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Hospital teaching/ Sheffield -Inglaterra

Eduarda Sykes Linhares.
Feminino. 16 anos.

Nacionalidade: Brasileiro.

Estado: gravíssimo. Tumor cerebral, artéria destruída mais agravantes. Coma profundo.

Responsável: Diná Sykes.

Assinatura do responsável: Diná Sykes

Médico: Octor Landres

Assinatura do médico responsável: θ(Гθฯ

-Senhora... -O médico olha em uma planilha. -Diná Sykes?

-Sim. Sou eu! -Diná entra na sala e senta em uma cadeira de frente para o médico.

-A paciente Eduarda Sykes não teve maiores consequências da viagem. Porém, a operação é de grande risco... -O médico falava e a senhorinha esperava pacientemente o cérebro traduzir para a linguagem habitual. -Menos de quinze por cento de chances dela sobreviver. A senhora já sabia desse risco?

-Sim!

-Sabe-se também que a paciente tendo sucesso, pós operatório ela pode vir a ficar em coma indeterminado?

-Sim! Mas o coma é causado por que? Vi que em alguns casos que os pacientes voltam para casa em uma ou duas semanas.

-Isso é verdade! Em alguns casos quando o tumor não é maligno ou não está em um estado tão avançado... Com a operação e a anestesia que usaremos pode retardar a circulação do oxigênio no cérebro. Está me entendendo?

-Sim. Estou sim!

-O cérebro pode vir a ficar preguiçoso... Pode vir... Por isso a incerteza do coma indeterminado.

-E nesse tempo o que usarão?

-Então... Usaremos um ventilador  para substituição de alguns órgãos que ficaram também inconscientes... Como o pulmão por exemplo.

-Certo! E esse estado incerto pode durar o que? Alguns dias... Algumas semanas...?

-Alguns dias... Algumas semanas... Ou mesês... A relatos de anos e também há de quem nunca acordou.

-E se ela não for operada?

-Os exames mostram que a parte do cérebro afetada está praticamente morta... Então as duas únicas opções são: Um...-O médico levanta o dedo indicador. -Retiramos os aparelhos e sua neta vem a óbito imediato ou dois, corremos o risco da cirurgia.

-Entendo... -Quem a via naquele momento ouvindo atenta ao que o médico falava sobre sua neta e nenhuma lágrima escorrer pelo seu rosto, pensaria em mil coisas para julga-la e não imaginária o que aquela senhora havia passado para criar a casca grossa que a vestia e secar todas as lágrimas que um dia ousaram sair de seu olhos.

A fulga para o Brasil a mais de quarenta anos atrás. O marido, pai de seus dois filhos Ramon e Maísa, devia alta quantia para alguns agiotas de Sheffield. Perdeu o marido para anos de tratamento, sofrimento e dor, com também câncer cerebral. Criar sozinha dois filhos, a mais nova ainda bebê, longe de sua família e de sua língua. Ver a filha em um mundo das drogas e prostituição, grávida aos dezesseis anos. O genro morto, poucos mesês depois do nascimento da neta, em uma troca de tiros com a polícia e sua filha depressiva desaparecer sem dá nenhuma notícia, abandonando Eduarda ainda de colo.   Poucos ajudaram dona Diná se reergue. Porém ela conseguiu.  Conseguiu até o dia que soube que a neta tinha um tumor cerebral.

Eduarda sentia fortes dores na cabeça. A falta de médicos especializados dificultou e retardou o diagnóstico.

-Senhora Sykes? Senhora Sykes?

-Oi.. Oi. Desculpa... Me distraí.

- Iremos fazer mais alguns enxames e dependendo dos resultados a operação ocorre ainda hoje por volta das oito horas da noite. A senhora é de acordo?

-Sim!

-A senhora será informada com mais detalhes logo mais.

-Obrigada doutor. -Dona Diná virou-se e caminhou até a porta. A imensidão de paredes brancas e o cheiro forte fez com que a senhora sentir-se fraca. -Calma! Isso é só mais uma aprovação. Você vai ver sua neta sair dessa.

A Breve História De Kelly e LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora