A Breve História De Kelly e Laura

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Laura

Acabei ficando entediada do facebook e fui para a cozinha olhar minha mãe fazer bolo enquanto assistia as novelas da tarde. Trocamos algumas poucas palavras também, mas nada de se dizer "nossa! que bela conversa", porém foi um grande avanço em meses.
Estava calor, decidi tomar um banho e lavar meu cabelo que ainda estava com cheiro de hospital. Peguei um pedaço do bolo que já estava pronto e levei para meu quarto.

Kelly

Cheguei a casa de Rick onde eu estava morando, guardei o carro, subi para meu quarto e senti a impressão que estava sendo observada. Olhei pela janela e só tinha um carro escuro parado. Fui ao banheiro, tomei um banho e quando voltei o carro ainda estava lá parado.
-Decima terceira delegacia de polícia!
-Oi! É que tem um carro parado em frente a minha casa e estou me sentindo intimidada com isso!
-Certo! Poderia dá as descrições do local?
-Claro! É... Rua principal, número cinquenta e seis.
-Informe um ponto de referência!
-É na esquinha... Uma casa cor creme próximo a o Colégio pequeno rei.
-Há uma viatura próxima e ela irá imediatamente.
-Okay! É um carro popular preto com vidros fumê.
-As informações estão sendo passadas para as guarnições, senhora!
-Obrigada!

Encerrei a ligação e vesti uma roupa bem confortável e fui para a janela novamente observar o movimento. Não demorou e a viatura se aproximou. Vi o carro acender os faróis e os policiais fecharem. Corri para perto dos portões e consegui ver Beatriz sendo enquadrada.
-Eu sou do bem, senhor! Só estava cansada e parei o carro aqui. -Ouvi ela conversar com os policiais.
-E porque está nervosa, senhorita? -Um policial interrogava enquanto outro vasculhava o carro dela.
-Não, senhor!
-Achou alguma coisa suspeito?
-Só essa faca de mesa no porta-luvas!  Mas parece que ela fez um lanche dentro do carro.
-Moço, é para eu almoçar! Tem garfo também. É que eu não gosto de restaurante.
-Okay! Mas a senhorita sabe que não pode portar esse tipo de objeto?
-Não senhor! Eu sou bem tranquila. Não pensaria em fazer nada além de usá-la para cortar carne da marmita.
-Tudo bem! Tá tudo certo. Só peço para deixar essa faca em casa okay?
-Sim senhor.
-Vamos!
Os policiais foram embora. Beatriz deu uma olhada para a casa de Rick, fez um gesto obsceno com o dedo e foi embora também.

Laura

Mais uma vez eu peguei o celular e fiquei vendo a coisas do facebook enquanto comia o bolo que estava sem querer entrar.
Chamada de vídeo de Kelly Sykes.
Pensei em não atender, mas ela poderia ter notícias de Eduarda.
-Oi.
-Oi Laura. -O rosto perfeito dela apareceu na tela. -Que bom que atendeu!
-Está nervosa? Tem alguma novidade de Eduarda?
-Aconteceu uma coisa bem chata com uma garota aqui em frente! E sobre Duda... Vou lá depois de amanhã.
-Vai? Quero tanto ver ela.
-Tem visto? Você pode ir comigo!
-Tenho não... E meu pai nunca deixaria.
-Ah! Sei! por falar nele, voltou a falar com ele?
-Não... Ele não tem aparecido muito esses dias. -Falei e coloquei uma pedaço do bolo na boca para disfarçar minha tristeza, mas não fiz uma boa opção.
-Laura! Laura... -Ouvi o som abafado do celular que deixei sobre a cama.
-Desculpa! -Falei envergonhada quando voltei a pegar o celular depois de alguns minutos.  -Não ando muito bem a alguns mesês.
-O que está acontecendo, meu amor? -Meu amor? Olhei fixamente para a tela esperando uma explicação.  -Desculpa, Laura! Me desculpa.
-Tudo bem!
-Fala para mim o que está acontecendo! Por que mudou tanto nesses mesês? Você está doente? -Ela parecia verdadeiramente preocupada com meu estado.
-Ah, Kelly! Não deveria te contar sobre isso... Mas a única amiga que tenho não fala mais comigo e queria tanto alguém para desabafar.
-Queria tanto ouvir sua história! Mas se não quiser confiar em mim a esse ponto, está tudo bem. -Mesmo através da tela, ela me transmitia tranquilidade e cumplicidade.  Então falei tudo, ponto e virgula do que aconteceu nesses mesês. Ela ouvia meu lema e esperava paciente as vezes que o enjoou me interrompeu. -Você quer alguma ajuda? Você quer sair daí? Eu posso arrumar um lugar para você ficar!
-Imagina! Agradeço tanto você não me repudiar por nada que eu fiz.
-Se eu tivesse no seu lugar faria o mesmo. Mas que bom que nenhuma tentativa deu certo!
-Kelly! Me fala como Eduarda está assim que ver ela?
-Claro!
-Kelly, estou muito cansada!
-Então descansa! Eu poderia te ver dormir? Eu prometo não falar nada!
-Mas...-Estranhei o pedido dela.- Como faria isso?
-Posiciona o celular em algum lugar. 
-Hum! Tudo bem. -Coloquei o celular no criado e apoiei alguns livros para ele não cair. Voltei para a cama e deitei. -Bom, acho que eu vou dormir rápido e se você me ver roncar, desliga. Okay?
-Vai ser bonitinho! -Ela falou e eu fiquei vermelha. -Dorme bem! Boa noite!
-Boa noite!

Kelly

Mal pude acreditar no que eu havia acabado de pedir para Laura e muito menos que ela aceitaria. Vi ela posicionar o celular direcionado para a cama e logo depois deitar-se.  Fiquei vendo ela se mexer e pegar no sono lentamente com a carinha de anjo. Tão inocente! Eu sei que isso parece bobagem e para mim a meses atrás seria a coisa mais antiquada que duas pessoas poderiam fazer. Contudo, hoje eu estou apaixonada e qualquer bobagem que um apaixonado fizer é automaticamente perdoado.
Lembrei de todos os sonhos que eu tive com ela e mesmo com o coração apaixonado, a mente ainda era sacana. Era incontrolável não pensar!
Já estava com muito sono. Então, coloquei o notebook e me deitei vendo a imagem de Laura dormindo. Acabei pegando no sono também.