Traição e Invasão

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Bati a porta furioso e sai pelo corredor com um unico pensamento firmado em minha cabeça: *EU VOU MATAR ESSE CRETINO.*
Desci para o escritório do meu pai, entrei e tranquei a porta. Dane-se esse maldito Voto Pérpetuo. Eu posso morrer, mas vou levar Lestrange comigo !  Sentei na cadeira e respirei fundo, eu ia dar um jeito, eu precisava encontrar uma brecha nisso tudo. Esse tempo todo eu deixei tudo que era importante pra mim, não só por Hermione e meu filho, mas por minha mãe também e agora ela estava se entregando para o cara que desgraçou a minha vida ?! Dei um murro na mesa com toda minha força, ela vibrou e houve um barulho oco de alguma coisa caindo e rolando no chão, franzi o cenho e olhei para a baixo. Meu coração disparou e eu me agaixei rapidamente; era uma varinha ! Nesse mesmo instante a porta se abriu, enfiei a varinha em minha calça rapidamente e me apressei em fingir que amarrava o tenis.
— Draco, podemos conversar ? — ouvi minha mãe dizer.
Ergui os olhos para ela com raiva.
— Não temos nada para conversar. Aquilo — falei com nojo — ja foi o suficiente.
Desviei os olhos dela e me levantei, eu mal podia olha-la que me dava vontade de vomitar.
— Meu filho, por favor me escute. Ele me forç ...
— Não ouse dizer isso ! — gritei interrompendo-a — Não me trate como idiota. Eu vi muito bem o quanto ele estava forçando.
— Draco, eu exijo que você me respeite, nunca mais grite assim — disse ela irritando-se.
Eu ri sem humor algum.
— Respeitar você ? — desdenhei — depois do que vi acho que nunca mais vou conseguir nem olhar pra você — cuspi as palavras — não sei como teve coragem de ainda vir atras de mim. Você perdeu meu respeito completamente.
Ela me encarava nervosa, a face corada, ela abriu a boca para falar mas a fechou logo em seguida. Sem dizer mais nada sai batendo a porta mais uma vez. Fui para o meu quarto, agora eu tinha uma varinha, mas o que eu faria ? Eu precisava ter cuidado para não violar nenhuma parte do Voto.
*Pense, Draco. Pense!*
Me joguei em minha cama, girei a varinha entre meus dedos tentando encontrar uma solução. De repente aqueles olhos pertubadoramente castanhos assaltaram meus pensamentos. Hermione. Eu não podia mais me manter afastado, não depois de tudo. Como eu fui idiota por achar que estava fazendo a coisa certa ao me afastar, quando a unica coisa certa que fiz em toda a minha vida fora me apaixonar por ela. Eu precisava tanto daquela mulher. Passei esses anos todos ansiando por ela, talvez fosse masoquismo continuar assim. E caralho, eu sou egoista demais pra ser masoquista ! Eu não posso mais me manter longe, eu a quero. Sempre quis. Minha vida toda foi uma cilada. Eu errei, fui fraco e me submeti a ordens de um mestiço imundo, virei um assassino e me orgulhava disso. A marca negra ainda estava ali em meu ante braço para me lembrar todos os dias do quão desprezível minha vida era. Fui obrigado a voltar a Hogwarts depois da guerra e encarar aquelas pessoas que me odiavam – não que eu ligasse para a opinião de qualquer um em Hogwarts, mas ser chamado de filhote de comensal não era algo que me agradasse. Mas então algo mudou, onde antes só havia magoas e trevas surgiu luz e esperança, algo que eu nunca imaginei que fosse acontecer. Ela apareceu, e sua luz cegou meu mundo, bagunçou as coisas em meu peito e deixou minha mente do avesso. . . Talvez esse avesso seja a melhor parte de mim. Sem ela eu não sou nada, eu simplesmente não consigo. Ela me fez melhor, fez de mim um cara diferente, fez com que eu me sentisse alguem, foi tudo por ela ! Então porque eu tinha que me afastar quando ela é tudo o que eu preciso, o que eu quero, a minha outra metade; sem ela eu sou incompleto, infeliz, e eu não posso mais suportar isso sem ela. Eu não posso passar nem mais um dia longe daqueles olhos castanhos. Levantei com tudo e comecei a procurar freneticamente por caneta e papel.

POV. HERMIONE

Tive um sonho horrivel e assustadoramente familiar. As vezes me perguntava se esse pesadelo era algum tipo de sinal e estremecia só de pensar na hipotese. Era bem cedo, eu não conseguia mais pegar no sono, por ironia do destino talvez, era meu dia de folga. Hugo ressonava tranquilamente ao meu lado, estava todo esparramado na cama, chegava a dar inveja. Com um suspiro resignado, levantei e em passos arrastados fui para a cozinha e liguei a maquina de café, me recostei na bancada enquanto esperava. Foi aí que notei um envelope branco no chão da sala, bem proximo a porta de entrada. Com preguiça peguei a varinha apontando-a para o envelope e murmurei sonolenta:
— Accio envelope !
Ele flutou rapidamente e pousou em minha mão livre. Girei o envelope nas mãos, procurando o remetente, mas não tinha nome ali. Suspirei. Desde o dia em que ele fora embora eu abominava cartas, bilhetes, qualquer coisa que se encaixasse nessa categoria. Passei o envelope no vapor que saía da maquina de café para que abrisse sem rasgar; o botão da maquina ficou verde, meu café estava pronto, peguei a xicara e o envelope e fui para a sala. Não sei porque mas, eu estava com um frio na barriga incomum. Dei um gole em meu café, colocando a xicara de lado logo em seguida, então abri o envelope e de dentro dele tirei um pergaminho dobrado em varias partes. Eu o desdobrei e quando vi aquela caligrafia tão familiar minhas mãos tremeram e eu levantei num rompante, derrubando a carta no chão e um pouco de café no sofá. Eu só podia estar imaginando coisas, não podia ser ele. Olhei para baixo só para conferir sem prestar atenção as palavras mas a letra em si e sim, era a letra dele. Isso é ridiculo, ele deixou bem claro que não queria ter nada a ver comigo, para mim esquece-lo e agora, quando eu finalmente consegui superar - pelo menos as crises de choro - ele reaparece ? Com raiva peguei a carta do chão e a amassei, mas não joguei fora, coloquei em uma gaveta do armario da cozinha. Mesmo assim, eu não queria ler, não podia fazer isso. Da ultima vez em que ele escreveu para mim foi horrivel e acabou comigo, ele não tinha o direito de fazer isso de novo ! De acender sua existência em minha cabeça - não que eu não pensasse nele, eu pensava, e doía tanto que eu não queria mais. Não queria mais pensar nele. Bebi um copo d'agua e respirei fundo, apoiando as mãos na bancada enquanto encarava meus pés. Eu estava curiosa, era inevitavél, ainda mais quando a curiosidade era uma parte grande da minha personalidade, entretanto, eu também estava com medo. Não estava pronta para isso, ver essa carta foi como se alguém tivesse ligado um botão, fazendo com que eu me sentisse exatamente do mesmo modo que me senti três anos atras quando ele foi embora, quando ele me abandonou gravida e disse que nunca me amou. Quando ele brincou com meus sentimentos, transformando tudo em uma mentira dolorosa. Eu não queria lidar com meus monstros agora, eu só queria esquecer dos dias terriveis que passei e das longas noites em que esperei por ele. Respirei fundo, eu não ia deixar ele bagunçar minha vida mais uma vez.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora