Listen me.

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Ela me olhava desconfiada. Soltou-se de meu abraço e cruzou os braços no peito. Fiz o meu melhor para fazer cara de inocente.
— Surpresa? — questionou ela, esticando a palavra, parecendo em duvida.
— É, surpresa. E então? — perguntei.
— Vou precisar me trocar?
— Não, esta perfeita assim  — respondi, fitando-a de cima a baixo.
Aquela sensação esquisita no estomago mais uma vez. Olhei para cima impaciente.
— Estou com preguiça  — murmurou ela.
Revirei os olhos e peguei em sua mão.
— Vamos logo — falei, então rodopiamos, aparatando.
Segundos depois estavamos em uma rua de comercios, mas que estava completamente deserta. Ja estava escuro. Hermione ainda segurava minha mão.
— Onde estamos? — perguntou ela.
Dei um sorriso de lado, tipico de um Malfoy quando esta aprontando alguma coisa.
— Brighton — respondi rapidamente.
Ela me olhou de canto, parecendo confusa. Caminhei puxando-a comigo até a entrada de um comercio feito de madeira, o lugar estava abandonado a muitos anos. A porta rangeu alto ao abrir, a madeira estalando sobre os nossos pés.
— Draco, que lugar é esse ? — quis saber, curiosa.
— Espere e verá — falei.
Levei ela até uma estante com vidros de temperos quebrados. Paramos de frente a estante. Hermione me olhou rapidamente, intrigada. Peguei minha varinha e toquei o vidro quebrado com pimenta. A estante começoua se retorcer, e dobrou-se, fazendo uma escada. Hermione se remexeu ao meu lado, inquieta. 
— Vem — falei, descendo um degrau.
Hesitante Hermione deu um passo em minha direção, então suspirou.
— Ok, vamos acabar logo com esse suspense — disse ela, mais para si mesma. 
Sorri abertamente e a guiei pela escada que dava em um curto corredor gelado, e a frente se via uma porta de metal que pegava toda a parede. Então ao nos aproximarmos da porta apareceu um pequeno circulo, para identificar a varinha, como o que havia em minha mansão. Pressionei minha varinha ali e a porta se abriu. Musica alta invadiu meus ouvidos, Hermione me olhou surpresa. Apertei sua mão na minha, gostando da sensação de estar ali com ela. Era a primeira vez que levava uma garota comigo, sempre vinha com os amigos. Entramos de mãos dadas, eu segurava a dela com firmeza, caso ela reconhecesse alguns rostos por aqui, assegurando-me de que ela não sairia correndo ou sacasse a varinha.
 

POV. HERMIONE

Draco havia feito mistério do lugar, eu estava me corroendo por dentro de curiosidade. Aparatamos em Brighton segundo ele, em uma rua estranhamente quieta e vazia. Tinha muitos comércios ali mas nenhum estava funcionando. A mão de Malfoy na minha era a unica coisa que me impedia de entrar em colopso. Entramos em uma das lojas, onde antes parecia ter sido algum tipo de casa de temperos ou restaurante. Por incrivel que pareça passou pela minha cabeça tudo quanto é lugar, menos o que realmente era. Me senti meio estupida, pois quando a porta prateada se abriu e a musica alta invadiu o corredor e meus ouvidos pareceu meio obvio. Estavamos em uma boate. Sem dizermos nada, Draco me guiou para dentro, sua mão ainda firme na minha, a porta fechou-se a nossas costas sem nenhum ruído. De imediato eu soube que não se tratava de uma boate trouxa; haviam garrafas de Whisky de fogo e Hidromel flutuando pelo lugar, por cima das cabeças. No bar - que não havia barman - jarras de Rum e Quentão enxiam copos, haviam outras garrafas que eu desconhecia, o teto era enfeitiçado quase como o de Hogwarts, todo estrelado e completamente escuro, luzes coloridas iluminavam todo o ambiente. Haviam muitos bruxos em mesas conversando e muitos dançando também, era uma batida ritmada e contagiante. Todos estavam impecavelmente bem vestidos. Percebi algumas pessoas lançando olhares em nossa direção, algumas até parando de dançar, observando Draco passar comigo de mãos dadas. Paramos em um canto da boate, perto do bar, onde havia alguns sofás na cor verde. Draco inclinou-se na minha direção e beijou meus labios com suavidade, enroscando suas mãos em meu cabelo, então virou-me de modo que eu fiquei encostada a parede. Lacei seu pescoço, ficando na ponta dos pés para facilitar o beijo. Draco parou e me olhou, seus olhos faíscando desejo, um sorriso malicioso brincava em sua boca, uma sobrancelha arqueada, como quem quer encrenca. Completamente sexy, tirando minha atenção de qualquer coisa a minha volta. Eu só via ele! Mordi o labio inferior, entorpecida. 
— Não faça isso aqui, acabamos de chegar — disse ele provocativo.
— E porque não? — falei no mesmo tom, sorrindo satisfeita com o efeito que causava nele.
— Você sabe o porque — acusou.
Então ele estendeu a mão para mim, eu a peguei e ele me puxou para a pista de dança. Eu o segui de bom grado. Daçavamos em sincronia, no ritmo da musica, nossos corpos bem proximos, os olhos dele não deixavam os meus. Dançamos e bebemos a maior parte da noite. Até que minhas pernas não aguentaram e eu tive que sentar, Draco se juntou a mim em um dos sofás mais afastados. Sentei-me e coloquei as pernas por cima das de Draco.
— Não aguento minhas pernas — comentei com um sorriso.
— Ah não ... e como fica o resto da nossa noite? — disse ele fazendo beicinho. 
Entendi o que ele quis dizer e dei risada. 
— Não se preocupe com isso — dizendo isso segurei em seu rosto e o puxei para um beijo rapido. Então encostei no sofá. Draco pegou uma das garrafas de Hidromel que passava e enxeu dois copos, passando um para mim. Comecei a olhar a minha volta mais atentamente, enquanto bebiricava em meu copo. Então Thomaz Shulz passou, era um garoto da Sonserina que na guerra lutou ao lado de Voldemort. Mais rostos conhecidos começaram a se destacar, a maioria deles ex comensais da morte. Instantaneamente fiquei inquieta, desconfortavel. Draco olhava o teto enfeitiçado pensativo.
— Draco? — chamei.
Ele me olhou, os olhos avernelhados de tanto alcool que havia em seu organismo - perguntei-me por um segundo se eu estava no mesmo estado que ele.
— Quero ir embora — murmurei.
Draco franziu o cenho.
— Achei que estivesse se divertindo — disse, confuso com minha subita mudança de humor.
— Estava ...Mas estou com dor de cabeça — menti.
Não queria falar o real motivo de querer sair dali, afinal, ele também tinha sido um Comensal da Morte, não queria que ele pensasse que eu estava sendo preconceituosa, porque não estava! É só que não tenho certeza se todos ali mudaram, se eles deixaram de pensar como Voldemort, e algo me dizia para ir, como um sexto sentido.
— Se é assim, tudo bem então ... vamos — disse ele levantando-se, sorrindo sem mostrar os dentes.
Levantei rapido demais e uma vertigem me atingiu. Senti que ia vomitar a qualquer momento.
— Antes ... vou ao banheiro — avisei, minha voz falhando.
— Hermione, ta tudo bem? — disse ela, aproximando-se preocupado.
Fiz que não com a cabeça e corri em direção ao banheiro feminino. Um ótimo jeito de terminar uma noite de diversão! 
 

