Have Faith

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Puxei discretamente a barra de meu vestido rosé enquanto saía de uma lareira no Ministério. Ele era sem mangas, de gola média, e descia apertado até meus joelhos, deixando-me com uma silhueta de ampulheta. Minha maleta estava firme em minha mão esquerda, meus saltos eram um pouco mais altos que o habitual e ressoavam a cada passo. Meu cabelo estava preso e domado em um coque clássico, um batom de um vinho bem escuro pintava meus lábios. Com a visão periférica eu podia ver algumas pessoas cochichando conforme eu passava, algumas até mesmo indicando-me com seus narizes em pé. Respirei fundo quando parei em frente ao elevador, sentia minha nuca queimar com os olhares as minhas costas. Nenhum deles tinha a ver com a minha roupa, com meu salto, ou com o meu batom. Era a aliança que eles olhavam. Como se houvesse um refletor bem acima de minha mão direita, como se os pequenos diamantes fossem imãs de curiosos. 

Em meu setor os cochichos eram ainda mais intensos. Estava quase alcançando minha sala quando escutei passos rápidos atrás de mim. Olhei por sobre ombro, era Harry, minhas sobrancelhas franziram e parei, a sua espera. Ele acelerou o passo, logo me alcançando, estava pálido.  

— Hermione, você precisa vir comigo — ele disse quando parou em minha frente, a respiração pesada. 

— O que houve? — perguntei com apreensão. 

— Ron. 

Foi sua única resposta. 



POV. DRACO

Com a pequena mochila em um braço e Hugo no outro, aparatei para o Beco Diagonal. Tinha algumas coisas para fazer e como Hugo não tinha aula essa semana pensei em leva-lo comigo, assim passaríamos mais tempo juntos. Ainda era manhã, e embora uma garoa fina caísse sob nossas cabeças, havia uma grande movimentação de pessoas no Beco, todos os estabelecimentos e comércios estavam abertos. Hugo abriu um enorme sorriso para mim, seus olhos brilharam de empolgação. 

— Já esteve aqui, Hugo? — perguntei curioso com sua reação.

— Aham. Mamãe me levava na loja do tio Geogie. Tio Harry também me levava lá, é beeeeeem legal! — respondeu depressa, em seguida emendou em um tom animado — Podemos ir lá? 

Minha garganta arranhou e meu cenho se franziu enquanto eu pensava a respeito. George Weasley nunca teve empatia por mim, ele tinha todos os motivos do mundo para isso, eu mesmo os dei, a ele e toda a sua família. Costumava ser recíproco, eu me guiava pelo preconceito e nunca tinha me permitido enxergar além dos olhos de Lucius. Eu sempre o vira como escória e não como o cara legal que eu sei que ele era. Me envergonho por te-lo visto apenas como "mais um Weasley-traidor-do-sangue-pobretão" por tantos anos, até pouco tempo na verdade. As coisas só ficaram claras para mim quando Molly Weasley me acolheu e me aceitou de braços abertos; quando Arthur Weasley apertou minha mão com os olhos marejados e pediu que eu cuidasse bem de sua filha; quando Gina Weasley me abraçou e chorou ao mesmo tempo em que ameaçava me estrangular caso eu magoasse Hermione; quando George Weasley riu de meu plano para o pedido de casamento, me chamou de "marica" para logo em seguida me parabenizar com um soco de brincadeira por ter feito a primeira escolha certa em toda a minha. 

Os muros caíram e ruíram ali. 

Eu queria viver aquilo só mais uma vez, ou mais tantas vezes. Eles não eram, e nunca deveriam ter sido meus inimigos. Penso as vezes como tantas coisas teriam me poupado se eu tivesse escolhido ser amigo deles. Mas nunca é tarde para começar, e eu estava disposto a quebrar quantos muros fossem necessários para isso. 

— Claro, podemos passar lá mais tarde se quiser. — eu disse com um sorriso.

— EBA! — gritou, remexendo-se em meu colo, eufórico.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora