Kelly
Cinco e quarenta da manhã quando acordei, olhei meu celular torcendo para que não estivesse nenhuma mensagem de vó. Queria que tudo fosse um sonho ruim como todos os outros. Mas não. As mensagens ainda estavam lá. Liguei para o contato de vó Diná, porém não chamava. Tentei outras vezes e nada. Deixei Laura na cama e fui para o banheiro, precisava lavar meu cabelo, meu corpo. Quem sabe horas debaixo da água, conseguiria até lavar minha alma.
-Kelly, você está aí? -Laura batia na porta do banheiro. -Kelly! -Desliguei o chuveiro, me enrolei em uma toalha e abri a porta.
-Laura! -Abracei a garota.
-Tive um sonho tão ruim! -Ela chorava.
-Vem! -Puxei ela pela mão até o quarto. -Você quer me contar como foi?Laura
Esperei Kelly vestir a roupa para começar a conta o sonho.
-Pronto! -Ela sentou do meu lado. -Para de chorar, vai.
-Eu sonhei que Eduarda tinha morrido.
-Laura... -Começou a escorrer algumas lágrimas pelo rosto dela. -Não foi sonho. -Ela me entrega o celular e eu desabei.
-Quero ir pra casa!
-Tá! -Ela me coloca no colo e desce as escadas comigo.Kelly
-O que aconteceu? -A mãe de Laura abriu a porta.
-Eduarda!
-Sinto muito! -Ela abriu ainda mais a porta para eu passar com Laura no colo. -Coloca ela no quarto.
-Prepara alguma coisa para ela comer.
-Tá!Deitei Laura na cama, ela estava imóvel. Naquele momento olhei para os olhos de dela avermelhados. Esperavam ansiosamente para que alguém aparecesse e falasse que tudo aquilo que fazia chorar era mentira. Mas nada acontecia.
-Aqui! -Dona Angela coloca uma bandeja perto de nós.
-Levanta para comer, Laura. Laura, vem!
-E agora, Kelly? -Angela pergunta.-Laurinha meu amor, vamos comer um pouco.
-Estou sem fome! -Laura se vira e cobre a cabeça com um lenço.
-Vai ficar dodói de novo. -Fui puxando devagar o lençol.
-Me deixa, Kelly! -Ela voltou a se cobrir.
-Eu vou para casa ver se tem alguma novidade. Acabei esquecendo o celular. Mas só falarei alguma coisa para você se comer direitinho.Laura
O quarto ficou vazio. Ouvia em eco minha respiração ofegante. Com o calor sufocante, tirei o lençol da minha cabeça e pude recuperar o ar.
Encarava o teto branco do quarto, que naquele momento servia mentalmente como um telão. Novamente minha mente reprisava os dias que passei com Eduarda, um a um, cada detalhe, cada sorriso, cada beijo... Desde o primeiro dia até o dia da nossa despedida."Eduarda andava a minha frente em uma viela escura. Não parecia ser ela. Era estranho. O andar, o estilo era diferente. Mas eu sentia que era ela. Corri, corri o máximo que pude para acompanhá-la. Ela aumentou os passos e entrou em um galpão abandonado. -Eduarda! Eduarda! -Gritei, porém ninguém respondeu. Continuei a procura de cômodo em cômodo. -Eduarda! -Corri mais uma vez ao ouvir um barulho vindo do andar de cima. -Eduarda! -Já estava cansada. Me agachei para respirar. -Oi! -Olhei para os pés calçados com um tênis parado em minha frente. Fui subindo avista, passando por uma calça moletom escrita, as mãos nos bolsos, vestia também uma blusa de frio com capuz que não deixava eu ver o rosto pelo escuro que estava. Me levantei lentamente por causa do cansaço e coloquei a mão no capuz... "
-Laura! -Fernanda me acordou. Ela ainda estava vestida com o jaleco do hospital e estava com a maleta de primeiros socorros na mão.
-Eduarda não morreu! -Sorri. -Me leva a casa de Kelly?
-Claro! Se sua mãe deixar.Kelly
Estranhei ver Fernanda em minha porta quando fui olhar pela sacada quem tocava a campainha.
-Oi! -Falei depois de abrir a porta. -Laura?
-Eduarda não morreu! -Laura me abraça.
-Sinto muito, mas isso não é verdade. -Fui me afastando dela.
-Sua vó... Sua vó?!
-Ela não deu mais notícias!
-Ah! -Ela baixou a vista.
-Entrem!
-Eu não vou poder ficar. -Fernanda se afasta. -Oh! Fica bem.
-Tá, Tchau! -Fechei a porta. -E você já comeu?
-Não!
-Vamos comer?
-Sem fome! -Laura deu as costas para mim e subiu as escadas.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Breve História De Kelly e Laura
Roman d'amourQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...