Funeral

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POV. DRACO

Talvez eu estivesse surdo. Havia um zumbido alto e irritante em meus ouvidos, que não me deixava pensar direito.
 

FLASHBACK ON

Estava tão escuro la fora que eu tinha impressão de que nunca mais o Sol fosse dar as caras. A Torre de Astronomia era um ótimo lugar para se pensar e no momento tudo que me vinha em mente era suicidio. Seria tão rapido. Do jeito que me consideravam idiota iriam achar que eu simplesmente caí. Era só passar uma perna, depois outra e então me atirar para o nada. Seria rapido, não seria ?
— Finalmente achei você, cara  — ouvi Blás dizer a minhas costas.
Bufei de raiva, eu não queria ser encontrado. De repente ele estava ao meu lado, olhando la embaixo como eu fazia.
— Você não pode pirar agora. Sabe disso, não sabe ? Ele mataria você.
Era o sexto ano em Hogwarts e por alguma maldição de meu pai, Voldemort me escolhera para matar o Diretor Dumbledor.
— Não é uma má ideia — resmunguei.
— Claro que é. São tempos de guerra, não posso enfrentar essa sem meu melhor amigo.
Olhei para ele de canto, Blás cruzou os braços no peito e sorriu com empolgação pra mim.
— Qual é, tira esse sorrisinho da cara. Não ta vendo o que esta acontecendo ? Eu não quero mais isso pra mim — falei irritado.
Blás suspirou.
— Nem eu, meu caro amigo. Por isso eis aqui a minha sugestão: vamos fugir dessa encrenca cara. Podemos abrir uma estalagem em algum lugar remoto, beber até vomitar e pagar mulheres bonitas para nos satisfazer, comprar carros esportivos e viajar o mundo sem rumo, gastar toda a grana dos nossos pais na DedosdeMel. As possibilidades são infinitas. — disse ele em tom de quem se diverte.
Olhei para ele e sem conseguir me conter eu ri. Blás riu comigo.
— Não acredito que sou seu amigo — murmurei.
— Pra você ver o quanto você é sortudo Draquinho.
Suspirei.
— Tenho uma garrafa de Hidromel guardada. Dizem que é a bebida preferida de Dumbledore, acho que posso te ajudar. 

. . .

Encolhido no chão, eu chorava de dor, eu não aguentava mais aquilo. Eu imploraria pela morte se eu tivesse ao menos voz para isso. Eu mesmo me mataria se tivesse forças para segurar a varinha. Houve outro lampejo azul, mas nada aconteceu, não senti aquela dor excruciente. Escutei um arquejo e um grito sufocado, ergui a cabeça olhando a minha volta e me deparei com Blásio ao meu lado se contorcendo de dor.
— Como ousa entrar na frente, seu moleque ! — rosnou Voldemort.
Outro lampejo, dessa vez Blás gritou alto, um grito angustiante.
— Pare — tentei falar, mas não saiu mais do que uma ronquidão estranha.
Mais lampejos e mais gritos, sem que eu entendesse o que estava acontecendo, desviei o olhar, não podia ver aquilo. Eu que me recusei a assassinar Dumbledore, que me rebelei durante o feriado de páscoa em que fui pra casa, batendo o pé e gritando que eu estava fora de toda aquela sujeira. Então porque era Blás que estava ali, sendo torturado pela Maldição Cruciattos e não eu? O som terrivel de seus gritos cessou, olhei para ele mais uma vez e ele tinha os olhos fechados com força e ofegava. Voldemort não estava mais ali, apenas meu pai. Ele se aproximou de mim e deu um chute em minhas pernas.
— Levante-se ! — exigiu.
Com raiva tentei me erguer do chão, mas só me encolhi ainda mais, parecendo uma bola. 
— Você me envergonhou Draco, envergonhou nossa familia. Eu mesmo devia lhe dar uma lição — sibilou com frieza.
Fuzilei ele com o olhar e me virei lentamente, sentando no chão.
— E você Zabini — continuou Lucius, virando-se para Blás — espere até seu pai saber que você interfiriu o Lorde das Trevas.
Blás gemeu e virou, tentando ficar de joelhos. Com uma ultima olhada carregada de desprezo para nós, meu pai se retirou da sala. Ainda tentando recuperar o folêgo direito, trocamos um olhar.
— Obrigado — sussurrei.
— De nada, teu porra — gemeu — pra isso que servem os amigos.
— Vocé louco, isso sim — murmurei.
— Olha quem fala, o cara que berrou com Você Sabe Quem.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora