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Kelly

-Que horas são? -Perguntei para Laura que estava sentada em uma cadeira mexendo no celular.
-Dez e quarenta e cinco!-Ela não desviou o olhar do celular para mim.
-O que estou fazendo no seu quarto?
-Rick te trouxe para cá.-Ela continuava teclando.
-O que Rick veio fazer aqui?
-Eu liguei para ele quando vi Beatriz na farmácia.
-E seu pai?
-Vai ser operado depois das uma!
-O que aconteceu com o carro dele?
-Um policial trouxe para cá!
-Dona Angela?
-Está furiosa comigo!
-E Beatriz? 
-Morreu! -Ela colocou o celular na perna e me encarou.
-Ah! -Me virei de lado e parei de olhar as reações de Laura.

Laura

Havia esquecido que eu não sabia onde tinha deixado o celular na madrugada passada. Por sorte, um policial veio trazer o carro do meu pai e avisou que o celular estava nele.
O homem fardado também falou que eu teria que aparecer na delegacia e eu disse que estava "cuidando" de Kelly. Ele falou também que Beatriz tinha sido encontrada, porém, sem vida. Indiquei onde possivelmente estava a arma e ele foi embora.
Fiquei um bom tempo olhando Kelly dormir e quando ela começou a acordar eu, sinceramente, não sabia o que fazer.
-Que horas são?-Perguntou ainda sonolenta.
-Dez e quarenta e cinco. -Falei mexendo no celular para esconder meu nervosismo.
-O que estou fazendo no seu quarto? -Perguntou atordoada.
-Rick te trouxe para cá.-Tentei manter a calma.
O que Rick veio fazer aqui?
-Eu liguei para ele quando vi Beatriz na farmácia.
-E seu pai?
-Vai ser operado depois das uma!
-O que aconteceu com o carro dele?
-Um policial trouxe para cá!
-Dona Angela?
-Está furiosa comigo!
-E Beatriz?  -Ela perguntou e eu a encarei soltando o celular.
-Morreu! -Falei o mais rápido que pude e tudo o que ela falou foi um "Ah" seco e voltou a dormir.

Kelly

Fechei os olhos e fiquei decepcionada quando ouvi o barulho da batida da porta. Eu sei que é por minha causa que o pai dela está ferido e a mãe está brava com ela. Mas não foi porque eu quis.
Meu corpo estava mole, pesado e dolorido. Mas, eu me esforcei para levantar da cama e consegui caminhar até a sala da casa onde ouvi Laura fungando baixinho.
-Ei! -Me aproximei dela que ainda não tinha notado minha presença. -O que foi?
-Você... -Ela passou a mão enxugando as lágrimas. -Você deveria está na cama!
-Já consigo andar... -Me equilibrei na perna menos feridas e ela veio a meu encontro.
-Vamos sentar! -Passei o braço pelo pescoço dela e ela passou o braço pela minha cintura.
-Obrigada! -Sentei no sofá com ela a meu lado. -Por tudo!
-Confortável assim? -Ela ajeitava uma almofada.
-Lua, por que não olha mais para mim?

Laura

-Por que? Porque você foi embora, sua idiota. Porque você nunca mais ia voltar. Porque você fugiu de mim. Porque só está aqui porque foi obrigada a vir. Porque eu não quero me apegar a uma pessoa que logo, logo vai me trocar por trabalho de novo... Porque você é uma burra! Idiota! -Gritei mentalmente. -Por nada! -Falei em um tom razoável.
-Você não gosta de mim, é isso? Você me tirou daquele inferno! Você tem que gostar de mim nem que seja só um pouquinho! -Ela me olhava de baixo e eu não sabia o que responder.
-Eu... Eu...
-Filha, você sabe onde seu pai estava morando? -Minha mãe e Rick apareceram na sala de repente   -Você sabe?
-No... No... Car...
-Onde? É que precisam de alguns documentos dele. Está tudo bem aqui?
-Sim! Era no carro!-Peguei a chave na mesinha de centro a meu lado e deixei Kelly de cabeça baixa sentada no sofá. -Ele estava morando no carro, mãe!-Passei por Rick e mãe me acompanhou até onde o carro estava.
-Mas por quê?
-Porque ele perdeu tudo!
-Tudo o que?
-Casa, trabalho, até a amante dele o abandonou!
-Ah!
-Quando ele sair do hospital, ele vem morar com a gente, né?
-Nunca!  Nem pense nisso! Aquele irresponsável não vai se aproximar de você nunca mais na vida dele.
-Mas mãe...  -Entreguei a pasta com os documentos dele a ela.
-E esteja dito!

Kelly

-Nem pense nisso, doninha! -Rick negava meu pedido de voltar para casa.
-Por favor, me tira daqui! -Implorava. -Laura me odeia, é sério!
-Não era o que estava parecendo quando entrei.
-Eu preciso de um banho... Comer. 
-Tá, tá. Vou levar dona Ângela para o hospital e volto para te buscar.
-Agora... Por favor!
-Não.
-Rick!
-Vamos? -Ângela apareceu na porta.
-Vamos!-Rick deu de ombros e saiu.
-Desgraçado! -Resmunguei.
-O que foi? -Laura perguntou.
-Nada não! -Falei meio sem jeito.
-Vou fazer alguma coisa para você comer!

A Breve História De Kelly e LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora