You Are Liyng

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POV. HERMIONE

Chegamos a Toca com apenas um minuto de diferença. Não entramos, Ron gesticulou com a cabeça, apontando o celeiro e se dirigiu até la, com um grunhido de insatisfação o segui. Entrei logo atras dele. Ele recostou-se em uma das mesas improvisadas de madeira, pousou as mãos nos quadris e me olhou com atenção. Respirei fundo e cruzei os braços no peito, parando na frente dele - mantendo uma distância segura entre nós.
— Então ? — incitei uma vez que ele não disse nada.
— Como sabe, estou na investigação do caso do Malfoy ... — começou.
— Não quero falar de Draco com você — falei rapido, cortando-o.
Ele riu pelo nariz.
— E porque não ? É interessante, juro — falou em tom de quem se diverte.
— Se era sobre ele que queria falar, vou embora — dizendo isso lhe dei as costas, pronta para sair.
Sua mão agarrou meu pulso me fazendo parar. Fuzilei ele com o olhar.
— Mas que droga, Ronald ! O que há com você ? — resmunguei desvencilhando meu braço de seu aperto.
Ele respirou fundo, suas orelhas tingiram-se de vermelho no mesmo instante.
— To cansado de ficar brigando com você. — murmurou — Ainda mais por causa da Fantastica Doninha Saltitante — ele deu um sorriso duro e sarcastico ao pronunciar esse apelido.
Suspirei.
— Não estamos brigando por causa dele e sim por causa de suas atitudes em relação a ele. Entende a diferença ou quer que eu desenhe Ronald Weasley ? — falei irritada.
Minha cabeça estava um turbilhão, tudo o que eu queria fazer era ir pra casa, tomar um bom banho e ficar no aconchego de minha cama ao lado do meu filho.
— Esta vendo ? Você fica toda nervosa por causa dele. Eu sempre estive ao seu lado, fomos melhores amigos por anos !, enquanto aquele babaca sempre humilhou você. Mesmo assim é ele que você defende com unhas e dentes !  — acusou
Ótimo. Íamos começar outra discussão daquelas que não se leva a lugar nenhum, mas ninguem quer dar o braço a torcer. Bufei com indgnação.
— Como se eu não tivesse motivos para ficar nervosa. Caso não se lembre, vou refrescar sua memória: você podia te-lo matado ! — repliquei.
— Mas não matei, caramba !
— Mas quase; e o pior de tudo é saber que essa era exatamente sua intenção ! — minha voz aumentou conforme a minha raiva ia se apossando de mim.
Cada vez que me lembrava das coisas que Ron havia feito sentia-me irada.
— Minha intenção era achar você. Se me lembro bem você tambem podia ter morrido, e por culpa dele ! — atirou, sua voz subindo tambem.
Balancei a cabeça em negativa, atordoada e cansada. Completamente arrependida por ter aceito escuta-lo. Com todo esse rancor que ele tinha eu não podia ter esperado mais nada além disso.
— Isso acaba aqui — falei, minha voz soou farta.
Girei nos calcanhares e saí do celeiro a passoas rapidos.
— Ele tem outro filho ! — gritou Ron.
Estaquei.
— Com Pansy Parkinson — continuou dizendo a minhas costas — achei que devia saber que seu precioso Comensal a traiu !
Me virei devagar para encara-lo, meu coração batendo em um ritmo estranho e desconfortavel.
— Isso não é verdade  — murmurei baixo demais para que ele ouvisse.
Ron estava de braços cruzados na porta do celeiro, com uma carranca. Voltei até onde ele estava e o empurrei, ele deu um passo para tras.
— Porque esta dizendo isso ? Draco e eu não estamos mais juntos, porque insisti em querer envenenar minha mente contra ele ! — disparei.
— Não estou querendo nada. Eu só achei que devesse saber, sei que não estão juntos mas estavam quando ele engravidou Parkinson ! — rebateu.
— Você esta mentindo — acusei.
— Não estou !
