Kelly
Estava um dia nublado, frio, não chovia. Me vesti com uma calça preta, uma blusa meia estação branca e uma bota. Ouvi Rick tentando me convencer a não sair, sem sucesso. Peguei a chave do carro, sai do ap, peguei o elevador, quando desci no térreo a garota da recepção me olhava com a cara de psicopata do sonho e eu tentei me livrar daqueles pensamentos que me davam medo. Cheguei até a vaga do estacionamento e ouvi Rick gritando meu nome.
-Kell... Kell... Espera... Vou com você.
-Não. Melhor não.
-Vou sim. -Ele foi até o lado do passageiro. Revirei os olhos e destravei a caminhonete. -Vamos começar por onde?
-Pelo prédio que deixei ela.
-Então vamos!
Saímos do prédio e no ponto de ônibus que tinha visto ela, eu diminuí a velocidade. Vi uma morena que estava de costas conversando com uma garota, ela tinha cabelos pretos e lisos. Desci do carro correndo e quase fui atropelada por um louco que passava de moto.
-Thaís! -Puxei no braço da moça.
-Não. Sou a Carla. -Ele se vira ficando de frente comigo, me olhando confusa. -Moça, ta tudo bem?
-Ah sim. -Não consegui disfarçar minha cara de decepção. -Desculpa, achei que fosse outra pessoa. Desculpa.
-Tudo bem. -A moça falou e eu voltei para o carro.
-Kelly, você ficou louca? Como você desce do carro assim? Quer morrer? -Rick estava furioso. -Era ela?
-Não. Vamos! -Dirigi a S10 por mais alguns minutos até chegar no prédio. -Vou entrar. Espera aí.
Dentro do prédio eu perguntei a recepcionista e a alguns moradores se conheciam a tal Thaís. Voltei para o carro e fui para a praça, fui ao parque, ao shopping e não consegui encontrar a garota em nenhum lugar. Já era quase cinco horas então decidi voltar para casa. Rick já tinha reclamado tanto que eu expulsei ele e voltou de táxi a algumas horas atrás.
Laura
Carol veio passar o resto da tarde comigo e estamos a um bom tempo tentando tirar a tinta do cabelo dela. Que tinta? Uma pequena vingancinha que ela estava me devendo. E é claro que eu não ia deixar barato ela estragar meu sono sagrado. Ela estava dormindo e eu passei tinta acrilex no cabelo dela. Virou uma espécie de borracha, já que eu esperei secar para avisa-lá. Já gastamos quase um frasco de shampoo e usamos todo tipo de pente para tentar tirar.
-Ainda tem muito, sua bandida? Você acha que vai ficar nisso mesmo é?-Carol. - Aí! Quer me deixar careca? Devagar ai sua doida.
-Não... Não... Não tem não. Tá... Tá saindo.
-Para de rir.
-Des... Desculpa! -Ouvi o celular de Carol tocar. -Acho que é seu celular tocando.
-Atende lá para mim.
-Oi Thaís.
-Laura? Oi laura. Que prazer falar contigo. Carol tá aí?
-Sim! Tá no banheiro. É que ela teve um pequeno probleminha no cabelo... Está meio azul.
-Azul? O que aconteceu?
-Acidentalmente caiu um frasco de tinta na cabeça dela. Mas não se preocupe... Estamos resolvendo.
-Vocês que são cachorro grande que se entendam... Eu vou desligar, Laura. Vou fazer um lanchinho na padaria. Depois eu ligo novamente.
-Tudo bem. Tchau Thais. Até mais.
Voltei para o banheiro e continuei tentando tirar o resto da tinta do cabelo de Carol.
Eduarda
Estou a horas desenhando Hunter. Devo esse desenho a ele a anos e hoje não teve escapatória. Passou o almoço todo insistindo.
-Pronto! Satisfeito?
-Ai deixa eu ver? Ai meu Deus! você me ver assim? Ai como eu sou lindo! Ficou igualzinho. Perfeito!
-Usei photoshop é claro!
-Ahm? Sou lindo por natureza tá. Brigadinho meu amor.
-Que bom que gostou. Agora chega de beijos, né? Parece que é hetero e ta se aproveitando de mim.
-Eu heim! Cai fora. -Hunter se afasta. - ei viada... E aquela historia lá com a garota modelo do quadro?
-Não tem história nenhuma... -Me joguei na cama e encarei o teto. -mandei várias mensagens e ela não respondeu.
-Vamos sair daqui a pouco? Conhecer a cidade! -Ele se deita perto de mim.
-Acho melhor não, paraguaio.
-Sou americano viu! Só um lanche na praça, vamos?
-Não Hunter. Tou cansada.
-Vamos? Vamos? Vamos? Por favor?
-Tem algumas chance de você parar de insistir?
-Só quando você aceitar!
-Afi! Tudo bem... Mas voltaremos cedo.
-Okay! Okay! Obrigado.
-Para com isso, garoto.
-Só uns beijinhos.
-Cheios de baba? Prefiro distância.
-Insensível!
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A Breve História De Kelly e Laura
RomanceQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...