Casa dos Black.

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POV. DRACO

Não houve resposta. Intrigado corri para fora do escritorio, olhando para todos os lados.
— Mãe? — gritei chamando-a. 
Adentrei a sala de visitas, estava vazia, o unico som ali presente era o do fogo na lareira estalando. Preocupado, subi as escadas todo atrapalhado, chamando por minha mãe. Não havia sinal dela em nenhum cômodo da mansão - foi nessa hora que me dei conta de como aquela casa era irritantemente grande. Desci as escadas adentrando mais uma vez a sala de visistas, parei bruscamente, derrapando no batente da porta, consequentemente pisando em falso no tapete e caindo chão com um lado do rosto no piso frio.
— Tapete filho da puta! — xinguei ainda no chão.
Uma gargalhada ecoou por todo o ambiente, me sobressaltando, ergui a cabeça assustado para olhar a origem do som, encontrando Blás parado a poucos metros de mim, se dobrando sobre o proprio corpo de tanto rir. Deitei a cabeça denovo revirando os olhos, *que diabos ele faz aqui?* pensei. Me coloquei de pé rapidamente, passando a mão por minha roupa para me livrar dos fiapos do tapete.
— Que diabos faz aqui? — falei dando eco ao meu pensamento.
Blás arfava tentando parar de rir, uma lagrima escorria em seu rosto. Bufei com impaciência. 
— Ai cara ...  — dizia em meio ao riso —  desculpa aí mas ... foi hilario! — bateu palmas.
Eu não estava de bom humor e nem com tempo, precisava achar minha mãe, tava preocupado que alguém tivesse invadido a ... Então um pensamento me ocorreu. Fitei Blás de cenho franzido.
— Foi você que bateu na janela seu merda? — falei irritado.
Ele ainda ria. Grunhi com raiva.
— Da pra parar? — gritei.
Ele parou de rir, franziu a boca em uma linha fina tentando segurar o riso. Suspirei.
— E então? — indaguei.
— Foi, foi sim — disse rapido.
Tive vontade de estupora-lo bem no meio de sua cara estúpida, mas me contive.
— Porque não pode simplesmente bater na porta como uma pessoa normal e civilizada? — falei seco.
— Calma aí Draquinho, foi brincadeira — disse erguendo as mãos como quem se rende.
— Ainda não me respondeu como veio parar aqui — o lembrei.
— Cansei de Hogwarts cara — disse dando de ombros e se jogando no sofá ao seu lado — falei com meu pai que queria sair de la, ele surtou é claro, mas não pode fazer nada.
— Daí você resolveu vir pra cá me encher o saco — constatei.
— Exatamente — respondeu sorrindo sinicamente.
Arqueei uma sobrancelha e caminhei até ele, me largando no sofá ao seu lado. Cruzei os braços atras da cabeça, a tensão deixando meu corpo lentamente.
— E por falar em vir até sua casa e tal — começou Blásio como quem não quer nada — será que posso ficar aqui até os animos melhorarem la em casa? — perguntou devagar, me olhando de canto.
— Sem problemas, pode ficar o tempo que quiser — respondi automaticamente.
Eu devia essa a ele. Não só essa mas tantas outras em que ele livrou minha pele de Voldemort e meu pai. 
— Que bom que você disse sim cara, minhas malas estão la fora — disse em tom de quem se diverte.
Ri pelo nariz, balançando a cabeça.
— Podemos sair como antes, pegar umas garotas, enxer a cara até vomitar — falou, me dando um empurrão de brincadeira.
— Essa eu passo — recusei — não vou dormir aqui essa noite.
— E vai dormir onde ? — quis saber.
Respirei fundo, eu sabia o que viria a seguir assim que contasse.
— Prometi pra Hermione que iria pra casa dela — falei calmamente.
Ele levantou rapido, estupefado.
— Vai dormir na Granger? — quase gritou, surpreso — não sabia que era tão serio — comentou.
Abri um sorriso, automaticamente me sentindo melhor por saber que logo a veria.
— E pelo visto, você ta todo caidinho — falou divertindo-se, voltando a sentar do meu lado.