— Porque gosta tanto de me deixar mal, Ron ? — murmurei, minha voz embargada com as lagrimas que eu tentava a todo custo segurar.
Eu não conseguia acreditar que ele estava dizendo a verdade, a ideia de Draco ter me traido era insuportavel, porém não entrava em minha cabeça e eu tinha motivos o suficiente para não acreditar nele. Sua expressão de raiva desmoronou diante do que eu havia dito, ele parecia envergonhado, abriu a boca para falar mas não disse nada. Quase pude ver um eco do garoto por quem um dia me apaixonei.
— Não é isso o que eu quero, jamais foi minha intenção te deixar mal — ele disse, seu tom mais calmo — Eu só queria protege-la dele; eu sempre soube que ele a magoaria, que não valia nada ! Tudo o que eu queria era que você enxergasse a verd ...
— Eu sei a verdade — interrompi — Não sou nenhuma criança, não sou e nunca fui manipulavel. Que isso fique bem claro — meus olhos faiscaram para ele — Eu não acredito em você e quero que me deixe em paz !
Sem esperar resposta sai de perto dele, caminhando para a entrada d'A Toca. Pude ouvir seus passos, sabia que ele estava vindo atras de mim mas não me importei e nem olhei para tras.
— Hermione, me desculpa — escutei ele murmurar no momento em que peguei na maçaneta.
Olhei por sobre o ombro, Ron estava de testa franzida, os braços pendendo ao lado do corpo. Soltei a maçaneta e me virei.
— Outra vez ? — falei, não pude conter o escarnio em meu tom — Sabe, também estou cansada das suas desculpas.
Ele suspirou e torceu a boca em uma careta.
— E não é a mim que você deve desculpas — imendei.
Nesse instante a carranca voltou e Ron cruzou os braços na defensiva.
— Se acha que vou pedir desculpas para aquele Comensal idiota pode esquecer — resmungou.
Lhe dirigi meu melhor sorriso de desdém.
— Ótimo — falei acre.
Ron se aproximou de mim com rapidez, parando a poucos centimetros de mim. Engoli em seco, me mantendo imovel, os olhos dele estavam nos meus.
— Hermione, não quero me afastar de você mais uma vez. Se não posso ter você como mulher, me de pelo menos sua amizade. Eu preciso de você — ele sussurrou, seus olhos intercalando entre meus olhos e minha boca.
Minha cabeça doía; Ron me deixava confusa, tinha sido extremamente dificil retomar nossa amizade, mesmo quando conseguimos deixar tudo para tras as coisas nunca mais tinham sido as mesmas. Agora não seria diferente. Aquela amizade nunca mais iria existir, ainda mais quando Ron colocava dessa forma, deixando claro que queria ser bem mais que apenas meu amigo.
— Eu sinto muito — sussurrei.
Ele fechou os olhos brevemente, mordi meu labio desconcertada. Não queria que as coisas acabassem assim com o Ron, mas no momento eu não via outra saída. Ao abrir seus olhos me fuzilou com o olhar, seu rosto vincou em uma expressão de pura raiva.
— Esta cometendo um erro confiando nesse pilantra — cuspiu.
A raiva borbulhou em meu corpo mais uma vez, sustentei seu olhar.
— Estarei cometendo dois se confiar em você — rebati.
Então entrei, deixando Ron para trás, assim como nossa amizade.

Cheguei em meu apartamento completamente exausta. Hugo saiu da lareira pulando, sua disposição me deixava zonza. Me arrastei para a cozinha, no caminho larguei minha bolsa em cima da mesa, andei até a geladeira, a abri e peguei a garrafa de agua gelada, despejei em um copo e bebi em um só gole. "Ele tem um filho ! Com Pansy Parkinson. Achei que devia saber que seu precioso Comensal a traiu! ", as palavras de Ron reçoavam na minha cabeça. Coloquei o copo sob a pia e me apoiei na mesma, tentava me livrar desses pensamentos quando senti Hugo puxar a barra da minha saia. Olhei para ele com ternura e afaguei seus cabelos.