POV. DRACO

Fiquei olhando Hermione sair correndo, sem saber muito o que fazer. Ela não parecia nada bem, eu tinha que cuidar dela.
— Ora, ora, Draco Malfoy — escutei uma voz feminina dizer atras de mim em reconhecimento.
Virei-me e parada ali estava Astoria GreenGrass. Franzi o cenho e a olhei interrogativamente.
— Não esperava te encontrar aqui — disse ela, me olhando de cima a baixo — Você sumiu...
— É ... dei um tempo — respondi rapidamente, sem querer prolongar o assunto. Não estava com cabeça para conversas que não me interessavam, estava preocupado com Hermione.
— Senti sua falta — murmurou ela corando, se aproximando de mim devagar.
Dei dois passos para tras.
— Astoria, não vai acontecer — falei com firmeza, olhando para os lados.
— E porque não? Você não gostou da ultima vez? Não sente minha falta? — dizendo isso segurou na gola de minha camisa e sorriu maliciosamente, seu halito era puro alcool.
— Eu nem lembro daquela noite ... tire as mãos de mim — falei rispidamente.
— Ficar irritado só te deixa ainda mais irresistivel — sussurou ela, passando um braço ao redor de meu pescoço. 
— Você é mesmo um idiota ! — escutei uma voz familiar gritar, antes que eu pudesse me desvencilhar de Astoria. Olhei para tras e Hermione estava um pouco distante, me fuzilando com o olhar. Ela balançou a cabeça em negativa e saiu rapidamente em direção a porta. Empurrei Astoria e sai atrás dela. Hermione entendera tudo errado, *mas que saco!*. Passei pela porta e a escutei nas escadas, a segui.
— Hermione? — gritei chamando-a enquanto subia as escadas correndo. Então a ouvi aparatar, *maldição!*. Aparatei também e logo estava em seu quarto, não havia sinal dela lá. Mas uma hora ou outra ela ia ter que voltar, então me joguei em sua cama frustrado. Astoria tinha que aparecer para me encher o saco justo naquele momento? Tinha que tentar alguma coisa justo quando Hermione saía do banheiro? Parecia que o destino insistia em fazer tudo dar errado pra mim. Talvez fosse uma forma de pagamento pelas vidas que estraguei, carma, azaração, alguma poção extremamente forte... Era pedir demais que as coisas começassem a dar certo? Não queria que a noite acabasse daquele jeito. Precisava explicar para ela que tudo não passou de um mal entendido. Esperava que ela acreditasse e mim; não sei se consigo mais me afastar dela, eu precisava dela.

Minha raiva foi passando e o desespero tomando conta enquanto observava o sol nascer parado na janela. Duas horas se passaram e nada. Então escutei passos, corri e me joguei em baixo da cama. A porta se abriu devagar e foi fechada logo em seguida. Alguém sentou na cama abaixando um pouco o colchão, escutei barulho de ziper e em seguida um par de botas foi empurrado para perto de mim. Então eu soube, Hermione havia chegado. Sai devagar de baixo da cama, tentando ser o mais silencioso possivel. Levantei e ela estava ali sentada, tirando a blusa. Por um segundo perdi o fio do pensamento. Ela levantou para tirar a calça e quando se virou me viu parado ali. 
— Sai daqui — disse baixo e com raiva.
— Hermione, me escuta por favor — pedi.
Ela pegou a varinha e apontou pra mim. 
 

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora