Laura
Chegamos a casa de vovó e vovô umas dez e meia da manhã. Alguns tios, tias e primos de primeiro, segundo e terceiro grau nos recepcionaram. Acho que meu pai foi o único filho deles que foi morar em outra cidade e o único que teve filho único, que no caso sou eu. Por morar longe e pouco vir aqui, conheço poucos do que estão aqui por nomes. É muita gente! e para piorar a maioria deles sabe meu nome por ser mais fácil cada um deles lembrar de mim do que eu lembrar de cada um. Fiz cara de paisagem e só arrisquei sorrir para os que diziam oi para mim. Nunca gostei de amontoado de gente feliz, risonhos e falsos, assenando de um para outro. Aquela movimentação toda estava me enjoando. Estávamos em uma chácara que eu vim aqui no máximo oito vezes durante toda minha vida. Mas eu sabia aonde tinha um lugar que eu posso me livrar de todo aquele barulho, avisei a minha mãe e segui a trilha até me aproximar do rio, que por sinal, é o mesmo que passa no parque da cidade. Só que aqui tem uma pequena queda d'água que faz um barulho gostoso de ouvir. Sentei na grama sob uma arvore bem parecida com a que tem lá e lembrei de Eduarda.
-Oi, de novo. -Um rapaz se aproximou de mim e sentou a meu lado. Revirei meus olhos e ignorei como se ninguém tivesse interrompido meu momento de paz. -Sou o Bruno.
-Prazer.
-Você veio fugir do pessoal? -Eu novamente ignorei. -Eu também. Especificamente da minha irmã.
-Sua irmã? Se eu tivesse uma irmã ou irmão com certeza iria querer que grudassem em mim.
-Te achei! -Um moça muito parecida com o rapaz que estava ali aparece repentinamente. -Oi laura. Te assustei, né? Desculpa!
-Sem problema.
-Laura, não sei se você lembra da minha irmã Bruna. -Bruno fala em uma espécie de "apresentação" e eu apenas sorri. -É a irmã que te falei. Somos gêmeos e ela esquece que já podemos sobreviver longe um do outro a quase 17 anos.
-Senta aqui também, Bruna! -Chamei-lha para juntar-se a nós.
-Obrigada. -Ela se posiciona entre Bruno e eu e senta na grama. -Você é muito linda, sabia?
-Para com isso Bruna! Já estás seduzindo a garota? -Bruno dá um pequeno empurrão na irmão e eu fico rindo da situação.-Desculpa essa sapatão, laura.
-Para com isso Bruno! Me desculpa Laura. Eu elogiei sem maldade. -Ela olha para o irmão. -E você acha que eu não vi você dando em cima do filho de tio Celso.
-Vocês são...?
-Ele é gayzinho, sensível, coisinha fofa. -Bruna tenta bagunçar o cabelo do irmão e ele se esquiva. -E eu sou lésbica.
-Oi. -Um dos garotos que estava lá na casa, se aproxima sentando do lado de Bruno e eu senti um clima. Não demorou muito e eles se afastaram me deixando sozinha com Bruna.
-Primos é estranho! -Exclamei.
-Eles são primos distantes, igual nós duas. -Ela pisca um olho e eu fico constrangida. -O meu avô e de bruno é irmão do avô de Cássio.
-Então nossos avós são irmãos.
-Isso. Somos primos de segundo grau. Já é bem distante.
Passamos um tempo conversando e eu pude notar que ela é bem legal, igual o irmão e o outro primo. Me diverti muito com eles no rio, mas tinha que voltar para casa.
Kell
Dei umas voltas pela cidade até encontrar um parque. Sentei perto de uma árvore imensa que tinha perto de um rio e parece que cada gotinha d'água que passava por ali trazia a imagem da garota me olhando. Peguei meu celular e procurei o número da Fernanda.
-Alô!
-Fernanda! Que vozinha manhosa. Te acordei?
-Sim. Onde você está?
-Estou no parque.
-Então que tal você vir aqui em casa? A gente faz uma comidinha gostosa.
-Comidinha, é?
-Olha a imaginação, doninha. Está quase na hora do almoço.
-Então você me diz onde é e eu vou.
Fernanda me explicou como que chegava até a casa dela e fui. Vi uma casa com todas as características que ela me disse e toquei a campainha. Um minuto depois ela apareceu de camisola vermelha rendada na porta.
-Entra! - fiquei paralisada olhando o corpo dela até ela me puxar para dentro da casa já com nossos corpos colados. Me conduziu até o quarto e o calor estava infernal. Fernanda ligou o ar-condicionado e o clima melhorou. Fizemos amor por algumas vezes até nós duas acabar-mos dormindo. Acordei já no fim da tarde e eu sem acorda-lá sai de fininho.
Eduarda
Já estava anoitecendo e Kell não havia chegado ainda, Carol não respondia minhas mensagens e o americano falsificado não atendia o celular.
-Belo dia heim?! -Falei para mim mesma, deixando o celular de lado.
-Falando sozinha? -Kell se aproxima. -Nem podemos colocar a culpa na pancada da cabeça, né? Você já era meio doida antes disso.
-Ha ha ha engraçadinha! Se veio para fazer piadinha sem graça, já pode sair.
-Eu vim para pedir desculpas por hoje de manhã.-Ela senta na cama. -Garota de 12 anos para mim? Ui!
-Ela tem 15. E eu estou gostando dela de verdade. Diferente de você que ilude todo mundo. Por exemplo, a doutora Fernanda que você passou a tarde com ela.
-Eu odeio esse teu jeito, sabia? Não dá para esconder nada de você. -Ela se levanta rapidamente. -Parece que é vidente!
-Sou observadora.
-E o que tem de diferente em mim agora? -Ela se olhava no espelho. -Batom eu limpei; Ajeitei o cabelo; a blusa não amarrotou muito. Af!
-Ela tentou deixar marcas no seu pescoço, mas você não deixou. Mesmo assim ficou uma pequena marca.
-Tudo bem! Mas qualquer um pode ter feito isso.
-Mas não foi qualquer um. No dia que você chegou com marcas de batom, a médica havia passado para me examinar e ela estava com a mesma cor. Como você só saia do hospital para casa. Então...
-Tudo bem! Assumo. Vamos! -Ela me pega no colo. -Vou te levar para jantar.
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A Breve História De Kelly e Laura
RomanceQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...