Era insuportável a sensação de não saber o que estava acontecendo com Draco. Anos sendo chamada de irritante sabe-tudo não me ajudaram a conter minha curiosidade - que era pior quando se tratava dele. Eu queria tirar camada por camada daquele homem, esconder ele em baixo da minha camiseta e o proteger de todas as coisas ruins que lhe atormentavam.
Draco e sua insistência em esconder suas aflições achando que está me polpando de alguma coisa quando na verdade está me enlouquecendo de tanta angústia. Eu ouvi seus soluços através da porta do banheiro, ouvi o estrépito de alguma coisa se quebrando, ouvi o barulho do box de vidro tremer, eu sabia que ele não estava bem. Mas ele não quis dividir sua dor comigo, não quis abrir a porta - não para mim. Hugo observava meu "vai e vem" com ar de curiosidade, eu estava na porta, prestes a coloca-la abaixo com a minha varinha quando Hugo tocou minha perna e disse com aquele tom de maturidade que sempre me assustava "deixa que eu cuido dele". Não é que Draco abriu a porta para ele ? Quem não abriria.Os dois estavam no quarto agora, Draco conversava baixinho com Hugo, dali da sala eu não conseguia distinguir o que falavam e tentava não me sentir excluída por isso. Meu livro abandonado em cima da minha barriga enquanto eu encarava os cristais do lustre exageradamente grande da sala de estar de seu apartamento, um pequeno sorriso se formando em meu rosto. Draco e sua fixação por coisas caras e luxuosas, ele estava apenas sendo um Malfoy - e apesar de não me importar com coisas materiais e seus preços, eu realmente começara a gostar daquele lustre e suas gotículas de cristais.
. . .
Desliguei o chuveiro e me enrolei na primeira toalha que encontrei, saí do banheiro, meus pés molhados deixando pegadas no assoalho de madeira. Entrei no quarto de Draco acendendo a luz, encontrando-o ali, deitado na cama com os braços cruzados atrás da nuca e encarando o teto.
— Pensei que estivesse dormindo com Hugo — comentei.
Ele não me olhou, apenas suspirou. Respirei fundo e peguei a camiseta dele e minha calcinha que eu tinha separado para dormir, me sequei e deixei a toalha sob a cama. Os olhos de Draco caíram sob mim e ele respirou fundo. Coloquei a calcinha e a camiseta rapidamente, apanhei a toalha e passei a secar meus cabelos. Seus olhos cinzas ainda me observavam em total concentração, ergui uma sobrancelha inquisitivamente.
— Perda de tempo — ele bufou.
Encarei ele sem entender a irritação em seu tom de voz e sobre o que ele estava falando.
— O que é perda de tempo ?
— Você se vestir — disse como se fosse obvio, aquele sorrisinho que eu detestava na infância brotando em seu rosto, entretanto, não chegava aos seus olhos. Apaguei a luz e pulei para cama engatinhando até ele, deitando em seu peito. Ele me embalou, sua mão direita indo para as minhas costas por baixo da camiseta. Me aconcheguei ainda mais nele, passando uma perna por cima de seu quadril, fechando meus olhos quando ele começou a descer e subir o indicador, enviando arrepios por minha espinha.
— Quer conversar ? — sussurrei no escuro.
Ele sabia sobre o que eu estava falando, mas não me respondeu de imediato, ele ficou tanto tempo calado que pensei que tivesse adormecido - eu mesma começara a me sentir sonolenta quando Draco respirou fundo.
— Ela costumava ser tudo para mim, durante anos a única que eu podia contar, a única que eu tinha certeza que me amava. Mas ela não me amava, Hermione — sua voz falhou — ela se mostrou ser exatamente como meu pai …
Um nó se formou em minha garganta, por isso ele passou horas naquele banheiro. Eu não me dei conta de que ele ainda sofria com o que acontecera, nunca mais haviamos tocado no assunto daquele dia horrível. Eu imaginava que ele estivesse de luto pela morte dela, enfrentando a dor a sua maneira, mas era mais do que isso, ele não conseguia perdoa-la pelo o que fez.
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Reverse - Dramione
Fanfic"Minha vida toda foi uma cilada. Eu errei, fui fraco e me submeti a ordens de um mestiço imundo, virei um assassino e me orgulhava disso. A marca negra ainda estava ali em meu ante braço para me lembrar todos os dias do quão desprezivel minha vida e...