Quebrando Regras

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POV. HERMIONE

No dia seguinte minha dor de cabeça parecia ter piorado e minhas paranoias espreitavam em minha cabeça, preparando-se para me atacar. Não conseguia esquecer o que Ron dissera, mesmo que eu não confiasse mais nele, ele conseguiu plantar a sementinha da duvida em mim.

Cheguei no Ministerio atrasada - por conta de problemas na hora de arrumar Hugo, que não queria acordar. Me encaminhei direto para minha sala, dando "bom dia" a torto e a direita sem olhar realmente para quem quer que fosse. Mal entrara em minha sala - foi o tempo de tirar meu casaco e pendura-lo no cabideiro - quando três batidas soaram na porta. *Merlim, por favor, que não seja o Ronald !* pedi internamente enquanto dava poucos passos de volta a porta, girei a maçaneta e abri, apenas para encontrar Alfred Gurkan - o estagiario. Não pude evitar a careta, não era Ron mas dava quase na mesma.
— Bom dia, eu acho — ele disse com sarcasmo.
— Bom dia.
Franzi a testa e lhe dei as costas indo sentar-me em minha cadeira, escutei a porta fechar e seus passos adentrando a sala. Me sentei e ele fez o mesmo, sentando-se na minha frente, a mesa entre nós.
— Parece que alguém esta de mau-humor — comentou, um sorrisinho sinico brincando nos labios.
— Parece que alguém quer ser estuporado — comentei no mesmo tom que o dele.
Ele riu e ergueu as mãos como quem se rende.
— Você venceu.
Suspirei.
— O que quer ? — perguntei.
— Johnson me mandou pra cá — respondeu com um dar de ombros.
Johnson era o chefe do meu Departamento, um homem gorducho e calvo, que conseguia ser bem detestavel as vezes. De vez em quando ele mandava Alfred para a sala de alguém, para observar e talvez aprender algo útil.
— Fique em silêncio. Estou com dor de cabeça — falei irritada por ter sido nomeada a "baba" do dia; não que Alfred fosse muito mais novo do que eu.
Ele soltou um suspiro pesado mas assentiu, recostando-se a cadeira e afundando no banco.

Passamos a manhã toda em completo silêncio, por incrivel que pareça não fora um daqueles silêncios incomodos e constrangedores, estavamos confortaveis daquele modo. Na hora do almoço meu melhor amigo apareceu para me salvar da pertubação em minha cabeça, saímos para almoçar em um restaurante Trouxa, a poucas quadras do Ministério. Nos sentamos na mesa mais afastada e fizemos nossos pedidos. Enquanto esperavamos nossa comida decidi contar a Harry sobre a noite passada, ele me escutou com atenção e pareceu um pouco surpreso enquanto eu descrevia as reações que o Ron teve.
— Ele ainda não superou, é só isso — Harry tentou justificar o comportamento do amigo.
— Não é só isso. Harry, Ron não é mais o mesmo. Sem contar que pelo o que sei ele esta namorando, então porque essa raiva toda, essa insistência desgastante ? — repliquei.
— Porque ele a ama, simples — Harry disse como se fosse obvio, então prosseguiu mais devagar — Mione, da um tempo pra ele. Agora que Malfoy voltou para sua vida é normal que ele tenha essa reação, que fique balançado com isso.
Suspirei derrotada. Sabia que Harry estava dizendo aquelas coisas para convencer a si mesmo e não a mim. Assim como eu no começo de tudo, Harry se negava a acreditar que Ron pudesse agir com má intenção. A menção de Draco me fez desanimar, eu queria tanto ve-lo, falar com ele ... Quase pulei da cadeira quando a ideia me atingiu como um raio, queimando cada canto de meu cerebro. Harry não percebeu minha agitação, estava ocupado demais admirando o Raviolli que o garçom colocava em nossa mesa. Esperei até que o garçom saísse para falar. Harry estava pronto para devorar sua parte, espetou um pedaço de carne com o garfo e o levou a boca.
— Harry ... ? — comecei lentamente, ele me olhou, esperando.
— Você tem acesso a Azkaban não tem ? — perguntei como quem não quer nada.
Seus olhos se estreitaram de desconfiança enquanto ele mastigava. Tomei folego e falei com a voz mais doce e calma que consegui:
— Será que pode entregar uma carta a Draco ?
Harry engasgou. Rolei os olhos para cima enquanto ele tossia, suas reações exageradas me irritavam, e eu sabia que isso era devido a convivência com Gina. Esperei - impacientemente. Ele parou com a tosse, pousou o garfo no prato, limpou a boca e bebeu um grande gole d'agua.
— Ja acabou ? — perguntei acre.
Ele se inclinou na mesa, um olhar de reprovação em suas feições.
— Hermione, sabe que detesto Dementadores.
— Eu sei — respondi encolhendo os ombros um pouco.
— Sabe também que é proibido qualquer tipo de comunicação com os detentos, não sabe ? — falou em desagrado, olhando para os lados para conferir se alguem ouvia.
— Eu sei, mas ...
— Se eu fizer isso por você e me pegarem posso perder meu emprego.
— Eu sei de tudo isso e peço desculpas se estou sendo egoísta por pedir isso a você. Mas ... — as palavras se perderam em mim.
Eu simplesmente precisava sentir que de algum modo Draco continuava por perto, que estava bem. Harry suspirou e endireitou o corpo.
— Posso tentar. Mas não prometo nada — resmungar.
Mordi meu labio sorrindo.
— Obrigada.

Reverse - DramioneOnde histórias criam vida. Descubra agora