POV. HERMIONE
Foi uma das piores sensações da minha vida ver Draco daquele jeito. Sua dor refletiu em mim, tudo o que eu queria era abraça-lo, esconder ele em meus cabelos e em meus braços, para que nada pudesse alcança-lo, nem mesmo a dor de perder um amigo. Eu sabia o que viria a seguir. Draco não ia parar até achar Rodolphus e se tornar um assassino mais uma vez. Não era isso que eu queria pra ele, mas ao mesmo tempo eu sabia que não havia nada que eu pudesse fazer. Ele saiu atordoado de casa, com a capa que Harry lhe emprestou em baixo dos braço. O bebê se remexia dentro de mim, como se estivesse ansioso demais - que nem eu - para ficar parado. Eu dava voltas e mais voltas na casa enquanto Harry limpava a bagunça que Draco fez. As horas pareciam infinitas, nunca passavam e cada vez que eu olhava o relógio me sentia frustrada ao ver que o ponteiro moveu-se minimamente.
— Talvez se você parasse de olhar pra ele a cada cinco segundos as horas passassem mais rapido — comentou Harry.
As vezes eu esquecia o quanto ele era observador e o quanto me conhecia. Soltei um suspiro pesado.
— Estou com medo Harry — contei.
Ele suspirou também.
— Relaxe. Você esta segura aqui — Harry disse.
Mordi o labio inferior, não era bem disso que eu estava falando. Draco ficou muito transtornado com o que aconteceu e eu o conhecia bem o suficiente para temer o que ele seria capaz de fazer em um momento de fúria.Ja era tarde da noite e Draco não tinha aparecido. Harry dormia no sofá, disse que ficaria comigo até Dracol voltar. Meus estomago dava voltas, me fazendo ficar tensa e inquieta, eu observava a janela ansiosa, esperando ve-lo chegar.
POV. DRACO
Essa droga toda esta mesmo acontecendo ? Será que existe algum tipo de cota de felicidade ou algo assim ? Uma pessoa não pode levar uma vida tranquila e normal, sem que nada de errado ? Ou será que as coisas ruins só acontecem comigo, um castigo, talvez, por eu ter feito tantas coisas erradas. . . Eu só queria paz, ficar na boa com a mulher que eu amo e o bebê que estava a caminho. Mas querer não é poder. É duro, mas é a realidade. E pensar que quando eu era criança achava que o dinheiro pudesse me dar tudo o que eu quisesse, e cá estou eu, morrendo por dentro, porque embora pareça simples, eu não posso ter aquilo que eu quero. Nem por todo dinheiro do mundo. Parecia que meu coração estava sendo rasgado de dentro pra fora.
— Se você me provar que ela esta bem eu ... — engoli o nó na garganta e forcei as palavras a sairem — faço o que quiser.
Isso é um saco. Mas é a vida da mulher que me colocou no mundo, a vida da minha mãe que está em jogo e apesar dela ter me abandonado em um momento importante, em um momento em que eu precisava do apoio dela, eu seria incapaz de fazer o mesmo ! E sim, eu faria qualquer coisa pela vida dela. Eu devia isso a ela.
Rodolphus riu, deliciando-se.
— Ter familia até que tem um lado bom — comentou ele.
Permaneci impassivel, a varinha ainda em riste enquanto um turbilhão de emoções percorria meu corpo. Eu podia mata-lo ali, seria rapido mas mesmo assim, eficaz. Mas o medo de que alguma coisa desse errado, de fazer alguma coisa estupida que pudesse matar minha mãe me congelou no lugar. Mas eu não ia deixar ele perceber o quanto eu estava perturbado.
— Deixando o papo furado de lado, vamos ao que interessa — continuou ele — Solte a varinha e te levo até sua mamãe.
Eu sorri com melancolia.
— Não sou idiota, só solto essa varinha se tiver certeza que ela esta bem — sibilei.
