Laura
Fiquei no quarto até o sono chegar e até então não tinha visto Bruna voltar. Sonhei com Eduarda e acordei com muito medo. Mas eu não lembro as cenas. Olhei a tela do celular e eram só duas e quarenta da manhã. Bruna não estava no quarto. Peguei uma blusa de frio e sai a procura da minha prima. Procurei por toda a casa com cuidado para não bater em algo e fazer barulho. A fechadura estava com a chave, abri a porta e Bruna estava na varanda. Ela não dormia, estava sentada e a toalha fazia de agasalho.
-O que aconteceu? -Sentei perto dela.
-Acho que me esqueceram!- Bruna sorrir, o brilho da lua refletia nos dentes dela.
-Pega minha blusa. -Coloquei sobre ela. -Vamos entrar? Está frio!
Já no quarto deitadas, ela não parava de tremer um só instante mesmo com as cobertas e isso me preocupava.
-Bruna, está tudo bem?- Fui até ela para checar a temperatura dela.
-Hunrum!
-Está com febre! É alérgica a algum remédio?
-Não.
-Você acha que esse serve? -Mostrei uma cartela de comprimido que eu havia trazido.
-Serve sim.
-Vou pegar água.
-Não precisa.-Ela colocou o comprimido na boca e engoliu. -Deita comigo? -Abriu espaço na cama e eu deitei entre ela e a parede.
A cama era bem pequena. Senti o calor do corpo de Bruna dividindo espaço com o meu e isso me fez lembrar das vezes que dormi com minha namorada. Bruna ia parando vagarosamente de tremer e eu fiquei aliviada em perceber que ela dormia. A troca de imagens de Bruna com Eduarda me fez sentir saudades, até consegui sentir o cheiro da minha garota. Me apeguei nas lembranças e acabei adormecendo.
Kelly
Duas e quarenta da manhã e a única notícia que tinhamos era que Eduarda estava estável. Estável em que estado? Não sabemos. Vó, Hunter, Rick e eu nos olhávamos sentados em umas cadeiras que acabaram ficando desconfortáveis pelo tempo que ficamos em repouso sobre elas. Minhas costas doíam, os olhos pareciam sustentar uma tonelada e a garganta tinha uma pedra entalada.
-Vó... Vá com Rick e Hunter para meu apartamento...
-Vão vocês. -Vózinha mal conseguia falar. -Vou me sentir melhor se vocês forem.
-Melhor a senhora ir... Eu fico esperando notícias.
-Por favor... Eu quero que vocês vá.
-Vamos Kelly. -Rick.
-Vai com Hunter... Eu vou ficar.
-Kelly... Vai com eles por favor...
-Tudo bem vózinha.
Chegamos no condomínio apenas no carro de Rick, o meu acabou ficando no estacionamento do hospital. Hunter se instalou no quarto de Rick que ficou no meu, fazendo-me cafuné.
-Rick...
-Oi.
-Por que você gosta tanto de mim?
-Ah, não sei. Você é especial.
-Te amo, sabia?
-Também te amo. -Ele beijou meu rosto. Um beijo demorado. -Agora dorme que Eduarda quer te ver bem daqui a pouco.
-Tá!
Laura
Bruna me abraçou durante a madrugada, mas eu não quis acorda-lá.
-Bom dia.
-Bom dia, Bruna. Está melhor?
-Sim. Obrigada por me ajudar.
-Eu sei que você faria o mesmo por mim.
-Mas eu te amo, Laura.
-É melhor a gente ir. -Tirei o braço dela de cima de mim e consegui levantar da cama com um pouco de esforço com a falta de espaço.
-Vai não. -Ela tentou me segurar. -Ah! Vai não.
-Hum. -Mostrei a língua pra ela e fui direto para o banheiro. -Brunoooo! Bruno, saí.
-Só mais cinco minutinhos. -Ouvi a voz dele do outro lado da porta.
Vinte minutos depois, consegui tomar meu banho. Ajudei minha vó a arrumar a casa em seguida e ela me ensinou alguns segredos da cozinha. Consegui até fazer macarrão que por sinal ficou maravilhoso.
Kelly
Acabei acordando bem cedo. Vi o celular de Eduarda junto ao meu, nunca fui curiosa ao ponto de desbloquear e olhar as mensagens dela, mas hoje... Peguei o celular e por sorte estava descarregado.
-Deve ser um sinal divino.
-Falou comigo? -Rick estava sonolento na cama.
-Não. Continua dormindo.
-Vó ligou? -Ele se contorceu na cama e me olhou esperando a resposta.
-Não. -Coloquei o celular de Duda no carregador.
-O que você estava fazendo com o celular dela?
-Nada.
-Kelly!
-Oi.
-Deixa a namorada de sua prima em paz.
-Não fiz nada! Levanta que eu quero ir ao hospital e você vai trabalhar.
-Arg! -Rick levantou, pegou uma toalha e foi para o banheiro. -Bom dia Hunter.
-Bom dia. -Hunter entrou no quarto em que estava. -Oi Kell, alguma novidade?
-Ainda não. Você vai ajudar Rick na empresa e eu vou para o hospital.
-Okay patroa.
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A Breve História De Kelly e Laura
RomanceQuem ama antes do beijo, antes do toque, entende o que é amor de verdade. Mal sabia Kelly Sykes que aos 20 anos apaixonar-se pela primeira vez, ainda mais pela namorada de sua prima seria algo tão doloroso. Laura Mendes, quinze anos. Envolvida em...