Dei uma risada curta, mal sabia ele o quanto! 
— Acho que "caidinho" não é bem a palavra — pensei alto.
Blás riu pelo nariz.

Era começo de noite, o vento la fora ricocheteava nas arvores furioso fazendo barulho, estava relampiando. Ótimo, ia chover. Nada melhor do que uma tempestade para dormir agarrado a Hermione. Estava na sala, sentado ao chão, Blás de frente para mim, um tabuleiro de xadrez de bruxo entre nós. Minha mãe estava em seu quarto, isolando-se de contato humano como fazia na maioria das vezes. Blás observava o tabuleiro com a testa franzida, pensativo, era a vez dele e visto que eu estava ganhando ele parecia apreensivo. Soltei o ar entediado, estavamos nisso a mais de uma hora, cada jogada de Blásio demorava de cinco a dez minutos, patético. Me levantei e me espriguicei, sentindo uma fisgada nas costas por ter ficado na mesma posição muito tempo.
— Onde você pensa que vai? Pode sentar aí e me assistir ganhando de você — disse Blás calmamente sem me olhar.
— Você não vai ganhar e eu tenho coisa melhor pra fazer — respondi em tom de zombaria.
Ele bufou.
— Muito modésto você — ironizou.
— Obrigado — respondi no mesmo tom.
Subi as escadas e bati na porta do quarto de hospedes. Minha mãe se recusava a dormir em seu quarto. Ela abriu a porta devagar, revelando um semblante exausto. Tinha dias que ela me deixava verdadeiramente preocupado.
— Eu... só vim avisar que vou passar a noite fora.
Ela assentiu e sem dizer uma palavra fechou a porta com força, ainda irritada por eu não fazer o que ela quer. Dane-se. 
Fui para meu quarto, coloquei meu sobre tudo preto e respirei fundo antes de aparatar, odiava aquela sensação de estar sendo sugado para dentro de mim mesmo. Segundos depois me vi parado no quarto dela. Estava com as lizes apagadas e vazio, automaticamente me senti agitado. Onde ela estava? Olhei ao redor sem saber muito o que fazer, eu não podia sair pela casa a sua procura o jeito era esperar. Andei por seu quarto, observando os detalhes, e parei em frente a sua escrivaninha onde tinha dois porta retratos que me chamara a atenção. Peguei o primeiro em minhas mãos, era uma foto animada em que uma Hermione mais nova agarrava a Weasley femêa pelo pescoço a abraçando, as duas sorriam uma para outra. Coloquei de volta no lugar pegando o outro, também era uma foto animada, dela com os dois idiotas, o Santo Potter e o Pobretão em seu primeiro ano, rindo um para o outro. Ri pelo nariz e coloquei de volta no lugar. Escutei passos no corredor, olhei brevemente para a porta.
— Eu ando tão cansada — escutei a voz de Hermione vinda do lado de fora.
A porta se abriu e ela entrou, seguida por ... Potter? Os dois pararam ao me ver ali ao mesmo tempo em que me virava de frente a eles cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha. Senti meu corpo furmigar de irritação, o que esse palhaço de testa rachada estava fazendo aqui?! Hermione se recuperou em poucos segundos e fechou a porta atrás de si, sem tirar os olhos de mim.
— Chegou cedo — murmurou ela.
Dei um sorriso amarelo.
— Me desculpa, não achei que fosse estar ocupada — torci a palavra, meio enciumado.
Vi Potter revirar os olhos, o que me deixou a ponto de bala. Dava para sentir a tensão no ar, era quase palpavél. Ninguém sabia bem o que falar, eu queria que Potter desse o fora.
— Não estou ocupada — disse ela franzindo o cenho e então voltou-se para o Potter — espere aqui, eu vou achar em um segundo — dizendo isso foi até seu closet, abrindo-o e vasculhando, a procura de alguma coisa que eu não sabia o que era.
— Malfoy — disse Potter assentindo como cumprimento.
Assenti também, mas não o respondi.
— Aqui — disse ela pegando um pergaminho enrolado e o abanando no ar — Me desculpe Harry, não fazia ideia de que ainda estava comigo — disse indo em direção a ele e lhe estendendo o pergaminho.