— Mamãe, você ta bem ? — murmurou, seus olhinhos me analisavam com curiosidade.
Dei um sorriso cansado e me endireitei.
— Estou sim. É só fome — menti.
— Eu também to com fome — comentou, um sorriso de formando nos labios — a gente podia comer pizza, né ?
— Ótima ideia !
Ele sorriu ainda mais e correu de volta para a sala, jogando-se no sofá com uma força exagerada.
— Esse menino ainda vai quebrar meu sofá — murmurei comigo mesma, rindo um pouco.

A caixa de pizza - agora com poucos pedaços - estava na mesa. Hugo desenhava em seu caderno, sentado no chão da sala, enquanto eu assistia a um filme - mais ou menos, ja que a cada cinco minutos ele me chamava para mostrar seu desenho.  Eu piscava, lutando contra o sono.
— Mamãe, eu tenho um papai, não tenho ? — a voz de Hugo penetrou em meus ouvidos, serena e doce, seu tom de curiosidade.
Meu sono evaporou. Eu sempre ficava nervosa diante daquela pergunta. Quando Hugo perguntou sobre seu pai pela primeira vez eu simplesmente travei, comecei a chorar feito louca e Harry quem me socorreu. Hugo não teve resposta alguma daquela vez e nem das outras vezes. Por ser muito pequeno eu sempre desconversava, destraindo-o, porque sabia que dali a algumas horas ele nem se lembraria de ter feito tal pergunta. Mas agora as coisas eram diferentes, eu não podia mais adiar esse assunto, mesmo porque queria que Draco fizesse parte da vida dele - mesmo que não fizesse mais da minha. Como não respondi de imediato Hugo olhou para tras, talvez para conferir se eu estava acordada.
— Sim, você tem — respondi devagar, tentando controlar a voz, manter-me calma.
Ele franziu a testa e se virou, apoiou os cotovelos na perna e o rosto nas mãos, espremendo a boca.
— Porque eu não conheço meu papai ? — perguntou confuso, seu tom distorcido.
Franzi o cenho enquanto pensava em uma resposta que fosse verdadeira, mas que o polpasse da parte ruim.
— Tivemos alguns problemas, e precisamos nos afastar ...
— Mas cade ele ? — Hugo insistiu.
— Resolvendo esses problemas — falei, meu tom soando triste.
Pisquei lentamente, precisava me recompor, *sem choro, Hermione Granger*, repitia em minha cabeça. Eu andava muito chorona quando tratava-se de Draco.
Hugo começou a esfregar as mãos no rosto, a boquinha aberta como e os olhinhos distantes, como se estivesse pensando a respeito. Sem dizer mais nada, alguns minutos depois ele se virou e voltou para seus desenhos. Minha respiração parecia presa na garganta, estava totalmente desorientada em relação a isso, não fazia ideia de como contar a Hugo, ser sincera sem ser "realmente sincera" era horrivel. Uma hora depois os primeiros sinais de sono surgiram e agradeci a Deus por isso, eu estava verdadeiramente cansada. Hugo deitou no meu colo e acariciei seu cabelo até que ele adormecesse - o que não demorou muito. Levei ele para seu quarto e o deitei na cama, havia me inclinado para depositar um beijo em sua testa quando ele piscou, esfregou os olhos e os entreabriu, então com a voz sonolenta sussurrou:
— Mamãe, eu quero ver o papai.
Franzi meus labios, atordoada com sua desclaração. *Como explicar?* Por fim conclui que aquele não era o momento certo, tanto ele quanto eu estavamos a beira de desmaiar.
— Você vai ver, querido. Mas agora precisa dormir — sussurrei também.
— Promete ? — disse fechando os olhos, quase entregue ao sono.
Dei um leve beijo em sua testa e alisei seu cabelo uma vez, ele ja ressonava, o sono o venceu. Ajeitei o edredom, me assegurando que ele estivesse bem coberto e antes de sair o respondi, mesmo com o coração apertado por causa do que Ron havia dito e mesmo que naquele momento ele não pudesse ouvir.
— Prometo.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora