A Breve História De Kelly e Laura

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Kelly

Queria chegar logo ao Brasil. Por mim, teria colocado o avião nas costas para vir mais rápido. O avião pousou meia noite e para piorar, tinha acontecido um acidente na estrada que atrasou minha chegada em casa por causa do congestionamento. Mas enfim, depois de todos os perrengues da viagem, cheguei em casa na madrugada. Tentei por alguns minutos dormir, sem sucesso é claro. Peguei o celular e liguei para a dona da minha insônia (Romântico isso, né?). Li em algum lugar que quando você não consegue dormir é porque está acordada no sonho de alguém. Acordei ela para ver se eu conseguia dormir.
Fiz algumas chamadas de vídeo no messenger do Facebook, mas ela não aceitou. Desisti na terceira tentativa. Havia aceitado em ir dormir sem falar com ela, quando o vi ela retornando a chamada. Aceitei no mesmo instante e lá estava ela na tela do celular toda drog, cabelo bagunçado e vestida com o pijama de unicórnio que mandei.

Laura

Era madrugada, estava dormindo quando ouvi o celular tocando, achei que fosse sonho, mas ele não parou e continuou tocando por mais alguns segundos. Estava drog pelo sono quando procurei o celular no criado onde guardo os livros. Vi na tela uma chamada de vídeo, era Kelly Sykes me ligando as quatro da madrugada  e eu pensei mil coisas ruins antes de retornar.
-Oi.
-Oi. -Ela apareceu na tela.-Desculpa te ligar a essa hora,  mas eu precisava te ver antes de ir dormir.
-Já está no Brasil?
-Sim. Acabei de chegar!
-E Eduarda?
-Na mesma! Melhor a gente se falar depois! Não deveria ter ligado a essa hora. Desculpa!
-Tem problema não... E obrigada por mandar a blusa que te pedi... Adorei os livros também!
-Vi que você mudou bastante. Fico feliz!
-Verdade! -Senti minhas bochechas queimar.-Carol me ajudou!
-Que bom!
-Ela já deve ter chegado por ai também!
-Verdade! Pela hora do voou que eu marquei... -Ela colocou a mão na boca.
-Como assim você marcou o voou dela? -Perguntei curiosa, já que ela poderia muito bem ter feito isso. -Por sinal, como Carol pegou essas férias tão rápido?
-Foi... Foi uma licença... Uma promoção! Foi um bônus de melhor funcionário. Isso um bônus! 
-Bônus?! Sei! Acho melhor você ir dormir... Está falando coisa com coisa!
- Nós se fala depois? 
-Claro!  Boa madrugada!
-Beijo, Laura! 
-Beijo!
Encerrei a chamada, o sono já tinha ido embora e eu peguei um livro para ler.
"-Olhe para mim, América.
Pisquei algumas vezes e olhei para ele. Mesmo com dor, ele abriu um sorriso.
-Pode abrir meu coração.  Mil vezes, se desejar. Sempre foi seu para machucar como quiser. "
-Mesmo com dor, ela sempre sorria para mim. -Lembrei de Eduarda. Ela sempre sorria para mim mesmo com dor de cabeça e eu nunca imaginei os porquês. -Que namorada eu fui? -Chorei até o dia amanhecer olhando as fotos e sentindo o cheiro da camisa que ela mais gostava.

Kelly

Laura encerrou a chamada e eu fiquei toda boba por ter visto ela bem melhor que antes da viagem. Tentei mais alguns minutos dormir e novamente não tive sucesso.
-Rick! -Entrei no quarto e vi que ele ainda estava acordado mexendo no computador. -Posso dormir aqui? 
-Não! -Ele deu a língua e eu fechei a porta. -Era eu brincando! -Ele veio atrás de mim. -Deixa de ser chata... Era eu brincando!
-Drama, sempre funciona! -Corri até a cama e me deitei.
-Virei a noite! -Falou ele deitando a meu lado.
-Como se eu não, né? E finanças? 
-É sim... Tou todo enrolado!
-Depois eu te ajudo!

Laura

Levantei as seis, tomei um banho demorado, vesti a roupa, peguei a mochila e tentei sair de fininho. 
-Bonito, hein? -Mãe estava de guardar próximo da porta. -A senhorita pensa que vai aonde sem comer antes?
-Ah, mãe... Estou sem fome!
-Só sai quando comer. -Ela ia passando por mim quando falou.-Não teime que seu pai está ai.
-Bom dia! -Falei sentando a mesa onde meu pai já estava. Ele me olhou e voltou a mexer no celular.
-Bom dia! -Ouvi a voz dele depois de um bom tempo.
Fiquei super feliz com a resposta do meu pai. Apesar dos olhos inchados por causa da madrugada anterior, fui para a escola com um sorriso de canto a canto.