Seus olhos se semicerraram em duas fendas, como se me desafiasse.
— Vá na frente — disse ele, gesticulando para a escada.
Olhei para ele desconfiado, mas segui até os degrais, passando por ele. Enquanto subia senti a ponta de sua varinha em minhas costas, ele assoviava baixinho, como se fosse o dia mais feliz de sua vida. Talvez fosse mesmo, ele tinha pego um de meus pontos fracos e sabia disso. Parte de mim se sentia aliviado por não ser Hermione em suas mãos - a outra se sentia culpada por prefirir que fosse minha mãe ali. Ainda assim, eu estava com medo.
— Vire a esquerda — instruiu ele.
Revirei os olhos. Era irritante ter ele me passando a rota da onde eu devia ir em minha propria casa. Com um cutucão da varinha ele me fez parar na porta do quarto de hospedes onde Blás dormira. Aquele sentimento horrivel de ódio borbulhou em mim, eu estava fervendo mais uma vez. Sem que ele esperasse girei e acertei um soco em sua boca com toda a força. Ele cambaleou para tras, sua varinha caiu e rolou pelo corredor. Desajeitado corri para pega-la, quando levantei com ela em mãos ele não estava mais ali, pisquei confuso, meu coração retumbando no peito. Notei a porta do quarto aberta e avancei para lá, a cena que vi me deteu ainda na porta.
— Entregue as varinhas — rosnou ele.
Ele segurava minha mãe pelos cabelos com uma mão, a outra mão segurava uma adaga com firmeza, posicionada em sua nuca. Minha mãe estava mais magra, pálida demais, os olhos pareciam dois buracos; estavam fundos e com olheras. Ela parecia um cadavér, embora ainda respirasse. Fiquei sem saber o que fazer.
— Draco ... — minha mãe balbuciou com ronquidão.
Seus olhos azuis perfuraram os meus, suplicantes.
Escutei o baque oco das varinhas caindo no chão, corri para minha mãe ao mesmo tempo em Rodolphus a soltava e corria para pegar as varinhas. Agora eu estava desarmado.
— Mãe ? — sussurrei exasperado.
— Ah, Draco — suspirou Rodolphus, fingindo pena — como você foi tolo.
Olhei para tras. Ele estava de braços cruzados, me olhava de cima, como se eu fosse um bicho nojento.
— Eu deveria matar vocês dois agora mesmo — continuou ele — mas, pra sua sorte, vou adiar um pouco esse dia.
— Fala logo o que você quer seu rato infeliz ! — cuspi.
Ele abriu um largo sorriso.
— Sabe, há muitas coisas que eu quero. Quer a parte mais divertida ou a mais empolgante ? — seu tom de voz era sarcastico, deixando claro que qualquer uma das opções não seriam nem empolgante e nem divertida pra mim.
— Tanto faz — rebati com impaciencia.
Ele mexeu as sobrancelhas.
— Vou começar pela parte empolgante então. Como eu ja disse antes, quero terminar o que Voldemort começou, infelizmente não posso fazer isso sozinho e aí que entra você.
Arqueei uma sobracelha, irritado.
— Você vai trabalhar para mim. Irá fazer tudo o que eu mandar até eu achar que deve. Quando seus serviços forem dispensavéis, prometo ser rapido na sua execução — dizendo isso ele piscou para mim como quem conspira.
Respirei fundo, precisava manter a calma e encontrar uma solução para toda essa merda.
— Isso não vai acontecer — falei, meu tom firme e frio.
Ele apontou pra mim ao falar:
— É aí que vem a parte divertida.
Esperei.
— Você não tem escolha. Um passarinho me contou que você engravidou uma sangue-ruim, não é mesmo ? — endureci, ele continuou em tom de quem se diverte — e pelo o que observei você esta apaixonado por essa garota. Também tenho sua mãe em meu poder ... sem contar que sempre se pode contar com o bom e velho Voto Perpetuo — ao dizer isso seu sorriso se alargou ainda mais.
Um gelo subiu por minha espinha e se alojou em meu peito. Eu não tinha saida, subestimei sua loucura e agora estava perdido. Me recostei na parede sentindo-me pesado como uma rocha.
— Claro que isso exige comprometimento total. Portanto, vai acabar seu romancezinho patético com a sangue ruim e ficar onde eu possa ver. Mesmo porque, agora você é um foragido da justiça.
Eu não suportaria isso, não aceitaria isso. Não sei da onde me veio forças, mas eu levantei e avancei contra ele aos berros.
— SEU FILHO DA PUTA, VOU ACABAR COM A SUA RAÇA, SEU ...
— Estupefaça ! — exclamou antes que eu o alcançasse.
Fui arremessado para trás, batendo com as costas na parede e escorregando para o chão.
— Você acha que estou blefendo ? — Rodolphus gritou — mais uma tentativa e eu mato sua mãezinha e a sangue-ruim — cuspiu.
Tentei controlar a respiração.
— Vá pro inferno — murmurei enquanto me levantava.
— Ah que coisa feia Draco. Não foi essa educação que seus pais te deram, foi ? — disse, fingindo-se de ofendido.
Fuzilei ele com o olhar.
— Agora me de sua mão garoto — falou vindo até mim — Narciza será nossa Avalista.
Fechei a mão em punho. Eu não podia fazer isso, largar Hermione assim, fazer parte dos planos de Lestrange. Eu não quero mais essas coisas em minha vida, eu não sou mais aquele cara de anos atras. Mas eu não podia arriscar a vida de Hermione, meu filho e minha mãe. Eu os perderia de qualquer forma, mas eles poderiam continuar sem mim. E só isso ja me confortava um pouco, eles viveriam mesmo que isso significasse minha morte. Minha vida pouco valia diante disso, eu a daria, a entregaria nas mãos de Rodolphus por eles, para que eles ficassem seguros.
Me ajoelhei estendendo a mão direita, amaldiçoando-me mais uma vez por ter sido tão estupido. Rodolphus ergueu minha mãe da cama bruscamente, ela gemeu de dor e eu cerrei os dentes com raiva. Ele entregou minha varinha na mão dela, a olhei alarmado, querendo dizer com os olhos para que ela reagisse, mas ela estava ocupada demais sustentando o olhar dele com desprezo. Ele apontou a varinha para ela enquanto se ajoelhava na minha frente.
— Por precaução — comentou dando um sorrisinho sinico.
Ele esticou a mão direita, unindo-a com a minha. Senti vontade de vomitar. Minha mãe tocou com a ponta da varinha nossas mãos unidas.
— Você, não deve contar sobre mim, nem entregar meus planos. Ira ser leal a mim ? — começou Rodolphus, os olhos brilhando de satisfação.
Tomei folego.
— Irei.
Uma fina linha de fogo saiu da varinha, envolvendo nossas mãos.
— Você, vai seguir cada instrução minha, cada tarefa, sem questionar. Fará o que eu mandar ?
— Farei — minha voz tremeu.
A segunda linha de fogo vivo saiu, envolvendo-se na primeira.
— E se caso falhar e for pego, ira assumir toda a culpa, sem jamais mencionar meu nome ?
Houve um momento de silêncio enquanto eu sentia meu corpo inteiro travar, como se estivesse congelado. Fechei os olhos para aceitar minha sentença de morte.
— Irei — prometi.
Houve um clarão e uma terceira linha de fogo saiu da varinha, se entrelaçando com a ultima. Eu estava em pedaços.
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Reverse - Dramione
Fanfiction"Minha vida toda foi uma cilada. Eu errei, fui fraco e me submeti a ordens de um mestiço imundo, virei um assassino e me orgulhava disso. A marca negra ainda estava ali em meu ante braço para me lembrar todos os dias do quão desprezivel minha vida e...