Ring And Charter

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POV. DRACO

Como colocar em palavras o que eu estou sentindo nesse exato momento com Hermione dormindo em meus braços ? Eu experimentava essa sensação pela primeira vez em minha vida. Minha vontade era sair gritando por aí que amo Hermione para quem quisesse ouvir, e que, por algum motivo - insano talvez - ela também me ama. Ri comigo mesmo ao me lembrar do terceiro ano, quando ela me acertou um murro na cara. Parecia que aquilo havia acontecido em outra vida e agora, eu a amava. Me sentia velho e ao mesmo tempo renovado. Quando olhava para trás via toda a porcaria que fiz com a minha vida, como eu era um babaca estúpido que achava que era importante por me tornar um monstro! Mas, ao olhar para frente, imaginar um futuro, eu vejo ela. Só ela! É nesse momento que percebo que estou perdido. Estou completamente desarmado agora, nas mãos dela, pertenço a ela e ... isso me assusta um pouco.

Pela manhã, eu e Hermione, aparatamos em seu quarto. Ela soltou minha mão e foi até sua cama, jogando a pequena bolsa ao lado das flores, então virou-se pra mim com um sorriso tristonho e um olhar de desculpas. Fiz uma careta enquanto me aproximava dela, segurei em seu pulso e a puxei com delicadeza para meu peito. Ela envolveu os braços ao redor de minha cintura, acariciando minhas costas. Dei um beijo em sua testa.
— Não quero soltar você — falei apertando-a contra mim.
Ela soltou um riso fraco.
— Não quero que me solte — disse ela.
Suspirei sentindo o cheiro de seus cabelos.
— Se quiser de verdade, não soltarei — falei, meu tom um pouco zombeteiro.
Ela suspirou também e afastou o corpo do meu.
— Serão apenas algumas horas — disse ela em voz baixa.
Revirei os olhos.
— Aham — falei acre.
— Sem brigas ou discussões hoje ok ? Por favor — disse ela, seus olhos perfurando os meus.
Dei de ombros. 
Ja estava começando a sentir a raiva chegar, isso sempre acontecia comigo quando alguma coisa não saía do jeito que eu queria ou imaginei. Eu precisava me controlar.
— Não vou ir pra la agora, você pode ficar aqui comigo ... — ela esboçou um sorriso — se quiser.
Puxei ela para mim mais uma vez, encostando minha testa na sua.
— Eu sempre quero  — falei.
Suas mãos pousaram em meu rosto, segurando-o. Ela mordeu meu labio inferior devagar, fechei os olhos e ela me beijou com uma lentidão deliciosa. Apertei a base de suas costas, pressionando meu corpo no seu.
— Se continuar assim, sou capaz de prende-la aqui comigo — sussurrei em meio ao beijo.
Ela deu um meio sorriso.
— Não faria isso — sussurrou ela em meus labios, divertindo-se.
Afastei meu rosto do seu e abri um sorriso perverso.
— Tem certeza ? — falei em desafio.
Ela ergueu as sobrancelhas, me analisando. 
— Nem acredito que Harry vai pedir Gina em casamento — disse ela mudando o assunto, afastando-se de mim varios passos e contornando a cama.
Arqueei a sobrancelha pra ela, e ri pelo nariz de sua reação. Ela mordia o labio inferior, sorridente. Puxei o ar para meus pulmões e sentei em sua cama.
— Acha que a Weasley femea vai aceitar ? — perguntei com escarnio.
Ela revirou os olhos e sentou-se na cama também, inclinou-se e abriu o ziper da bota enquanto falava.
— Porque a chama assim? Ela tem nome. E sim, Gina irá aceitar. Porque não aceitaria ?
Me encostei na cabiceira e fiz uma careta.
— Porque ela aceitaria? — falei, cutucando Hermione nas costelas.
Ela levantou-se sem as botas, correndo as mãos pelos cabelos e o puxando pra tras em um coque.
— Ela é apaixonada por ele a anos — disse Hermione.
— Se você ta dizendo ...
Ela saiu de meu campo de visão entrando no banheiro. Quando voltou tinha um vaso de vidro pequeno nas mãos com um pouco de agua. Ela desembrulhou as flores e as colocou no vaso, então colocou o vaso sob a escrivaninha. Em seguida jogou-se na cama deitando a cabeça em meu colo.
— Draco ?
Olhei para ela interrogativamente.
— De quem era a casa em que estavamos ? — perguntou curiosa.
Franzi os labios antes de falar.
— Era a casa de meu avô, Abraxas. Ele a deixou para meu pai e meu pai a deixou pra mim ... — falei depressa.
Ela se remexeu em meu colo para alcançar minha mão que estava em seu cabelo.
— Então é sua — constatou ela.
— Tecnicamente sim, mas eu não a quero.
— Porque não ? — seus olhos subiram e pararam em meu rosto.
— Não quero nada do meu pai. Só continuo na mansão por minha mãe, se não fosse por ela eu ja tinha tacado fogo naquele lugar maldito — falei.
E era verdade. Muitas vezes tinha vontade de largar tudo aquilo, toda a minha vida, a casa na qual nasci e cresci. Mas, tinha medo de que se o fizesse, minha mãe não aguentaria. A morte de meu pai afetou ela de verdade, de um modo que eu não esperava.
Ela mordeu o labio inferior pensativa, não dizendo mais nada. Fechei meus olhos, estava com sono ainda, minhas costas doíam por causa da minha ideia estupida de dormir no chão. Hermione se levantou de repente, correndo para o banheiro sem se dar ao trabalho de fechar a porta. Fui atras dela preocupado e parei no batente da porta enquanto ela se curvava no vaso sanitario, vomitando mais uma vez. 
— Devia ter te levado ao medico — resmunguei entrando no banheiro e me agaixando ao seu lado.
Ela sacudiu a cabeça em negativa e seu corpo estremeceu com mais uma ânsia. Alisei suas costas até ela parar de vomitar, por fim, ela levantou-se vacilante e se apoiou na pia. 
— Quer ir agora? Eu levo você e ... — comecei.
— Não — me interrompeu, a voz fraca e cansada pelo esforço — não precisa, ja vai passar. 
— Você tem certeza? — peguntei em duvida.
Ela respirou fundo, seus labios tremiam um pouco, assim como suas mãos. Hermione assentiu.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora