me segura por cima dela. -Não faz isso!
-Isso o que? Isso? -Ela me beija. As mãos dela percorriam minhas costas e uma das pernas me imobilizava prendendo as minhas. Eu não conseguia raciocinar como sairia dali e também não fazia questão. Era um beijo bom. Um beijo quente, um beijo com paixão e eu fui me entregando.
-Você tinha fechado a porta? -Eduarda me olhava assustada depois de ouvir a porta bater.
-Não. Me diz que foi o vento!
-A corrente teria passado pela janela. Mas ta fechada. -Ela começou a rir. -Acho que a vovó não gostou muito.
-Não brinca!. -Tentei me levantar, mas ela ainda me prendia com a perna. -E você fica com essa tranquilidade? Me solta.
-Se eu for expulsa vou morar com você mesmo. -Ela ainda ria e eu não via graça nenhuma.
-Tá doida? -Me levantei ajeitando a blusa amarrotada. -Tenho que ir.
Desci as escadas correndo e por sorte dona Diná não estava na sala. Sai correndo da sala quando vejo Diná fechando o portão a minha frente. Fiquei paralisada olhando para a senhorinha. Ela acena para mim.
-Oi, querida! Ia aproveitar que você estava com Eduarda e ia comprar um sorvete para sobremesa. Será que você pode ficar com ela mais cinco minutinhos?
Não consegui responder. Apenas sorri e dei meia volta.
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A Breve História De Kelly e Laura
Любовные романыQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...