The Murder

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POV. HERMIONE

NO DIA SEGUINTE 

Fazia algumas horas que o sol tinha nascido. Acordei um pouco tarde e isso pareceu colaborar com a exaustão que eu sentia. Respirei fundo e senti um cheiro esquisito. Sentei na cama devagar e inspirei mais uma vez, tentando descobrir o que era. Houve um estalo e um xingamento:
— Ai caralho ! 
Era Draco e o cheiro era de queimado.
Levantei e coloquei minhas pantufas de rabanete - que Harry teve a gentileza de trazer no dia anterior para mim, com mais algumas coisas minhas - e caminhei em direção ao cheiro. Não andei muito, a casa era bem pequena. Parei no batente circular da cozinha e coloquei as mãos no quadril, um riso escapou por entre meus labios diante da cena que via. Draco virou o rosto para mim e revirou os olhos. Ele estava de cueca box preta, tentando fritar alguma coisa no fogão a lenha, sem usar magia. Ao que parece tinha pegado fogo, pois era impossivel identificar o que era aquilo. 
— Se veio rir do meu dom culinario pode dar o fora Granger — resmungou voltando sua atenção para a frigideira torrada. 
Eu ri mais uma vez, ele me lançou um olhar zangado e tampei a boca para conter a risada.
— Do que se trata tudo isso ? — perguntei divertindo-me, entrando na pequena cozinha.
— Eram bacons — disse Draco em tom triste.
— E agora são cinzas — debochei.
Ele semicerrou os olhos pra mim.
— Ainda bem que queimou. Você com certeza não merece café da manhã na cama — disse com sarcasmo.
Arqueei a sobrancelha para ele.
— Bom dia pra você também — retruquei.
— Bom dia baixinha — disse me puxando pela cintura e em seguida me abraçando.
Sorri em seu peito e o abracei também. 
— Agora volta pra cama, você tem que descansar — disse ele com suavidade.
Afastei o rosto para olha-lo, fiquei na ponta dos pés tentando deixar meu rosto na altura do seu; não deu muito certo, ele continuou alguns centimetros mais alto, de modo que meus olhos ficaram entre sua boca e seu nariz. Fitei ele com desagrado.
— Não quero passar o dia na cama. Sem contar que preciso comer e você é um desastre na cozinha  — falei em uma voz fininha, quase como um choramingo.
Draco abriu um sorriso torto e afagou meu rosto com uma das mãos.
— Mas você precisa, pelo bebê — lembrou ele — E outra, Potter disse que ia me trazer uma varinha hoje, você não vai morrer de fome — disse zombeteiro.
Suspirei e me soltei dele indo pro quarto a contra gosto. Sentei na cama e olhei para a janela, os vidros estavam fechados e embaçados pelo frio. Eu teria de me esconder aqui, sabe-se la por quanto tempo. As coisas pareciam ter ficado de ponta cabeça, como se minha vida fosse a caixa de cartas que eu guardava perfeitamente arrumada de acordo com as datas e alguem fosse la a virasse, derrubando tudo no chão, tirando a ordem. Na verdade era exatamente assim. Meus planos, que dediquei anos traçando-os estavam fora de ordem. Eu precisava encaixar tudo de um modo que desse certo, só não sabia como e nem quando conseguiria fazer isso. Escutei passos e um segundo depois Draco adentrou o quarto.
— Como você esta ? — perguntou, sentando-se ao meu lado e pousando uma mão em minha coxa.
— Bem, eu acho ...
— Hermione, me desculpa — disse Draco, apertando levemente minha perna.
Olhei para ele, seus olhos estavam angustiados. Ergui a mão e alisei seu rosto, passando o polegar em seu labio superior, ele fechou os olhos com meu toque.
— Não precisa se desculpar. Estou bem ... só estou tentando me acostumar com isso — falei.
— Prometo fazer meu melhor para que isso acabe logo — dizendo isso abriu os olhos encarando os meus.
Quato tempo convivi com Draco sem reparar como seus olhos eram hipnotizantes, lembravam lua cheia, brilhantes e de um cinza quase azul. 
Duas batidas na porta arrancaram-me de meus devaneios, os olhos dele me deixaram e só então notei que eu prendia a respiração. Toda vez que ele me olhava daquele jeito, tão profundamente, sentia como se fosse a primeira vez que realmente o via e esquecia de respirar.
— Só pode ser Potter — murmurou Draco levantando-se.
Ele vestiu uma calça de moletom cinza que estava jogada em uma cadeira e saiu tropeçando para a sala, ansioso por sua nova varinha ou por informações. Coloquei um robe azul por cima do pijama e fui para a sala também. Harry estava se sentando no sofá e Draco fechando a porta.
— Olá, Harry — falei entrando no comodo.
Harry esboçou um sorriso, mas não chegava aos seus olhos. Percebi que ele parecia preocupado e cansado.
— Quais são as novas, Potter ? — perguntou Draco, sem rodeios.
Sentei na outra ponta do sofá cruzando as pernas em "índio". Draco puxou uma cadeira sentando-se de frente para Harry. 
— Ja esta sendo procurado. Aproveitei minha hora de almoço e vim trazer isso a você — dizendo isso Harry tirou uma varinha e um jornal enrolado de sua capa. Mordi o labio apreensiva.
— Não sei se vai servir. É de Azevinho, 29 centimetros, inflexivel e núcleo de corda de coração de dragão — informou Harry quando Draco pegou a varinha com cuidado. Era de um marrom avermelhado e fina. 
— Não a roubou, não é, Harry ? — perguntei receosa.
— Claro que não — respondeu depressa de modo pouco convincente, em seguida emendou devagar, em tom inocente — Apenas peguei emprestada da seção de Controle do Uso Indevido da Magia, estava la a seculos.
— Esta louco para perder seu emprego. Isso foi arriscado, podiam ter pego você ! — adverti.
Era um habito que eu duvidava que algum dia fosse perder. 
— Mas não pegaram. Além do mais quando essa encrenca toda passar vou devolve-la — retrucou dando de ombros.
Me reclinei e tomei o jornal de suas mãos no exato momento em que Draco ia pega-lo. Ele semicerrou os olhos pra mim e eu sorri amarelo para ele. Desenrolei o jornal depressa e o estiquei, logo ali na primeira pagina havia uma foto animada de Draco, onde ele cruzava os braços no peito e arqueava uma sobrancelha. Devia ter uns 17 ou 18 anos na foto, lia-se a seguinte manchete acima: 

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora