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Laur

Sai procurando o quarto 26 e quando encontrei, uma enfermeira não deixou eu entrar por não ser da família. Fiquei alguns minutos sentada em uma cadeira no corredor quando Diná chegou.

-Bom dia, querida!? Madrugou foi?

-Bom dia.  Acabei de chegar. Como Eduarda está?

-Acabei de chegar também... Passei a noite em casa.  Entra comigo?

-Posso?

-Claro! Ai de alguém tentar impedir. -Agradeci e entramos. Eduarda ainda dormia, mas não estava mais com tantos tubos como a ultima vez que a vi. Tinha apenas um fino que ligava a veia dela a um soro. -Minha netinha é tão linda. Não acha, laura?

-Sim. -Um nó desceu rasgando na garganta. -Muito.

-Eu já fui uma moça muito bonita, laura. Minhas netas herdaram isso de mim.

-A senhora é muito bonita. -Realmente dona Diná é uma senhora muito bonita, jeito de senhora comportada com um toque moderno.

-Hoje não sou mais não. -Ela rir.  -Mas já fui.

Vi Eduarda se mechendo e depois abrindo os olhos vagarosamente. Fiquei feliz de vê-la acordar. Dona Diná aproximou-se dela e beijou o rosto com tanto carinho que o remorso me consumiu por ter feito o que fiz para deixá-la naquela situação.

-Acordou meu amor? -Dona Diná fala. -Tá melhor?

-Sim. Mas minha perna ainda dói e minha cabeça também. -Ouvir a voz de Eduarda me trouxe um alívio. -Oi Laura. Que bom que veio. -Eu apenas sorri porque não consegui falar nada pelo nó formado em minha garganta. -Cadê a lambisgoia da tua neta, vó? 

-Isso tudo é saudades de mim, queridinha? Precisa fingir de morta para me ver não, tá. -A garota perfeita que vi ontem entra na sala, vai até Eduarda e a beija no rosto, praticamente na boca da garota.

Kell

Procurei a sala que Eduarda está e não demorei muito para encontra-la.

-Isso tudo é saudades de mim, queridinha? Precisa fingir de morta para me ver não, tá. -Fui até ela e dei um beijo em seu rosto.

-Quando eu soube que estava por aqui, fingi que estava dormindo para ver se você desistia e ia embora logo. -Eduarda fala. Se somos sempre carinhosas assim? Vocês não viu nossas brigas de amor. Cada tapa e puxão de cabelo que só Jesus na causa.

-E essa marca de batom borrado? Tava iludindo quem lá fora? -Fiquei nervosa e procurei alguma coisa para olhar. Virei e dei de cara com uma garota.

-Oi! - Falei envergonhada. -Tudo bem?

-Oi. -A garota deu um sorrisinho de lado. -Tudo bem.

Não sou uma pessoa de ficar com vergonha por nada, mas o jeito que a garota me olhava estava me deixando constrangida. Fui até o banheiro do quarto ver o estrago em minha boca.

Laura

As meninas estavam se divertindo com a conversa delas e Diná me avisou que ia sair por que o papo delas ia demorar daquele jeito. Quando Eduarda falou para a outra que o batom estava borrado a garota ficou nervosa e deu de frente comigo.

-Oi. -Ela fala sem jeito. -Tudo bem?

-Oi. Tudo bem. -Fitei meu olhar na boca dela. Será coincidência demais a boca dela ta com o batom da mesma cor que o da médica? Fiquei vermelha de vergonha com meus pensamentos. Não era possível, mas ela não tem cara de quem usa batom para ir ao hospital. Ela foi até um outro compartimento do quarto. Quando vi Eduarda me chamar fazendo sinal com a mão.

-Oi? -Falei quando me aproximei.

-Tava com saudades!- Revirei os olhos e me afastei novamente.

-Só vim para saber se você estava melhor e já estou indo embora. Tchau!

-Espera! Vem aqui. -Parei e fiquei pensando se voltaria quando Eduarda me chamou. -Vem!

-Diz.

-Nem um beijinho de melhoras vou ganhar? -Sorri, beije-lhe o rosto e sai. Vi Diná tomando café e fui lá me despedir dela. Liguei para mãe e voltei pra casa.

A Breve História De Kelly e LauraOnde histórias criam vida. Descubra agora