Trocaram sorrisos, o dela de desculpas e o dele aliviado.
— Relaxa Mione, não precisei dele. Só queria guardar mesmo... É uma lembrança importante — disse ele.
*Mione, hunf, parece uma garotinha falando assim Potter* debochei em pensamento.
— Sei o quanto é importante. Ainda bem que lembrei onde estava, meu armario esta uma bagunça — comentou apontando para tras em direção ao closet.
Impaciente com a conversinha dos dois pigarreei. Eles me olharam, Hermione um pouco irritada e Potter com certeza, divertindo-se por me ver desconfortavel.
— Acho que é minha deixa Mione, vou embora — disse Potter.
— Você não precisa ir — disse ela ao mesmo tempo em que eu murmurava "até que enfim se tocou" recebendo de Hermione um olhar zangado. Dei de ombros pra ela.
— Eu preciso ir sim, não quero perder o jantar, sabe como é, Ron acaba com tudo — disse em tom de quem se diverte.
Hermione riu um pouco e assentiu indo até seu amigo e o abraçando rapidamente em despedida. Fechei a boca em uma linha firme enquanto fechava a mão em punho. Maldito ciumes. Potter finalmente saiu do quarto e fechou a porta, ficamos em silêncio até o som de seus passos se afastando sumirem. 
— Não precisava ser rude — Hermione me repreendeu, quebrando o silêncio.
Ergui as sobrancelhas.
— Não precisava trazer ele para o seu quarto — retruquei.
Ela riu sem nenhum humor.
— Não seja ridiculo Draco  — disse irritada andando ate mim — Harry é meu melhor amigo.
—Ja percebi — resmunguei.
— Argh! Você me tira do serio quando age assim! — fungou para fora.
— Quer que eu vou embora? — perguntei nervoso, apontando para a janela.
Ela grunhiu mais uma vez e dizendo coisas initeligiveis passou por mim e entrou no banheiro batendo a porta. Revirei os olhos e me joguei em sua cama, segundos depois ela saiu do banheiro. Parou perto de minhas pernas que estavam jogadas para fora da cana e colocando as mãos nos quadris dirigiu a mim seu sorriso mais ironico.
— Achei que fosse embora — disse debochada.
— Eu não vou embora — respondi no mesmo tom — a não ser que você queira que eu vá.
Dizendo envolvi suas pernas entre as minhas, ela se desequilibrou e aproveitei para puxa-la, ela caiu atrapalhada por cima de mim, as mãos pousadas em meu torax e seus olhos nos meus. Castanho no Cinza. Parecia a combinação perfeita. Sorri de lado para ela, relutante, ela abriu um meio sorriso.
— Você é insuportavél Draco Malfoy — disse ela tombando a cabeça pro lado, como que para olhar melhor.
— É a convivência com você baixinha — falei divertindo-me.
Estavamos em baixo das cobertas. Lá fora o mundo parecia que estava caindo de tão forte que chovia. A força tinha acabado e a unica fonte de luz vinha dos raios e relâmpagos que invadiam o quarto através da janela. Hermione estava encolhida na cama, deitada em meu peito, com as pernas no meio das minhas, eu a envolvia com os dois braços, minha cabeça apoiada na sua. Senti seus dedos tocarem meio tremulos a marca negra em meu ante braço direito que estava por cima dela. Não pude deixar de me encolher um pouco, minha pele se arrepiava enquanto ela contornava a marca. Tomei folego, tentando controlar o impulso de puxar o braço. Sua voz cortou o silêncio em um sussurro.
— Doeu? — perguntou.
Soltei o ar e fechei os olhos, nunca me esqueceria da sensação de estar sendo queimado vivo.
— Você nem faz ideia — respondi baixo, abrindo os olhos.
— Sinto muito — sussurrou depois de um tempo.
A apertei em meus braços, escorregando o corpo para ficar no mesmo nivel que ela, enterrei o rosto em seu pescoço respirando seu cheiro, tentando esconder o quanto aquela marca me fazia mal. 
 

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora