Laura
Já fazia um bom tempo que Kelly batia na cozinha. Liguei para minha mãe nesse meio tempo para confortá-la. Meu pai foi dormir na cadeia e mãe iria ficar em casa com tio Mário para ninguém invadir a casa aberta.
Fui até a cozinha onde Kelly estava e fiquei escondida atrás da parede. Meu esconderijo foi descoberto quando eu não aguentei segurar a risada.
-O que você está fazendo aí? -Ela me olhou assustada e escondeu o celular.
-O que está acontecendo? Kell? Kell? Ei! Ou acende a luz! Por que está tudo escuro? -Ouvi a voz de Rick.
-Cala a boca, Ricardo! -Kelly parecia envergonhada. -Você não deveria está deitada, mocinha?
-E é desse jeito que você faz a comida? -Tentei novamente segurar a risada, mas foi impossível ao lembrar de Rick falando tudo o que ela deveria fazer pelo celular.
-Rick me ajudando? Não, imagina! Ele não está me ajudando. Eu sei cozinhar! Sério! Eu sei.
-Fala a verdade, Kell. -Novamente a voz de Rick. -Ela não sabe nem acender o fogo.
-Filho da mãe! -Kelly tirou o celular do bolso e desligou a chamada de Rick. -Desculpa! Eu não sou uma boa cozinheira.
-Tudo bem! O que você está fazendo?
-Sei lá! Acho que era macarrão.
-Eu te ajudo. -Lavei as mãos.-Em qual parte você estava?
-Cortava isso! -Ela me mostrou os tomates.
-Ótimo! Deixa bem picadinho que eu vou por a água para ferver!Kelly
Resolvi pedir uma ajudinha a Rick para fazer a janta. Não que eu não saiba cozinhar, não é isso! Só queria testar Rick mesmo. Bom, só sei que Laura acabou me pegando no flagra e eu fiquei bastante envergonhada por isso. Besteira minha, eu sei. Mas para mim é vergonhoso, eu deveria ter aprendido antes de decidir morar só. Mas eu sempre tive minha mãe, minha vó e depois que eu comprei o apartamento antes de tudo, Rick veio morar comigo e fui levando.
Laura tentou me ensinar a fazer o macarrão e eu acho que agora sei. Depois, quando eu estiver só, eu testo fazer um. Ela me ensinou passo a passo e ficou maravilhoso.Já se passava das nove da noite, assistíamos TV no quarto de vó. Laura sentada na cama e eu deitada.
-Acho que está na hora de eu ir dormir! -Laura falou se levantando da cama. -Durmo no quarto de Eduarda?
-Não! -Segurei na mão dela. -Dorme aqui!
-É que... -Ela olhou para as nossas mão juntas.
-Desculpa! -Puxei minha mão. -É que o quarto dela está empoeirado! Eu só arrumei esse.
-Tem problema não. Eu durmo lá mesmo.
-Você está com medo de mim?
-É... É... -Laura gaguejou.
-O beijo de mais cedo?
-Eu amo Eduarda!
-Eu também amo ela! Mas eu estou apaixonada por você!
-Kelly...
-Laura...Laura
Fiquei boquiaberta ao ouvir da boca de Kelly que ela estava apaixonada por mim. Meu cérebro deu um giro trezentos e sessenta, era algo que eu não deveria ter ouvido.
-Você está confusa, Kelly! Foi só um beijo.
-Não foi só um beijo! Sabe desde quando eu sonho com aquele beijo? -Neguei com a cabeça. -Lembra quando Duda quebrou a perna? Lembra quando eu vim cuidar dela? Lembra quando a gente se viu no hospital?
-Lembro!
-Foi na primeira vez que a gente se viu!-Kelly sentou a meu lado. -Eu comentei com Eduarda, mas ela já estava apaixonada por você também.
-Kelly.
-Poxa, Laura! -Ela segurou em minha mão. -Eu me apaixonei de verdade.
-Mas eu sou apaixonada por sua prima.-Puxei minha mão. -Sinto muito!
-Talvez ela não acorde!
-Ela vai acordar! -Fiquei com raiva do que ela falou.
-Desculpa! -Senti o abraço dela. -Desculpa! Desculpa! Não chora!
-Eu vou para o quarto da minha namorada! -Sai dos braços dela e enxuguei algumas lágrimas.
-Não! Dorme aqui! A cama é grande!-Ela se afastou. -Oh, prometo ficar só nessa beira. Lá tem muita poeira!
-Eu não quero te incomodar! Eu durmo no sofá.
-Não! Eu falei para sua mãe que eu ia cuidar de você. -Kelly levantou-se e espalhou uns lençóis no chão. -Eu durmo aqui! Não quero que fique dolorida amanhã.
-Tudo bem!Kelly
O chão estava muito desconfortável e espirrei algumas vezes. Creio que passava da meia noite. Os lençóis não estavam amparando o frio, Laura andou pelo quarto e eu fingia dormi. Deu a volta na cama e me olhou. Passou a mão em meu rosto, checando minha temperatura.
-Kelly! Kelly! -Fingi acordar. -Vem para a cama.
-Precisa não. Estou bem aqui!
-Vem. Por favor, vem. Levanta dai vai. -Tive um pouco de dificuldade e ela me ajudou a levantar. Deitei na cama e os arrepios eram constantes.-Você está com febre!
-Só um pouquinho! -Segurei a mão dela que estava em meu rosto.
-Tem algum remédio?
-Sou alérgica a alguns! É melhor não tomar nada.
-Tudo bem!
-Pega outra coberta pra mim.-Pedi e ela foi buscar. -Obrigada!
-Ainda está com frio?
-Arram! Mas pode ir dormir. Eu vou ficar bem!
-Tá! -Ela deitou-se do outro lado da cama.
Já tinha se passado alguns minutos depois que Laura me colocou na cama. Dois cobertores e nada do frio acabar. Tremia.
-Kelly! -Ela passou a mão novamente no meu rosto.
-Hum!
-Acho que vou chamar Fernanda!
-Nã... Não. Vai passar! Só queria outro cobertor.
-Só tem o meu agora! -Ela colocou por cima dos outros.-Melhor?
-Me abraça? -Pedi.
-Tá! -Ela entrou debaixo dos cobertores e ficou de conchinha comigo. Acabei dormindo.
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A Breve História De Kelly e Laura
RomanceQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...